Sara Furlan Bellini, 30 anos, é cadeirante e preside o Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência em Cruzeiro do Oeste. Trabalha, há cerca de dois anos, na penitenciária do município, e faz questão de morar sozinha. Para que mais pessoas alcancem essa autonomia, ela participou nesta quinta-feira (21) do 2.º Encontro da Transversalidade na Política de Garantia dos Direitos da Pessoa com Deficiência, promovido pela Secretaria da Família e Desenvolvimento Social.

O evento estadual marca o Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência (21 de setembro) e, em lembrança à data, a Secretaria da Família distribuiu dois volumes da Coleção Paraná Inclusivo. Até sexta-feira (22), no Palácio das Araucárias, representantes das secretarias estaduais de Saúde, Educação, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior; Justiça, Trabalho e Direitos Humanos; Esporte e Turismo, e da Cultura, vão planejar políticas públicas e ações para essa parcela da população. Também participam membros de entidades e conselhos de municípios de várias regiões do Estado.

Sara Furlan disse que tem a responsabilidade de levar as discussões e definições do encontro estadual para o município. Ela nasceu com lesão medular e nunca andou, porém, conquistou autonomia a ponto de morar sozinha. O apoio da minha família foi muito importante, disse.

Na cadeira de rodas, Sara pratica esportes e trabalha todos os dias na penitenciária, vai à igreja e se encontra com amigas. Segundo comentou, alguns avanços foram alcançados, como acessibilidade em ônibus e calçadas. Agora vamos construir área de lazer, porque as pessoas com deficiência não tem onde se divertir e ficam muito em casa. De Guaíra, vieram Sérgio Korb Bastos, presidente da Associação Guairense da Pessoa com Deficiência, e Alcione Cunha, presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência.

AVANÇOS – O Censo 2010 indicou que no Paraná havia 2,2 milhões de pessoas com 3 milhões de deficiências, indicando quantidade expressiva de indivíduos com mais de um tipo de deficiência. Segundo a coordenadora da Política da Pessoa com Deficiência, Flávia Cordeiro, o Governo do Estado tem avançado no caminho de garantir plenamente os direitos desse público.

Um exemplo disso é que o Paraná foi o primeiro Estado a aprovar, em 2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Naquele mesmo ano, o Governo autorizou a redução da jornada de trabalho de funcionários públicos, reforçando a preocupação com os servidores e suas famílias. Superar as dificuldades cotidianas pode ser um desafio, mas o auxílio do Estado amplia a participação e a inclusão desse público, afirma Flávia, que tem vida autônoma e produtiva com apenas 10% da visão.

Quem trabalha pelos direitos fundamentais das pessoas com deficiência conta, também, com novo instrumento para a sua efetivação, que é o Plano Estadual para Pessoas com Deficiência (2018-2021), aprovado este ano. Somente na Secretaria da Família foram investidos, desde 2011, cerca de R$ 54 milhões na assistência social e ações para a garantia de direitos.

COOPERAÇÃO – De acordo com o superintendente da política de garantia de direitos da Secretaria da Família, Leandro Meller, para avançar ainda mais na proteção e na promoção dos direitos da pessoa com deficiência é preciso vencer alguns desafios. A transversalidade em garantia de direitos significa que as políticas setoriais, como saúde, educação e assistência social, trabalham em conjunto para definir estratégias para atender melhor e com mais efetividade a pessoa com deficiência, avalia Meller.

O fortalecimento da intersetorialidade vai garantir atendimento integral. A ideia é que um profissional de saúde conheça mais sobre as políticas de educação, assistência, esporte e trabalho, por exemplo, e assim consiga fazer os encaminhamentos e direcionamentos necessários, complementa Flávia Cordeiro.

INFORMAÇÃO – A secretaria distribuiu os volumes I e II da Coleção Paraná Inclusivo. O primeiro traz informações sobre as mudanças na sociedade em relação às pessoas com deficiência e orientações sobre como tratar e se comunicar com indivíduos de acordo com sua limitação. O segundo volume trata sobre os direitos legais. Flavia explica que promoção social significa divulgar os direitos para que essas pessoas busquem o acesso e consigam o que é garantido por lei.

Quando se fala de direitos, se fala de legislação, que geralmente tem linguagem mais complicada. A ideia é simplificar a linguagem e transmitir essa informação de forma mais acessível. Os direitos promovem a inclusão para que essas pessoas façam parte da sociedade em igualdade de condições, explica a coordenadora.

MULTIPLICADORES – Para o chefe do escritório regional de Irati da Secretaria da Família, Rogério Almeida, o debate desses assuntos vai apoiar os técnicos e servidores no melhor atendimento de pessoas com deficiência. Esse é um tema que precisa ser muito trabalhado. Assim, o evento vai fazer com que a sociedade, as entidades e os municípios deem uma atenção maior a essa população.

Participaram da mesa de abertura do encontro a superintendente de Assistência Social da Secretaria da Família, Maria de Lourdes San Roman; o superintendente da Política de Garantia de Direitos, Leandro Nunes Meller; o superintendente de Atenção à Saúde, Juliano Gevard; a chefe do departamento de Atenção às Condições Crônicas, Marcia Steil; e a representante da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Denise Xavier Messias.