BRUMADINHO, MG, SÃO PAULO, SP, E TEL AVIV, ISRAEL (FOLHAPRESS) – Os equipamentos levados de Israel para Brumadinho (MG) não são efetivos para esse tipo de desastre, disse o comandante das operações de resgate, o tenente-coronel Eduardo Ângelo.


“O ministro de Israel se pronunciou a respeito das dificuldades que eles tiveram. O imagiador que eles têm pegam [identificam] corpos quentes, e todos os corpos [na região] são frios. Então esse já é um equipamento ineficiente”.


Indagado sobre que outros equipamentos israelenses podem ser usados nas buscas, o comandante afirmou: “Dos equipamentos que eles trouxeram, nenhum se aplica a esse tipo de desastre”.


O militar reconheceu que o detector de imagens poderia ser eficaz para localização de sobreviventes, já que capta o calor humano. No entanto, nenhum sobrevivente foi localizado pelas buscas nas últimas 48 horas. “O que faz a imagem é a temperatura. Quando a temperatura está homogênea é como se não houvesse nada no solo”.


O comandante, porém, disse que o apoio dos israelenses é importante e funciona “como mão de obra”.


Yossi Shelley, embaixador de Israel no Brasil, rebateu as afirmações de Ângelo. Disse que a missão do país já encontrou cinco corpos em poucas horas de atuação e que há pessoas com ciúmes.


“Israel tem todo o equipamento necessário para salvar vidas, inclusive para mergulhar na lama. Essa notícia que saiu é fake news.”


A equipe da Força de Defesa de Israel (FDI) trouxe ao país um sistema de localização de sinal de celular e estratégias de resgate com cordas e construção de bases para operações na água, além de drones.


“Vamos deixar de lado as pessoas que querem brigar. Nós faremos o trabalho que é preciso fazer e os resultados virão ao longo dos próximos dias. Nossas ações mostram a grande cooperação e o grande coração de Israel. Não precisamos escutar as pessoas que estão com ciúmes. Fazemos tudo com o coração”, disse Shelley.


“Em outros países recebemos só elogios, como no México, nas Filipinas. Quem estiver frustrado com a melhora no relacionamento entre Israel e Brasil que se acostume e ‘engula o chapéu’.”


O comandante das operações voltou a dizer que são pequenas as chances de achar sobreviventes. “O que a literatura [científica] fala é que após 48 horas a chance é quase nula. Há registro de pessoas que foram encontradas vivas dias depois, mas é um ponto fora da curva.’


A delegação israelense que chegou no domingo (27) a Minas Gerais tem cerca de 130 soldados e oficiais reservistas, entre eles especialistas em engenharia, médicos e pessoal de resgate, além de soldados da Unidade Canina Oketz (picada, em hebraico), bombeiros da Brigada de Incêndio Lehava (chama) e membros da unidade submarina da Marinha. Ela é chefiada pelo comandante da Unidade Nacional de Resgate, o coronel (Res.) Golan Vach.


A brigada é conhecida pela mobilização rápida, pesquisa de engenharia de edifícios, pelas provisões de assistência médica e o uso de equipamentos tecnológicos.