Outro dia ganhei o livro “Escolhido pelas Estrelas”, antologia poética do escritor polonês Zbigniew Herbert. Não conhecia o autor e pensei em pesquisar um pouco sobre ele. Mas, antes de digitar seu nome no Google, fui paralisado pelo título da obra. Em segundos, percebi que há milênios a humanidade faz escolhas a partir das estrelas e decidi escrever um pouco sobre isso.
A Astronomia é uma das mais antigas ciências. Há registros pré-históricos que comprovam que a humanidade sempre caminhou olhando para os céus, buscando respostas para o seu passado e orientações para o seu futuro.
No ano 4.000 a.C., os egípcios desenvolveram um calendário baseado no movimento dos objetos celestes. A Bíblia relata que foi uma estrela quem guiou os Reis Magos até o local onde Jesus havia nascido. Nos anos 500, o matemático e astrônomo Ariabata apresentou um sistema matemático que considerava que a Terra rodava em torno do seu eixo e que os planetas se deslocavam em relação ao Sol.
Durante a Idade Média, a astronomia avançou muito no mundo árabe. Os estudos do astrónomo árabe Abu’l-Abbas al-Farghani sobre o movimento dos corpos celestes foram traduzidos para o latim três séculos depois de serem escritos e foram usados por Dante para aprender astronomia.
No final do século X, o astrônomo al-Khujandi construiu um observatório enorme perto de Teerã, onde observou uma série de trânsitos meridianos do Sol, o que lhe permitiu calcular a inclinação do eixo da Terra em relação ao Sol.
Mas foi a invenção do telescópio que abriu as portas para a astronomia moderna. Em 1608, o holandês Hans Lippershev, fabricante de lentes, construiu o primeiro instrumento de observação a distância para fins de guerra. No ano seguinte, ao ficar sabendo da invenção, o astrônomo italiano Galileu Galilei criou várias versões do aparelho e foi o primeiro homem a usar a luneta para observações astronômicas.
Parei e me perguntei: por que as estrelas e os corpos celestes fascinam tanto assim a humanidade? Uma das respostas para essa pergunta é o fato da astronomia ser uma das poucas ciências onde os amadores podem desempenhar um papel ativo, especialmente na descoberta e observação de fenômenos transitórios. Além disso, o estudo das estrelas é fundamental para a compreensão do Universo. A partir da radiação emitida pelos astros, conseguimos determinas a massa, temperatura, composição, idade e várias outras características físicas das estrelas, apenas com a luz que chega até nós.
Talvez, por isso, usamos estrelas para indicar a qualidade de serviços na hotelaria e gastronomia. Restaurantes e hotéis que ganham cinco estrelas de diferentes órgãos e institutos avaliadores servem de referência para escolhermos onde comer e onde se hospedar.
Mas, por que a escolha pelas estrelas ainda não é uma realidade no ensino superior brasileiro? Desde 2007, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC), produz e divulga o Índice Geral de Cursos (IGC), que é um indicador de qualidade que avalia as instituições de ensino superior de todo o Brasil. Mas, quem escolhe a sua faculdade, centro universitário ou universidade pelas estrelas do IGC? Creio que ninguém considera esse índice porque poucos sabem o que as estrelas do IGC representam em termos de qualidade de ensino.
Se escolher pelas estrelas faz parte da história da humanidade, por que continuamos desconsiderando as estrelas que indicam a qualidade do ensino superior no país?

Tiago Stachon é publicitário, diretor de Marketing da EAD Unicesumar