De acordo com informações do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), em 2018, três tipos de câncer – o de mama, intestino e colo de útero, serão responsáveis por mais de 90 mil novos casos da doença entre as mulheres.

No caso do câncer de mama, o que mais atinge a população feminina, são estimados 59.700 novos casos no biênio 2018-2019, um aumento em relação aos anos de 2016-2017. Os outros dois tipos mais comuns da doença nas mulheres, câncer de intestino e colo de útero, mantém-se estáveis, com números semelhantes ao de outros anos, com estimativas de 18.980 e 16.370 novos casos, respectivamente. Embora o crescimento de casos não seja algo assustador, estamos falando de mais de 90 mil mulheres que terão o diagnóstico de câncer em apenas três casos: mama, intestino ou colo uterino em 2018. Isso já é considerado um número exorbitante e é fundamental reduzi-los, alerta Elge Werneck Júnior, oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia Curitiba (IHOC)/Grupo Oncoclínicas.

Como existem múltiplos fatores que levam ao desenvolvimento do câncer, não é possível definir a causa exata para a doença não ter uma diminuição de casos. Contudo, os hábitos da vida contemporânea ajudam a contribuir para o surgimento de variados tipos de câncer. Não há dúvidas de que os hábitos de vida atuais, em que prevalece o sedentarismo, dietas ricas em gorduras e pobres em alimentos naturais e fibras, tabagismo, entre outros, refletem os números encontrados, afirma Elge Werneck Júnior. O envelhecimento da população também pode contribuir para esses números, já que a medida em que se envelhece, o risco de alguma célula sofrer transformação e dar origem ao câncer aumenta, acrescenta.

Segundo o oncologista, outro fator que pode contribuir para o aumento dos números nos casos de câncer é o acesso da população a exames diagnósticos. Isso faz com que sejam descobertos mais casos de câncer, trazendo números sobre a prevalência da doença um pouco mais reais do que os antigos, conta.

O diagnóstico precoce é um grande aliado para evitar a mortalidade. Nos três tipos de câncer mais comum nas mulheres, a taxa cura é bem alta quando é realizado um tratamento precoce. Nos cânceres de mama e colo de útero, as taxas de cura podem superar 90%. Já no câncer do intestino, a cura chega a 80%. Se o tratamento começa ser feito em um estágio mais avançado, as chances de curar a doença são bem remotas, revela Elge Werneck Júnior.

O tratamento para o câncer é individualizado e de acordo com as condições clínicas da paciente. Mas, com o avanço da medicina, as cirurgias são cada vez menos agressivas, as radioterapias mais direcionadas e com menor toxicidade e as quimioterapias mais eficazes e guiadas por características específicas da paciente e da doença. Além disso, terapias como a imunoterapia e medicamentos mais modernos também já estão começando a oferecer novas opções terapêuticas aos pacientes, declara.

Prevenção do câncer

Embora o tratamento precoce aumente as chances de cura, a prevenção ainda é o melhor remédio para o câncer, principalmente, em pessoas que não têm histórico familiar da doença. No caso das mulheres, a vacina contra o HPV na adolescência é uma das medidas mais importantes para tentar evitar o câncer de colo de útero. Essa vacina é uma das ferramentas de prevenção mais importantes que surgiu nos últimos anos. Com o passar do tempo, ela irá contribuir para a redução das taxas de mulheres infectadas pelo HPV e, consequentemente, diminuir os números de câncer de colo uterino, assegura o oncologista.

Evitar os fatores de risco com adoção de hábitos saudáveis é outra atitude que ajuda a prevenir o câncer. Na alimentação, deve-se priorizar produtos naturais e pobres em gorduras animais e saturadas e evitar excesso de açúcares e sal, assim como de alimentos condimentados, defumados e processados. Também é fundamental a prática de exercícios físicos, não fumar, consumir álcool com muita moderação e evitar exposição solar em excesso, explica Elge Werneck Júnior.