Problemas cardíacos, infecções respiratórias, doenças circulatórias, e cânceres são alguns dos males causados pelo fumo. O tabaco também provoca distúrbios em vários órgãos, como o ouvido.

Organização Mundial da Saúde (OMS) realizou um estudo em mais de 192 países, revelando que mais de 600 mil pessoas morrem por ano em todo o mundo por serem fumantes passivos. Do total 165 mil são crianças.

O fumo prejudica quem fuma e quem convive com o fumante. Antes de chegar ao extremo de causar a morte, o tabaco provoca várias consequências e complicações, ressalta a otorrinolaringologista e otoneurologista Rita de Cássia Cassou Guimarães, responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.

 Com o tabagismo o organismo fica alterado. Há déficit de oxigenação no sangue, alterações na viscosidade sanguínea, obstruções vasculares e outras consequências que afetam de maneira tóxica os órgãos e nervos relacionados à audição e ao equilíbrio, explica a médica, que possui o título de mestre em clínica cirúrgica pela UFPR.

Os sinais dos prejuízos aos ouvidos aparecem devagar e os primeiros sons a desaparecem são os agudos. Segundo Rita, os ruídos agudos são considerados de alta frequência e normalmente a perda auditiva começa por este nível de som.

O zumbido, dificuldades para compreender as palavras e ouvir os sons e a sensação de ouvido tampado são sintomas que indicam a necessidade de buscar ajuda especializada. Ao primeiro sinal o fumante ativo ou passivo deve recorrer a um otorrinolaringologista, para que sua audição e seus ouvidos sejam avaliados, recomenda.

De acordo com uma pesquisa publicada na edição online do Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine, resultado da associação de mais de 60 estudos feitos anteriormente, as crianças que tem pais fumantes possuem mais chances de ter problemas auditivos.

As crianças têm mais chances de sofrer com infecções de ouvido, já que seu órgão é mais sensível e elas estão expostas a mais riscos. A presença de um familiar fumante, especialmente a mãe, contribui ainda mais para a infecção dos ouvidos, observa Rita.

Rita, que é coordenadora do Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GAPZ), aponta que os adolescentes considerados fumantes passivos também tem mais chances de sofrer com a perda auditiva.

Um estudo realizado por cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York (EUA), revela que a fumaça do cigarro dobra as chances de surgir a perda auditiva. Neste caso os jovens têm mais probabilidade de apresentar a chamada perda auditiva neurossensorial, mais comum em pessoas com idade avançada, evidencia.

O estudo analisou mais de 1500 adolescentes com idade entre 12 e 19 anos. Os jovens fizeram exames e tiveram sua capacidade auditiva avaliada. O principal problema apontado pelos resultados são os relacionados à compreensão da fala e os que estavam mais expostos a fumaça da nicotina apresentavam maior nível de perda unilateral da audição.

Estes dados demonstram que o fumo é uma questão de saúde pública e é necessário proteger quem não fuma, pois as consequências são graves, acrescenta a especialista.