SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O TPI (Tribunal Penal Internacional) absolveu nesta terça-feira (15) o ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo, 73, de todas as acusações que sofria de crimes contra a humanidade e ordenou sua soltura imediata. Cabe apelação da decisão.


Gbagbo é o primeiro ex-chefe de Estado a ser julgado pelo TPI. Ele estava detido em Haia, na Holanda, sede do tribunal, desde novembro de 2011, após ser capturado pela ONU e por forças apoiadas pela França em um bunker no palácio presidencial.


As acusações contra o marfinense envolviam uma incitação a uma onda de violência em seu país, ocorrida entre dezembro de 2010 e abril de 2011, que deixou 3 mil mortos e ao menos 1 milhão de refugiados, metade deles deslocados internos, segundo dados do Acnur (agência da ONU para refugiados).


Segundo os procuradores, o surto de violência, com participação de forças leais a Gbagbo, foi motivado pelo fato do ex-líder se negar a aceitar a derrota para seu oponente nas eleições presidenciais daquele ano, Alassane Ouattara, e se declarar vencedor do pleito. O ex-presidente da Costa do Marfim alega inocência.


O juiz presidente da corte, Cuno Tarfusser, acatou a defesa do ex-chefe de Estado e afirmou que os procuradores não conseguiram provar que “discursos públicos feitos por Gbagbo constituíram ordem ou indução dos crimes alegados”.


Charles Blé Goudé, 46, aliado de Gbagbo e ex-líder estudantil, também deve ser solto. O julgamento de ambos teve início em 2016.