Ricardo Marajó/FAS

A visita inesperada de um ex-frequentador de unidades de acolhimento da Fundação de Ação Social (FAS) encheu de orgulho a equipe do mutirão para cadastramento de pessoas em situação de rua, esta semana, na Praça Rui Barbosa. Wagner Vieira Marcelino passava pelo local, quando resolveu cumprimentar educadores e assistentes sociais e fazer uma selfie com os profissionais a quem era mais chegado.

“Estava passando por aqui e vi a kombi em que eu subi tantas vezes e o pessoal da FAS. Então resolvi chegar perto e encontrei pessoas que me ajudaram muito”, explicou Marcelino, capixaba de 35 anos que começou a dar a volta por cima no final de 2018. Foi quando ele saiu de sua última internação como dependente químico, determinado a pôr um ponto final em seus quatro anos e meio de trajetória pelas ruas de Curitiba.

O empenho deu resultado: conseguiu emprego temporário como garçom no litoral catarinense e, com o dinheiro que conseguiu economizar, voltou a Curitiba. Na Vila Lindóia, alugou um imóvel compartilhado. “A pressa, agora, é conseguir outro emprego porque o dinheiro está acabando. Todo dia eu saio para cuidar disso”, contou ele, que procura nova oportunidade como garçom ou atendente de telemarketing, atividade em que também já trabalhou.

“Antes de sair de Vitória, fiz cursos de garçom e almoxarife no Senai”, contou.

Vínculos que resgatam

Com mais de 30 anos na profissão, a assistente social Elaine Schmockel foi a que mais se emocionou entre os profissionais que conheceram o antigo Wagner Marcelino. “Nem parece o rapaz que eu via frequentemente até a Ação Inverno do ano passado. Tem um brilho diferente nos olhos dele”, exclamou, olhando para o homem alegre e bem vestido à sua frente.

Para ela, o tempo investido nas conversas – muitas vezes penosas – criou o vínculo e a relação de confiança entre eles. Em um aniversário dele, lembra a assistente social, o rapaz se referiu à data chorando e manifestando vontade de mudar de vida. “Para mim, essas conversas levaram o Wagner a refletir sobre a vida e, em parte, explicam essa mudança tão positiva”, concluiu.