KLEBER NUNES RECIFE, PE (FOLHAPRESS) – Três ex-policiais militares e um motorista foram condenados nesta quinta-feira (17) por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem chance de defesa à vítima, do radialista e vereador de Carpina (PE) José Cândido de Amorim Filho. Levados a júri popular, os PMs Edilson Soares Rodrigues, Tairone César da Silva Pereira e André Luiz de Carvalho, além de Jorge José da Silva, pegaram penas que variam de 14 a 21 anos.

Conhecido como Jota Cândido, o radialista foi assassinado com 20 tiros no momento em que chegava ao trabalho, em uma rádio da cidade que fica na zona da mata sul de Pernambuco. O crime aconteceu no dia 1º de julho de 2005. Desde então, cinco júris foram adiados.

Por ter atuado como organizador da ação criminosa, segundo a Justiça, André Luiz de Carvalho foi condenado a 21 anos de prisão. Os outros PMs receberam sentença de 19 anos. Os três cumprirão pena no Centro de Reeducação (Creed), em Abreu e Lima, região metropolitana do Recife. Já Jorge José da Silva saiu do Fórum Rodolpho Aureliano, na capital pernambucana, onde o julgamento se deu desde a tarde desta quarta (16), direto para o Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel). O motorista foi condenado a 14 anos de reclusão.

“A justiça, enfim, foi feita. Depois de dez anos pudemos ver os assassinos serem condenados e presos. Agora vamos começar uma nova luta: com a condenação deles, vamos atrás dos mandantes do crime que tirou a vida do meu pai”, disse a advogada Karolinna Amorim. Segundo o promotor Roberto Brayner, a prisão dos atiradores e do motorista deve levar a Justiça a identificar os mandantes. “É o que se espera a partir de agora, que as pessoas que mandaram matar o vereador sejam julgadas também”, disse Brayner, acrescentando que tudo indica que se tratou de um crime político.

De acordo com a Justiça, os réus receberam dinheiro para matar o radialista, que na época denunciava a prática de nepotismo na Prefeitura de Carpina. Durante o julgamento, eles negaram participação no homicídio e a existência de mandantes para o crime. Os advogados de defesa dos condenados recorreram das sentenças instantes depois do veredito.

Durante o júri, o promotor apresentou provas de que um dos depoimentos utilizados pela defesa fora falsificado. Por isso, o juiz Jorge Henriques determinou a abertura de um novo processo contra os ex-policiais e o motorista. “Ficou provado que a defesa usou um documento falso. Tratava-se de um depoimento de uma testemunha que foi alterado e teve as assinaturas do escrivão e do delegado falsificadas. O tempo todo eles usaram de manobras para obstruir o trabalho da Justiça”, afirmou o promotor.