RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Os familiares de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) e citado em relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), faltaram a depoimento agendado no Ministério Público do Rio de Janeiro nesta terça-feira (8).

Em petição, a defesa de Queiroz informou que ele estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para tratamento de um câncer intestinal. Suas duas filhas, Nathalia e Evelyn Queiroz, e sua mulher, Marcia Aguiar, segundo o ofício, não poderiam comparecer ao depoimento porque o acompanham no tratamento.

A informação foi antecipada pelo jornal O Globo, que também publicou uma foto do ex-assessor internado. A assessoria do Einstein informou durante a tarde que o ex-assessor teve alta nesta terça. Ele havia dado entrada no dia 30 de dezembro. Não foram divulgados detalhes do estado de saúde.

O advogado de Queiroz, Paulo Klein, disse à reportagem que o ex-assessor passou por cirurgia no dia 1°. A defesa pediu que os depoimentos sejam marcados para o fim do tratamento, sem previsão de data. Queiroz já faltou a dois encontros com o Ministério Público. A defesa afirma que as despesas médicas foram pagas pelo próprio Queiroz, com recursos próprios.

Em nota, a Promotoria confirmou o ofício e reforçou que a oitiva é uma oportunidade para que os envolvidos apresentem sua versão dos fatos, mas que o direito à defesa também poderá ser exercido em juízo, caso necessário. O texto também ressaltou que o Ministério Público tem informações que permitem o prosseguimento das investigações, com a realização de outras diligências como quebra de sigilo bancário e fiscal.

Flávio Bolsonaro, que está no fim de seu mandato de deputado estadual na Assembleia do Rio, foi convidado pelo órgão para depor na quinta-feira (10), mas ainda não está certo se irá comparecer. Como tem prerrogativa parlamentar, ele pode indicar nova data para o depoimento.

O relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) identificou que Fabrício Queiroz, policial militar e ex-assessor de Flávio, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

Segundo o documento do Coaf, que foi relevado em dezembro, as transações são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional” do ex-assessor.

Em 2016, Queiroz fez 176 saques em espécie. O policial chegou a realizar cinco saques no mesmo dia, somando mais de R$ 18 mil. No total, as retiradas chegaram a mais de R$ 300 mil. Oito funcionários ou ex-funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro realizaram repasses para Queiroz. Sua mulher e duas filhas são citadas no relatório.

O nome de uma delas, Nathalia, aparece no documento ao lado do valor de R$ 84 mil, mas não há detalhes sobre estes repasses. Nathalia trabalhou como assessora de Flávio e, posteriormente, no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara. Conforme revelou a Folha de S.Paulo, ela atuava como personal trainer no Rio no mesmo período.

Em entrevista ao SBT no fim do ano, Queiroz disse que parte da movimentação atípica veio da compra e venda de carros e negou ser laranja de Flávio Bolsonaro.

A família Bolsonaro tem evitado dar explicações sobre o assunto, afirmando que cabe ao ex-assessor esclarecer os fatos. Na semana passada, o presidente, também em entrevista ao SBT, afirmou que não quer voltar a encontrar o ex-assessor para não alimentar especulações. “Ele falou que vendia carros… eu sei que fazia rolos. Quem vai ter que responder é ele”, disse.