Arquivo Bem Paraná – Fernanda Richa: compra de imóveis em espécie

A ex-secretária de Estado da Família, Fernanda Richa, esposa do ex-governador Beto Richa (PSDB), foi denunciada à Justiça nesta terça-feira (12) pela Força Tarefa Lava Jato pelo crime de lavagem de dinheiro em um processo da Operação Integração que investiga esquema de cobrança propina em contratos de pedágio no Estado. O nome da ex-primeira dama foi incluído na mesma denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) no último dia 29, após análise de novas provas. Na denúncia também constam os nomes do ex-governador, de um dos filhos do casal, André Richa, e do contador da família, Dirceu Pupo, denunciados por lavagem de dinheiro na compra de um terreno em um condomínio de Curitiba, em 2012.

Na nova denúncia, os procuradores afirmam que parte do dinheiro arrecadado pelo grupo político do tucano de concessionárias do pedágio teria sido usado para a compra de imóveis em nove da empresa Ocaporã Administradora de Bens, de forma dissimulada. Segundo o MPF, Fernanda Richa tem “responsabilidade da venda dos lotes no empreendimento Alphaville, que foram entregues em pagamento pelo lote do Beau Rivage”. De acordo com a procuradoria, documentos encontrados na investigação comprovariam “transação imobiliária (em que ela própria afirma ter se envolvido), ocultação de dinheiro ilícito proveniente de crimes praticados por Beto Richa”.

Em depoimento em setembro do ano passado ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), relacionado a outra operação, a Rádio Patrulha, que investiga irregularidades no Programa Patrulha no Campo, ela cofirmou que o contador Dirceu Pupo era o responsável por transações envolvendo a compra e venda de bens imóveis realizadas em nome de empresas em nome dela e de filhos.

Na Operação Integração, em que a Lava Jato investiga fraude na concessão de pedágios, segundo o MPF, o esquema desviou R$ 8,4 bilhões por meio do aumento de tarifas de pedágio do Anel de Integração, e de obras rodoviárias não executadas. A propina paga em troca dos benefícios, conforme os procuradores, foi estimada em pelo menos R$ 35 milhões.

Por fora
A força-tarefa afirma que o gerente comercial de uma empresa que vendeu um terreno em Curitiba para a família Richa contou em depoimento que parte do pagamento foi em dinheiro vivo. O gerente disse que ficou acordado que o negócio seria fechado mediante pagamento de dois lotes e entrega de mais R$ 930 mil em espécie por André Richa. O empresário apresentou aos investigadores uma planilha criada na época da transação, que mostraria os valores envolvidos no negócio. De acordo com ele, um registro “Receita Out” indica pagamentos “feitos por fora”. Ao lado, há uma anotação: “R$ 930 mil Richa”.

Beto Richa chegou a ser preso no dia 25 de janeiro, na 58ª fase da Operação Lava Jato, mas foi solto por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Fernanda Richa também foi presa em setembro do ano passado, mas obteve habeas corpus do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. A reportagem do Bem Paraná entrou em contado com a defesa da ex-secretária, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.