Um dos processos mais polêmicos envolvendo o governador licenciado e candidato à reeleição, Roberto Requião (PMDB), se refere a um caso conhecido como uma das maiores fraudes eleitorais do País, responsável pela eleição do peemedebista para o primeiro mandato à frente do Palácio Iguaçu. Trata-se da invenção por parte da campanha de Requião na eleição de 1990, do falso pistoleiro Ferreirinha, usada para derrotar o então adversário e candidato ao governo José Carlos Martinez, morto em 2003 em um acidente aéreo. Requião chegou a ter seu mandato cassado pela Justiça Eleitoral do Paraná, mas recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral, e através de uma série de manobras conseguiu que o mérito da acusação não fosse julgada, e o caso, arquivado.

No final do segundo turno da eleição de 1990, poucos dias antes do encerramento da propaganda eleitoral, o programa de Requião na televisão e no rádio apresentou o motorista desempregado Afrânio Bandeira, com o codinome de Ferreirinha, afirmando ter cometidos crimes a mando da família de Martinez. O personagem afirmava ter sido contratado pela família de Martinez para expulsar posseiros de terras da família na região de Assis Chateaubriand, na região Oeste do Estado.

O estratagema ajudou Requião a atingir a imagem do adversário e conseguiu reverter a vantagem de Martinez – que na época estava no mesmo partido do ex-presidente Fernando Collor de Mello, o PRN – nas pesquisas. O fato novo acabou lhe valendo o primeiro mandato de quatro anos no Palácio Iguaçu.

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) reconheceu que o governador licenciado praticou crime eleitoral na época e cassou o mandato dele em primeira instância. A evidência mais grosseira da fraude foi a idade do suposto Ferreirinha que teria apenas cinco anos quando os supostos assassinatos que ele dizia ter cometido aconteceram. Requião recorreu da decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e conseguiu se segurar no cargo até o final do mandato.

Em setembro deste ano, a coligação que representa o candidato do oposição ao governo do Estado, senador Osmar Dias (PDT) denunciou que o PMDB utilizou “recursos não contabilizados” – o popular caixa dois – para pagar uma dívida pessoal de Requião. O partido teria quitado uma dívida de R$ 184 mil relativa uma ação movida pelo juiz Sérgio Arenhart, do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR). Na ação, o governador foi condenado por calúnia e difamação contra o juiz, que foi relator do caso Ferreirinha.

Teixeirinha — Entre 91 a 95, quando já era governador, foi acusado de várias irregularidades: foi apontado pelo ex-deputado Joni Varisco de ter mandado a Polícia Militar caçar e matar o Teixeirinha, agricultor assassinado logo depois de um conflito entre sem-terra e soldados da PM, em Rio Bonito do Iguaçu, perto de Cascavel.
Helicópteros — Em 1992, Requião foi acusado de ter adquirido dois helicópteros a preços superfaturados. Delegados da Polícia Civil montaram um dossiê provando o superfaturamento. O negócio teria dado um prejuízo de pelo menos R$ 1 milhão ao Estado.

Empreiteira — Ainda no primeiro mandato, o governador foi acusado de contratar a empreiteira CG, de propriedade de Chico Calle, para realizar obras da Sanepar. Em alguns casos a empreiteira recebeu sem ter feito a obra. Durante a execução ele determinou um reajuste de 341% sobre o valor licitado. A CG pagava o salário do motorista particular, Valdir Leal, o Tabaco, que foi a Justiça cobrar uma indenização trabalhista quando Requião era senador.

Outro caso envolveu Requião em denúncias na imprensa nacional quando ele já estava no Senado. De acordo com as notícias publicadas na época, a mulher Maristela Requião teria adquirido R$ 250 mil em dólares. O dinheiro teria sido depositado na conta da “laranja” Eliane Botelho Arevalo, no dia 19 de maio de 1998, numa agência da Caixa Econômica Federal, em Parnamirim, no Rio Grande do Norte. O peemedebista negou irregularidades e atribui o dinheiro a venda de um apartamento obtido pela mulher de herança.