Franklin de Freitas

Aos 50 anos de vida, completados no último mês de março, Fernando Francischini busca um novo desafio. Depois de atuar como policial militar, agente e delegado da Polícia Federal, atuar por dois mandatos como deputado federal, ser nomeado secretário de Segurança Pública do Paraná e eleito deputado estadual, cargo que ocupa atualmente, o político do PSL agora quer o Palácio 29 de Março. E para isso, mira no exemplo de Jaime Lerner, ao mesmo tempo em que já se mobiliza nos bastidores e conversa com o governador Ratinho Junior e o presidente da República Jair Bolsonaro, segundo ele para tentar mostrar que seu projeto é o melhor para Curitiba.

Em entrevista ao Bem Paraná, concedida na última quinta-feira, Francischini falou um pouco sobre tudo. Contou sobre sua trajetória antes e depois do ingresso na política, a relação com Jair Bolsonaro, os incêndios que teve de apagar na relação do presidente da República com o ex-juiz Sergio Moro e também não poupou críticas ao atual prefeito de Curitiba e provável adversário na eleição municipal, Rafael Greca.

“No começo da pandemia ele foi frouxo, ele não teve coragem. No começo da pandemia ele devia ter sido mais firme”, diz Francischini. “Ele se omitiu, errou demais, e esse aumento de mortes e contaminação é culpa dele, que não teve coragem no começo de agir com firmeza. E agora ele age sem dialogar com os setores da sociedade”, reclama.

Seu plano de governo, conta, já está sendo elaborado e será apresentado à sociedade nos próximos meses. Um plano que ele chama de ‘Curitiba 2050’.

“Não quero fazer como os últimos prefeitos, que fizeram planejamento para quatro anos. Eu tenho olhado muito para o que o Jaime Lerner fez quando foi a primeira vez prefeito. Como é que vai ser Curitiba daqui 30 anos?”, explica o parlamentar, que tem contado com o apoio de diversas pessoas, entre elas a própria esposa, Flávia, que está ajudando na elaboração de ações sociais para a cidade e pode sair candidata a vereadora pelo PSL. Seria o terceiro Francischini a entrar na política – Felipe, filho mais velho de Fernando e enteado de Flávia, já é deputado federal e presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) na Câmara dos Deputados.

Confira, abaixo, a entrevista na íntegra

Bem Paraná: O senhor nasceu em Londrina e cresceu em Cianorte, até os oito anos, quando se mudou para Curitiba, isso?

Fernando Francischini: Não, foi mais cedo até. Esses dias eu tava conversando com a minha mãe, acho que com três anos eu já estava por aqui [em Curitiba]. Só nasci em Londrina, morei por três anos em Cianorte e aí meus pais vieram para cá, para eu estudar aqui. A empresa do meu pai acabou crescendo, era uma construtora mudando para obras no estado todo, então ele veio para Curitiba e eu vim para cá, vim morar ali no Edifício Passeio, na frente do Passeio Público, que é um dos prédios mais antigos da cidade. Então o Passeio Público era o quintal da minha casa, eu brincava no Passeio Público igual as crianças brincavam no interior. Naquela época o Passeio Público ainda não tinha grade em tudo o que é lugar, era um campo aberto, era uma coisa muito família. Por um tempo, infelizmente, o Passeio Público foi dominado pelo tráfico, prostituição. Agora acho que está melhor, né?! Mas tiveram que botar grade nele.

BP: Qual o nome dos seus pais e com o que eles trabalhavam?

Francischini: Meu pai, o Sergio, era engenheiro e minha mãe, Tânia, trabalhava com ele na empresa. Ela era dona de casa, mas trabalhava com ele. E eles construíam muito obras públicas, particulares. Era uma empresa pequena de Cianorte que foi crescendo e acabou tendo de vir para Curitiba. Meu avô era da Companhia Melhoramentos Nortes do Paraná, que virou a cidade de Cianorte. Então minha família nasceu em Cianorte, mas logo com três anos eu fui ‘exportado’ para Curitiba.

BP: E ficou aqui em Curitiba até com que idade?

Francischini: Daí foi a vida inteira. Só saí daqui quando a Polícia Federal me levou para outros locais, por motivo de trabalho.

BP: Mas o senhor se formou em Direito em Brasília, não?

Francischini: É. Eu comecei aqui, na PUC, fiz academia do Guatupê também, fiz o vestibular pela Universidade Federal, e comecei Engenharia Civil também na UFPR. Não terminei, quero um dia voltar e terminar, fiz até o terceiro ano. Fiz para seguir o meu pai, mas acabei me apaixonando pelo Direito. Comecei na PUC e acabei na universidade do Distrito Federal, porque a Polícia Federal me levou para Brasília quando passei no concurso. Fui oficial da Polícia Militar, passei na PF e daí terminei Direito lá. Daí que fiz o concurso para delegado. Alguns anos depois acabei voltando para Curitiba e, depois de me tornar delegado, daí que veio Abadia, Beira-Mar… As histórias todas partiram de um grupo especial que eu comandava aqui de Curitiba. Era um grupo que chamava Coordenação de Operações Especiais de Fronteira e, como eu já tinha experiência do Exército, da Polícia Militar, na própria Polícia Federal como agente, quando eu virei delegado, ainda novo, eles me botaram uma responsabilidade grande na mão, que era coordenar operações. A Polícia Federal era muito nova, todo mundo novinho, o curso de agente e de delegado era muito rápido, três meses. Três meses e a gente ia para campo, as pessoas não tinham experiência. E como eu tinha, eles falaram ‘oh, a jaca é tua. Você vai cuidar dos três estados, que pega a fronteira do Paraguai, da Argentina e do Uruguai com o Brasil’, e a base ficava em Curitiba. Então o tráfego de inteligência, de informações de tráfico, era gigante na minha mão. Por isso foi possível identificar Abadia, Beira-Mar e outros que operavam no Sul do País, trazendo drogas via Paraguai.

BP: E como que surgiu a vontade, o desejo de virar policial? Foi quando serviu no Exército?

Francischini: Foi no Exército. No Exército eu vi que a Polícia tinha mais ação. Exército era mais preparação para uma guerra e que a gente não via, quem estava no Exército e gostava de operações, que ia acontecer. Ia ser mais planejamento do que realmente um entrar em ação. Daí acabei fazendo a Academia do Guatupê, fiz o concurso, e aí que eu saí da Engenharia e fui para a Polícia, realmente.

BP: E na Polícia Militar também chegou a comandar…

Francischini: Comandei a Rone aqui em Curitiba, um dos pelotões da Rone. Fiz o curso de operações especiais do Bope, acho que sou um dos poucos deputados que tem aquele curso. Fui subcomandante do COE, Comando de Operações Especiais, ainda bem novinho também, que é o grupo anti-sequestro da Polícia Militar, um grupo super especializado, um dos melhores do Brasil, e logo na sequência emendei mais dois concursos públicos, de agente e de delegado da Polícia Federal. Passei em primeiro no concurso de Oficial da Polícia Militar, de agente e de delegado da PF. Nos três. Então dá para pedir música no Fantástico (risos). Mas foi muito assim, eu, mesmo novo, sabia que era só com estudo que poderia galgar posições, com dedicação. Eu, graças a Deus, tive a oportunidade de estudar. Muita gente hoje, quando a gente olha na política, não é porque não conseguiu em concurso público, não conseguiu ter uma boa função na iniciativa privada, mas porque não teve oportunidade de estudar, infelizmente é uma realidade.

E daí como delegado que surgiu a vontade de ser deputado. Eu trabalhava com o juiz Sergio Moro, o Moro era o juiz das minhas operações na Polícia Federal, e a gente fez algumas operações que a gente não conseguia chegar no topo das organizações criminosas. A lei também era fraca, era frouxa, faltavam ferramentas que tinha nos Estados Unidos, na Europa, para prender os grandões. Aí veio a ideia: pô, porque então você não vai para Brasília, aproveitando que é super conhecido por causa das operações, e tenta mudar as leis lá? Daí, chegando lá, a principal bandeira minha, além de participar das CPIs todas, da Petrobras e etc, foi a Lei de Combate ao Crime Organizado. Eu fui um dos líderes da aprovação da lei e, por acaso, nessa lei, um dos artigos falava da delação premiada. Então para mim foi um ciclo que se fechou. E essa lei da delação premiada, do crime organizado, voltou pra mão do Moro, do Deltan Dallagnol e da Polícia Federal e virou a Lava Jato. Foi a principal ferramenta da Lava Jato. Sem os delatores, não ia acontecer nada.

BP: E ainda como delegado tiveram as operações que resultaram nas prisões de Fernandinho Beira-Mar, Juan Abadia, Law Kin Chong…

Francischini: Foi, mas tiveram outras operações interessantes. Tivemos um americano que fazia tráfico de crianças. Pegamos um bebê de seis meses de vida, cego, num cativeiro em Colombo. Eu tirei pessoalmente o bebê de dentro do cativeiro. Esse americano pegou 12 ou 16 anos de reclusão. Ele veio comprar a criança para levar para os Estados Unidos, mas não sabemos o que iria acontecer com a criança lá.

Na Polícia Militar, como tenente, foram várias operações de sequestro, que eu coordenei o resgate de reféns. Então teve uma história grande e essa repercussão na sociedade que fez a eleição de um deputado federal. Hoje, é muito mais um componente financeiro [que determina o rumo de uma eleição]. Naquela época, o componente de imagem acabou sendo mais forte do que o componente financeiro.

BP: E como ficou o seu  pai em ver o filho seguindo para a área policial, de segurança pública, e não para a engenharia?

Francischini: Meu pai nunca pensou num filho como policial, mas ele era muito orgulhoso, ia em todas as ações da polícia, guardava os recortes de jornal. Ele é falecido há 15 anos, mais ou menos, e tinha muito orgulho. E minha irmã, a Fabiana, que é três anos mais nova, acabou terminando engenharia civil e foi ajudar para dar sequência na empresa de engenharia do meu pai. Ela que acabou segurando o bastão da engenharia.

BP: Em 2003 vem sua primeira incursão na política, como subsecretário de Segurança Pública no Espírito Santo. Como foi?

Francischini: É, acho que foi. Em 2003 a gente foi chamado para ajudar no Espírito Santo, a própria Polícia Federal me indicou para o governador [Paulo Hartung] e o próprio secretário [de Segurança Pública, Rodney Miranda] era delegado da PF. E a gente foi fazer um trabalho grande de combate ao crime organizado, muito difícil, porque o próprio presidente da Assembleia Legislativa tinha sido preso e o governador anterior, também. E vinha um novo governo e no Espírito Santo estava enraizado [o crime organizado]. Fomos juntos com um juiz [Alexandre Martins], que era o juiz da Vara de Execuções Penais, que estava ajudando a combater o crime. E esse juiz com seis meses [de trabalho] foi executado lá no Espírito Santo. Ele era meu vizinho, meu amigo e amigo da minha esposa, a Flávia, e foi executado praticamente a duas quadras do nosso prédio, ele morava próximo também. Aquilo deixou a gente abalado, porque era um amigo muito próximo. Ele morreu numa segunda e no domingo eu passei com ele até 11 horas da noite no noivado dele, num sítio. Então aquilo afetou muito a gente e prometi para a família dele ficar até prender quem matou ele, dar o pontapé inicial, e a gente resolveu, minha esposa estava grávida, e ficamos só até fazer… Eu coordenei a parte de inteligência toda da prisão do famoso Lombrigão, que foi o executor do juiz Alexandre. Prendemos ele, apreendemos o material que dava o caminho para subir. Chegamos num outro juiz, que foi afastado, ficou preso um bom tempo, e aí pedimos para ir embora e o Rodney continuou um bom trabalho lá, tanto que depois foi deputado, prefeito, fez um bom trabalho.

Fiquei 2003 e aí já voltei para a Polícia Federal, vim assumir como delegado em Curitiba e aqui eu comecei a montar as grandes operações, minha ligação de trabalho com o juiz Sergio Moro e o Ministério Público. Aqui foi o berço de tudo, inclusive da Lava Jato. O berço é Curitiba, começou aqui, com investigações de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas. Então a especialização dessa equipe que fez a Operação do Banestado e das contas CC5 que virou a Lava Jato, foi aqui de Curitiba. Inclusive, muitos delegados da Polícia Federal que são figuras nacionais começaram aqui: o [Maurício] Valeixo, o Igor Romário de Paula, a Érika Mialik, é um time de delegados novos que eu deixei. Foi um celeiro, vamos dizer, de bons policiais, que tinham capacidade intelectual, formação forte, os grupos tinham vínculo com organismos internacionais, então aquilo foi uma mistura muito boa para a polícia e para a sociedade e muito ruim para a bandidagem. De um grupo pequeno [de oficiais] saiu o núcleo que comandou a Polícia Federal nesses anos todos. Agora que começou a mudança, porque o Valeixo até poucos dias era o diretor da PF.

BP: E o senhor já está aposentado como delegado?

Francischini: Não, ainda tem mais uns três, cinco anos. Para a surpresa de muitos, quando cheguei em Brasília tinha direito à aposentadoria parlamentar. Só que eu achei que, com o meu discurso de ida para Brasília, discurso de renovação, combate à corrupção, seria uma vergonha me aposentar como deputado com 40 anos de idade. Então abri mão da aposentadoria de deputado e continuei recolhendo na Polícia Federal, por fora, a minha aposentadoria. Então todo mês eu tiro do meu salário o valor do INSS e mando para a Polícia Federal fazer meu recolhimento. Vai dar uns 35 anos de recolhimento da atividade para me aposentar, mas não vou me aposentar, não. Vai dar o tempo e vou continuar [na ativa] muito tempo ainda. 

BP: Em 2009 é quando em que o senhor decide em definitivo que entraria para política?

Francischini: É, que daí eu virei Secretário Antidrogas [de Curitiba], que o Beto [Richa] me convidou e a gente acabou fazendo um trabalho de prevenção que entrou na cidade inteira, com projetos como Bola Cheia, para tirar criança, através do esporte, da rua; palestras de prevenção levando informação para igrejas, comunidades, associação comunitária. Aí me deixou conhecido em tudo o que era buraco da cidade, o pessoal até me ligava pedindo ajuda: ‘Meu filho está dependente de droga, preciso de ajuda’. E acabou essa equipe sendo muito forte, em 2010 o Beto foi candidato a governador e pediu que eu fosse deputado federal. Nem era a ideia já disputar assim, mas daí juntou a história de eu querer ajudar a mudar a linha de combate ao crime organizado e ter oportunidade. Juntou a fome com a vontade de comer.

BP: Na época chegou a ter alguma conversa com Sérgio Moro sobre esse ingresso na política ou não tinha essa proximidade?

Francischini: Não. Proximidade eu tenho até hoje com ele, falo toda semana com ele, tenho amizade com ele. Nos últimos anos não tinha essa quantidade de deputados [na oposição aos governos do PT], de enfrentamento ideológico. O PT dominou o Congresso Nacional por quase 16 anos. Mas nunca teve uma posição política dele [Moro] dizendo que votava em mim, indo em campanha. Sempre mantive a amizade pessoal e a admiração profissional distante da política.

BP: E por que decidiu entrar no PSDB?

Francischini: Porque era o partido do candidato a governador e é como hoje, que a gente vê os candidatos trazendo pro seu partido novos nomes. Não tinha alinhamento ideológico, nada, porque minha posição era uma posição muito diferenciada, mais técnica, de policial no combate ao crime organizado.

BP: E na sequência, antes mesmo de assumir a Secretaria Estadual de Segurança Pública, o senhor deixou o PSDB. Como foi?

Francischini: Numa CPI, convoquei um governador do próprio PSDB, o Marconi Perillo, e aí não ficou muito boa minha convivência no partido. E eu, para não constranger meus amigos, que tenho grandes amigos no PSDB, resolvi ir para um partido onde eu pudesse ter mais liberdade na época, mas não teve nenhum problema.

Daí ajudamos a coletar assinatura pro Solidariedade, também teve uma transição (no PEN) e, finalmente, fui um dos fundadores do novo PSL, com a ida do Bolsonaro. Eu, pessoalmente, que levei o Bolsonaro pro PSL, numa reunião do dia 3 de janeiro.

BP: Em 2018 houve momentos em que tudo indicava que tanto o senhor como o Bolsonaro iriam se filiar ao Patriotas, era o partido mais cotado. O que aconteceu?

Francischini: É, a gente que estava ajudando ele a escolher um partido para ir. Éramos em 7 deputados só. Dos 513 [deputados da Câmara], só sete foram com ele pro PSL e ajudamos ele a escolher o partido. Fomos pro PSL porque entendemos que ali a gente podia falar o que pensava, criar um novo partido.

BP: Voltando um pouco no tempo, entre o final de 2014 e maio de 2015 vem a passagem pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná. Como foi?

Francischini: O Beto me convidou para ser o secretário de Segurança. Era um momento que estava com altos índices de criminalidade, ele sabia da minha proximidade com Exército, Polícia Militar, Polícia Federal, e nós montamos um grande time. Se você pegar as matérias da época, de abril, março, em cinco meses fizemos despencar o índice de assaltos. Soltamos a Rone, o Bope, para fazer uma limpa na cidade mesmo, ‘não quero ver um bandido andando na rua’. Eu ia nas operações junto, deixava o policial incentivado. E daí terminou no fatídico 29 de abril, infelizmente.

Você não tem noção do que é a dor de você não conseguir evitar um confronto. Minha esposa é ex-professora, hoje ela é advogada, mas ela era professora de matemática. Minha sogra e avó, as duas diretoras de escola. A sogra até hoje, diretora de uma escola grande no Distrito Federal. Minha missão era evitar o confronto, e eu não consegui. Não foram professores que começaram a arruaça, tinha muita gente infiltrada, como foi agora, com os antifas. Se você pegar, exatamente o mesmo grupo que queimou a bandeira do Brasil se infiltrou no meio do movimento, começou a pancadaria com a polícia. A cada 10 professores tinha um antifa no meio, batendo na polícia, jogando garrafa. Eu desci, me orgulho de ter ido lá tentar evitar o confronto, não fiquei no ar-condicionado escondido nas janelas do Centro Cívico, olhando só. Desci lá, mas a dor foi não ter conseguido evitar o confronto e que pessoas se machucassem. Graças a Deus, é mais uso político, que falam em massacre. Não morreu ninguém, não tem ninguém com sequela física daquilo, então para mim foi um confronto. E depois se repetiu, né? O Greca passou pela mesma situação na Ópera de Arame e viu que é muito difícil enfrentar sindicato. E muitos políticos usaram aquilo, o 29 de abril, ideologicamente, para tentar usar como bandeira política. Eles têm as mãos sujas de sangue, porque a gente tentou, tentou evitar o confronto. Aquilo foi traumatizante para mim e para a Polícia Militar e tenho certeza que para os professores também foi. Parecia um cenário de descontrole, porque eram 30 mil pessoas ali. Os políticos que usaram isso, eles sim que incentivaram em cima de carros de som e acabaram sendo o estopim de tudo aquilo.

BP: E a ideia de montar aquela operação foi do senhor, ou foi o governador que pediu?

Francischini: Não, a ideia foi de várias pessoas, um planejamento que envolveu Governo de Estado, vários secretários, Polícia Militar, várias instituições. Infelizmente não havia efetivo suficiente numa praça aberta que pudesse separar. A grande tentativa nossa era prender os baderneiros, aqueles ligados ao Movimento Sem Terra, CUT, PT, etc, para que eles não incendiassem a multidão. E o grande problema, o erro que aconteceu, foi a gente não ter conseguido separar. A Polícia Militar agiu dentro do que poderia fazer, porque se abrem as porteiras iam derrubar tudo, funcionários que trabalhavam lá [na Assembleia Legislativa] iriam correr risco de vida. E foi uma reforma da Previdência que acabou sendo feita pelo Governo Federal, pela Prefeitura, com o Greca, em Curitiba, e sem essa reforma o país estava quebrado, ou mais quebrado do que já está.

BP: E mesmo depois do episódio o senhor ainda ficou um mês, mais ou menos, no cargo, até que veio uma postagem da sua esposa, a Flávia, que publicou o seguinte: “Um bom político trabalha e age por si só, não depende de homens sujos, covardes, que não honram as calças que vestem e precisam agir sempre em grupo, ou melhor, quadrilha”. Ali ela se referia ao Governo do Estado?

Francischini: Não, ela se referia a todas as pessoas que ela achava que estavam se aproveitando do episódio para poder tirar proveito político, aqueles que incentivaram o confronto, fingindo que eram amigos dos professores. Ninguém que é amigo de um professor sobe num carro de som e grita ‘vamos invadir, vamos quebrar tudo’. Então o desabafo dela foi o uso político das pessoas machucadas para tirar o trabalho sério que vinha jogando o índice de criminalidade no chão, praticamente. Os melhores índices em 10 anos de Segurança Pública estavam acontecendo naquele momento e [o 29 de abril] interrompeu um trabalho.

BP: E o senhor acredita que foi essa postagem que encerrou a sua passagem pela Sesp? Porque na época a postagem não teria agradado ao governador. Chegaram também a falar depois disso?

Francischini: Não, já conversamos várias vezes. Faz muito tempo que não falo, mas não ficou nada assim. Como qualquer familiar, ela principalmente, que foi professora, vendo o uso político dos professores e pessoas querendo usar aquilo como bandeira política. Marido policial e ela professora, foi um desabafo dela como dizendo que é uma quadrilha querendo usar politicamente, como se fosse uma bandeira pro lado A ou pro lado B. Isso não é bandeira, é uma vergonha toda a exploração política que fizeram. E para quem viveu aquilo, é uma dor enorme ver pessoas machucadas e você tentando evitar o confronto.

BP: E a ideia do camburão, de levar os deputados para dentro do camburão para a Alep, foi sua?

Francischini: Do mesmo jeito, é um planejamento. E, na verdade, não era um camburão. Assim como eles usam a palavra massacre, também usam a palavra camburão. Na verdade, aquele era um ônibus, um micro-ônibus do Batalhão de Choque e que, para não levar pedrada, garrafada, já que sabiam que a situação estava crítica, os deputados simplesmente foram num micro-ônibus do Bope. Então a história do camburão é outra história contada para criar um carimbo. A verdadeira história é que era um micro-ônibus da polícia.

BP: E como ficou sua relação com o Beto Richa depois de tudo isso? Ainda mantém algum contato com ele? E como o senhor vê também tudo o que aconteceu depois com o ex-governador?

Francischini: Eu acho que, assim, ele tem tentado se defender, apresentando a defesa dele. Eu, que passei por tudo que passei, de ser atacado em várias CPIs, o que eu desejo hoje para ele e para outros é que tenham o direito de defesa e que possam exercer esse direito, porque linchamento antecipado é a pior coisa que pode acontecer.

BP: Desde antes do senhor assumir a Sesp já comentavam seu nome para ser candidato a prefeito em Curitiba. E neste ano, como vai ser?

Francischini: Já temos uma definição. É uma pré-candidatura pela legislação, mas é sem volta. O partido tem incentivado muito também e eu acho que, pela última votação… Foi o recorde não só no Paraná, mas também em Curitiba.140 mil votos só na Capital, quase 15% dos votos na cidade. Já quase me bota no segundo turno só com o que eu fiz de deputado, concorrendo com mais de 800 [nomes]. E se eu concorrer, vou concorrer com mais uns oito, sete [candidatos pela Prefeitura]. Então mostra que tenho um eleitorado que pensa como eu: conservador nos costumes, liberal na economia, que pensa que temos de ter um Estado pequeno, que cuide só do essencial, que o supérfluo tem que ir pra iniciativa privada, que tem que defender a família e que a família é a base de tudo na sociedade, mas que saiba respeitar as diferenças, quem pensa diferente, quem tem opção sexual diferente.

É você saber conviver em sociedade. Você pode ter tal posição, mas não pode ser um radical doente que você, porque o outro não pensa igual a você, ele é teu inimigo ou teu adversário. Ele é alguém para você debater. Eu fiz 50 anos agora em março. Aquele que era mais aguerrido com 30 e poucos anos, quando foi pro Congresso Nacional, hoje já é alguém mais experiente, mais vivido, tanto que eu convivo bem com todos os partidos. Exemplo disso é que fui relator e aprovei nesta semana um projeto de lei do PT, da inclusão denúncia por WhatsApp de violência contra a mulher. Eu fui o relator do projeto e sem problema nenhum com quem pensa diferente ideologicamente. O projeto no mérito é bom e eu dei um parecer positivo.

A gente aprender a dialogar com as diferenças vem muito com o tempo e a experiência. E acho que essa candidatura está muito forte justamente por isso. O prefeito atual tem uma boa aprovação, mas nos últimos meses a situação da cidade ficou muito difícil por omissão dele, por falta de ação, por ter privilegiado setores como os grandes empresários do transporte coletivo, as grandes construtoras de asfalto, em detrimento dos pequenos empresários que quebraram e dos milhares de desempregados da cidade. Ele usou tudo o que tinha de reserva para socorrer as empresas de ônibus e os empresários de asfalto e esqueceu de criar qualquer tipo de ajuda pros micro e pequenos empresários da cidade. Isso mostra que Curitiba, nos últimos anos, infelizmente se preocupou muito com o concreto, com o asfalto, com as obras, e esqueceu de cuidar das pessoas. Então o meu foco é muito nessa visão. Vamos continuar cuidando da Curitiba bonita que conhecemos, mas vamos lembrar que tem um contingente gigante nos bairros periféricos que estão esquecidos.

BP: E como o senhor se aproximou do presidente Jair Bolsonaro? Foi por volta de 2016?

Francischini: Isso. Foi porque eram poucos que enfrentavam o PT no Plenário. Ali começou uma amizade. Começamos a fazer o mesmo enfrentamento eu, ele, Magno Malta, Alberto Fraga, que era coronel da Polícia Militar, Delegado Waldir, que é delegado lá de Goiás. E essa meia dúzia começou a ter relação e foi os que se juntaram para a eleição dele. E era uma eleição, assim, não é o Bolsonaro, e sim os princípios e valores que ele defendia, que são os mesmos da gente. Tanto que até hoje, quando ele vai nos sentidos e valores que nós concordamos, nós estamos todos alinhados com ele, até hoje, mesmo com tudo o que está acontecendo. Sendo os mesmos princípios e valores, estamos alinhados.

Quando os princípios e valores não são os mesmos, nós temos maturidade e somos antigos na política, não somos os deputados novinhos que se elegeram com ele. Nós temos tamanho de fazer chegar até ele que achamos que tem de mudar o rumo e ir para um outro sentido. Uma coisa é ser aliado em princípios e valores, outra coisa é ser um alienado que tudo o que a pessoa faz você tem que bater palma e concordar. Essa é minha posição hoje. 90% do tempo que ele está nos mesmos princípios e valores nós estamos alinhados e trabalhando junto. Quando eu sinto que ele não está no mesmo caminho e que ele erra, como todo ser humano e como outros erram também, nós temos uma posição pró ativa e que não é pública, é de fazer chegar que a gente não concorda e que ele tem de tomar um outro rumo.

BP: E qual foi teu papel na eleição do presidente?

Francischini: Eu ajudei a montar a campanha nacional e depois, como tinha de cuidar da minha aqui, fiquei cuidando mais do Paraná durante a eleição. Eu tinha, desde o começo, dito para ele que não queria participar do governo, tinha colocado muito claramente. Eu tinha muita vontade, eu tenho um filho que é autista, de 10 aninhos de idade, e que vinha sentindo minha falta de modo enorme. Minha mulher pedia para eu voltar [para Curitiba], porque eu passava a semana em Brasília e só o final de semana aqui. Por outro lado, eu também tinha uma vontade muito grande de ser candidato a prefeito de Curitiba e tinha de estar presente no dia a dia da cidade. E foi o que aconteceu nos últimos dois anos. Pude ficar todos os dias em Curitiba, conhecendo os problemas, as soluções, dar mais atenção pro meu pequeno, o Bernardo, e isso acabou sendo muito bom.

BP: E como está hoje sua relação com o presidente? 

Francischini: É, eu acho que teve um afastamento de uma parte do grupo, mas, por exemplo, eu, que não participei daquele embate, nunca tive uma relação ruim. Continuo falando com o governo, tenho vários ministros que são meus amigos pessoais e inclusive gente dentro da Presidência da República. Por isso que tenho essa posição de falar quando não concordo com algumas atitudes.

BP: E nos bastidores imagino que já estejam acontecendo conversas sobre apoio para eleição. Chegou a conversar com Bolsonaro, com o próprio Ratinho Junior sobre isso?

Francischini: Já, a gente tem conversado tanto com o pessoal do Bolsonaro, com o pessoal do Ratinho, as pessoas que lidam com política em volta. Eu não vou buscar apoio do presidente da República nem do Ratinho. Se eles vierem, vai ser porque viram que meu projeto é um projeto bom para Curitiba. Então eu quero inverter a dinâmica do que acontece com a política profissional, vamos chamar assim, de ficar usando debates políticos, de bastidor, para obter apoio. Não, eu quero apresentar daqui alguns meses qual meu projeto pra Curitiba ao presidente, ao governador e a outras pessoas importantes da sociedade para que elas venham apoiar o projeto. Por enquanto estamos escrevendo ainda esse projeto. É um projeto grande e que tenho certeza que vai dar boa repercussão.

BP: E já tem alguns detalhes desse projeto? Alguns nomes que pode adiantar que estão cotados pro secretariado?

Francischini: São pessoas fortes, alguns já exerceram funções relevantes no Governo do Estado e Prefeitura, que estão ajudando a construir um grande plano de governo que eu chamo de “Curitiba 2050”. Não quero fazer um planejamento como os últimos prefeitos, que fizeram planejamento para quatro anos. Eu tenho olhado muito para o que o Jaime Lerner fez quando foi a primeira vez prefeito. Como é que vai ser Curitiba daqui 30 anos? Quais vão ser os grandes eixos de mobilidade? Para onde a cidade vai crescer, vai ser para região sul, região norte? Quais os investimentos que temos de fazer para essa região gerar empregos, novas empresas? Porque nós vamos estar num pós-pandemia se eu ganhar as eleições, e no pós-pandemia vamos ter um país tentando se equilibrar economicamente, milhões de desempregados e a grande temática vai ser: quem tem o melhor projeto para fazer com que as pessoas voltem a ter, no mínimo, um emprego para sustentar sua família?

BP: Como que o senhor avalia a gestão Bolsonaro até aqui?

Francischini: O ponto positivo é a parte econômica e a parte de segurança pública. Agora estamos tendo uma piora nos índices porque a situação do Covid está tendo influência. Mas os índices de 2019. De mortes, caiu de 50 para 40 mil mortes violentas no Brasil no primeiro ano do Bolsonaro, com Sergio Moro como ministro da Justiça. Na área econômica, as reformas que nem o Lula conseguiu fazer, com toda a força que ele tinha no Congresso, passaram. O Felipe [Francischini, filho do deputado estadual] era o presidente da CCJ lá em Brasília que aprovou a Reforma da Previdência e a Reforma Tributária. A Previdência já é uma mudança constitucional, a Tributária está andando ainda. E eu acho que a área que poderia ser melhor é mais a área de comunicação do governo. O presidente é muito sincero, fala o que pensa e as vezes poderia estar mais estadista. Acho que agora ele tenta, com o novo Ministério das Comunicações, com a estrutura nova, que começou essa semana, profissionalizar um pouco mais para ter menos polêmicas e mais trabalho. O trabalho vai muito bem e as polêmicas atrapalham, principalmente esses embates ideológicos, e o país vai precisar de muita serenidade daqui para frente se quiser avançar. Aí não dá, né, esses confrontos de Judiciário, Legislativo, Executivo. Porque esses confrontos não são ruins só para quem está nos Poderes, mas para a população. O tempo perdido com isso podia estar produzindo muito resultado com a pandemia que a gente tem.

BP: O senhor acredita que exista alguma ameaça à democracia, tendo em vista até os ataques recentes às instituições?

Francischini: Não, não acredito. O país está muito maduro democraticamente e nem as Forças Armadas teriam qualquer possibilidade. A gente vê, nossos generais, quase todos hoje que estão nos comandos, são gente muito séria, profissional e é uma instituição democrática de Estado, e não de governos. Então não vejo. Nem vejo no horizonte a possibilidade de impeachment do Bolsonaro, muito menos um golpe militar. Acho que isso vai passar, essa crise é momentânea. O Judiciário deu o aperto que queria também, o presidente soltou uma nota. Acho que vai passar, e tem que passar pelo bem do país.

BP: Como avalia também as iniciativas dos governos federal, estadual e municipal com relação à pandemia do coronavírus?

Francischini: Num primeiro momento ficou muito conturbado essa questão. O que é mais importante: a economia, os empregos, ou a saúde é mais importante?

Um grupo vinculado ao Democratas, ao Greca, também o ex-ministro Mandetta, o foco deles era simplesmente a saúde e o restante fecha tudo. Outro grupo, também, dizendo que tem de abrir tudo, que não via a pandemia como algo relevante. Eu sou hoje um grupo centro. Acho que é uma via de mão dupla: não tem como só pensar na saúde sem economia ou só na economia sem saúde. Em primeiro lugar é a vida das pessoas. A gente não pode deixar de ter uma forma de medir quantos leitos estão ocupados, de uma maneira verdadeira. Não adianta ficar que nem o Greca, que disse que tinha mil leitos e só apareceu 200 agora. Tem de falar a verdade para a população e tem de ter uma posição ponderada. Vai controlando a contaminação, os leitos ocupados, e vai abrindo, fechando, abrindo, fechando, mas sempre com diálogo.

O que o Greca errou nos últimos dias que virou manifestação na casa, na frente da prefeitura, de revolta com ele? No começo da pandemia ele foi frouxo, ele não teve coragem. No começo da pandemia ele devia ter sido mais firme, o que abre, o que não abre. Teve várias entrevistas em que ele disse assim: ‘eu não autorizo, nem desautorizo a abrir ou a fechar’. Pô, se não é o prefeito quem autoriza ou desautoriza, quem é? É ele! Não assumiu a responsabilidade. Isso foi fazendo com que o pessoal voltasse para a rua, achando que estava tudo normal. O que aconteceu? Subiu a contaminação, subiu ocupação de leitos e agora, sem chamar a Associação de Restaurantes, sem chamar as entidades que representam as academias, a Igreja Católica, a Igreja Evangélica, pra fazer uma mesa de diálogo, mandou avisar que tinha um decreto e que na segunda-feira estava tudo fechado. Era óbvio que o empresário, que está à beira da falência, não consegue manter a folha de pagamento, ia ficar revoltado.

Então minha posição é intermediária, não acho que tem de abrir tudo nem acho que tem de ter lockdown absoluto. Eu acho que a mais centrada é a que funcionou em mais países no mundo. Vai controlando com critérios técnicos e vai abrindo e fechando em diálogo com os setores. O grande erro dele, e vemos comparando Florianópolis com Curitiba. O prefeito de Florianópolis tomou todas as medidas duras no começo, inclusive ele parou o transporte coletivo, e acabou com a infecção. Aqui a gente vê o transporte coletivo entupido todo dia. Ele [Greca] se omitiu, errou demais, e esse aumento de mortes e contaminação é culpa dele, que não teve coragem no começo de agir com firmeza, e agora ele age sem dialogar com os setores da sociedade.

BP: O momento mais marcante da política neste ano foi a saída de Sergio Moro do governo Bolsonaro. Como foi para o senhor essa situação, até tendo em vista a proximidade, a relação com os dois?

Francischini: O Moro é muito meu amigo, participa do meu dia a dia. Bolsonaro foi alguém que nós ajudamos a ir para a Presidência, com encontros, desencontros, mas é alguém com quem a gente também tem proximidade. Então é aquilo: quando você tem dois amigos em conflito, tudo o que você falar vai deixar um dos dois chateados. Então tenho esperado o tempo curar as feridas para ver daqui alguns meses como é que fica essa relação dos dois.

BP: E antes do desembarque de Moro, o senhor chegou a tentar conversar com o então ministro, fazê-lo mudar de ideia?

Francischini: Várias vezes, várias vezes. Apaziguei várias vezes, tentei apaziguar, mas chegou uma hora que não tinha o que fazer mais.

BP: O senhor também sempre foi um defensor da PEC 412/2009, que teria o intuito de dar autonomia à PF…

Francischini: Eu que carreguei ela [PEC] por muito tempo. Continuo entendendo que a Polícia Federal tem que ser uma polícia de Estado, e não de governo. Essa é daquelas questões que a gente indica, ‘olha, não concordo com isso’. E essa é uma das indicações. Eu acho que a PF não pode ser uma polícia de governo, tem de ser uma polícia de Estado.

BP: A esposa do senhor, a Flávia, sai candidata a vereadora?

Francischini: Estamos estudando a candidatura. Ela tem participado muito aqui [do partido]. É uma candidatura como foi a minha, pra puxar a chapa, mas o que ela tem feito é o que ela faz há muito tempo. Ela foi conselheira do Provopar muitos anos, ela tem uma grande parceria com instituições das pessoas com deficiência, em virtude da bandeira que eu e ela temos por causa do Bernardinho, ela também atende muitas associações de moradores, e apesar de estar licenciada dessas funções, ela tem me ajudado a escrever o plano de governo da área de ação social. Nos últimos anos é uma lacuna, é uma omissão enorme quem cuida das pessoas que mais precisam em Curitiba. A FAS têm profissionais de alto gabarito e que há muitos anos não são usados como deveriam ser. O Greca nunca teve uma atenção especial com a FAS, muito menos a primeira-dama.