Ainda sem regulamentação específica no país, plataformas como o Uber e o Cabify têm crescido exponencialmente em Curitiba desde que iniciaram suas operações, em março do ano passado e no final do mesmo mês deste ano, respectivamente. Embora as empresas não divulguem os números oficiais por questões estratégicas, motoristas parceiros das duas plataformas apontam que seriam mais de 10 mil os cadastrados para trabalhar com as plataformas na cidade.

Para se ter noção do tamanho da frota de motoristas trabalhando com o transporte individual privado de passageiros, o número seria mais de três vezes superior ao da frota de táxis da cidade, que segundo a Urbs contaria hoje com cerca de 3 mil veículos, tendo crescido 33,2% desde 2012. No Facebook, por exemplo, um grupo fechado criado com o intuito de reunir motoristas do Uber que atuam na Capital já conta 7.768 membros.

Além disso, outra evidência foi a forte adesão ao protesto que motoristas dos aplicativos Uber e Cabify fizeram na tarde de ontem, pedindo a regulamentação do serviço em Curitiba. Cerca de 1.000 carros participaram do ato, que saiu da Rua Dario Lopes dos Santos, atrás do Estádio Dorival de Britto, a Vila Capanema, e seguiu até o prédio da Prefeitura de Curitiba, no Centro Cívico, promovendo um buzinaço. Na semana anterior, uma manifestação de taxistas reuniu entre 400 e 500 carros no Centro da cidade para pedir fiscalização mais rigorosa aos concorrentes.

Aplicativos crescem em todo o País
O crescimento das duas plataformas, Uber e Cabify, aliás, não é uma exclusividade curitibana. Prova disso é que o Uber, em fevereiro do ano passado, contava com cerca de 10 mil motoristas cadastrados no País. Hoje, segundo dados oficiais (a empresa não divulga dados regionalizados, somente os nacionais), já cresceu cinco vezes, com mais de 50 mil motoristas. Já o Cabify informou que o número de motoristas cadastrados na plataforma, entre os que estão atuando e os que ainda não estão liberados para dirigir, chega a 150 mil no Brasil.

Autor do projeto de lei que tramita no Senado e visa regulamentar os aplicativos de carona paga, o deputado federal Carlo Zarattini (PT-SP) defende a limitação do número de veículos. Os motoristas mal conseguem recursos para a manutenção do carro por conta dos valores cobrados. Daqui um ou dois anos estarão todos falidos e o serviço vai piorar, argumenta.

Vale destacar, porém, que o número de motoristas cadastrados não representa necessariamente o número de veículos que estão nas ruas. É que muitos só fazem corridas como bico e são os próprios que fazem seus horários, escolhendo quandotrabalhar. Há também aqueles que já trabalharam com o aplicativo, mas largaram a atividade.

Taxistas da Captial contra-atacam
Diante do crescimento das plataformas de transporte como o Uber e o Cabify, os taxistas acabaram sendo obrigados a se reinventar para conseguir competir com os preços mais baixos dos concorrentes — o valor cobrado pela plataforma norte-americana, por exemplo, é mais baixo do que aquele que os curitibanos pagavam há mais de 10 anos para andar de táxi.
Além de aplicativos como o 99Táxis terem criado taxas promocionais fixas que os taxistas podem optar por aderir, outras novidades surgiram recentemente, como a mega central de táxis que reuniu três centrais de radiotáxis da cidade, Sereia, Capital e Curitiba. O serviço oferece descontos em corridas que podem chegar a até 50%, contando ainda com cerca de mil carros cadastrados, ou seja, um terço da frota disponível na cidade.
Segundo as cooperativas, os descontos foram possíveis por conta da redução das taxas cobradas dos taxistas, além da redução em gastos com pessoal. Com a união, a expectativa é aumentar o número de corridas em até 30%. Quem quiser utilizar o serviço pode baixar o aplicativo para celular ou então entrar em contato com as centrais de táxis pelos telefones antigos.