Sammi Landweer – A nova coreografia é realizada por um conjunto de nove bailarinos

Logo após sua estreia mundial em Paris, “Fúria”, o novo espetáculo da coreógrafa e diretora Lia Rodrigues, será apresentado no Festival de Curitiba, como parte da programação da Mostra 2019. As apresentações acontecem nos dias 04 e 05 de abril, no Teatro da Reitoria.
Criadora de espetáculos como ‘Pororoca’, ‘Piracema’, ‘Pindorama’ e ‘Para que o céu não caia’, Lia Rodrigues dá continuidade às suas investigações em ‘Fúria’, que expõe a ideia da reinvenção de um corpo social a partir das suas energias primitivas.

A nova coreografia é realizada por um conjunto de nove bailarinos, muitos moradores da favela da Maré, onde está instalada a sede da Lia Rodrigues Companhia de Danças. Com elenco formado em sua maioria por artistas da periferia, o espetáculo reafirma a necessidade de representatividade e engajamento no Brasil contemporâneo.
O sentimento de perplexidade e indignação que a realidade atual acende, sobretudo nas pessoas que moram nas favelas, implica os movimentos do palco, atravessando questões da alteridade, um tema vital para a artista.

No palco, os bailarinos criam paradoxos e lançam perguntas em carne: “de que lugar estamos falando? Por que estamos falando? Sobre quem estamos falando? Como estamos falando? Para quem estamos falando?”
Afinal, como podemos ser guiados por um radar delicado e, neste lugar, específico e singular que é o palco, criar um mundo? Um mundo de estrondos e fúrias.

Encontros Críticos — Ao término da primeira apresentação do espetáculo ‘Fúria’, no dia 04 de abril, haverá uma conversa entre artistas e público, com mediação de Francisco Mallmann e Henrique Saidel, do site Bocas Malditas (Curitiba), e Luciana Romagnolli e Soraya Martins, do Horizonte da Cena (Belo Horizonte). O evento promove uma reflexão coletiva sobre a experiência estética, os caminhos do teatro contemporâneo e suas relações com nosso contexto social, cultural e político.
Lia Rodrigues — Nasceu em 1956, em São Paulo, onde se formou em ballet clássico e estudou História na Universidade de São Paulo. Após ter participado do movimento de dança contemporânea em São Paulo, nos anos 70, integrou a Compagnie Maguy Marin/França, entre 1980 e 1982. De volta ao Brasil, fundou a Lia Rodrigues Companhia de Danças em 1990, no Rio de Janeiro e desde então a Companhia se mantém em atividade durante todo o ano, com aulas, ensaios do repertório, e trabalho de pesquisa e criação, apresentando-se no Brasil e internacionalmente.

Em 1992, ela criou e dirigiu por 14 anos o mais importante festival de dança do Rio de Janeiro, o Panorama da Dança. Foi também responsável pela coordenação artística da Mostra BNDES de Arte em Ação Social, no Rio de Janeiro (2000, 2001, 2002) que mostrou projetos de dança, teatro e música de todo o Brasil que usam a arte como transformação social.

Desde 2004, convidada por Silvia Soter, a Companhia desenvolve ações artísticas e pedagógicas na favela da Maré, no Rio de Janeiro, em parceria com a Redes de Desenvolvimento da Maré. Dessa parceria surgiu o Centro de Artes da Maré aberto ao público em 2009. O Centro de Artes da Maré é um espaço para criação, formação e difusão das artes e é também a sede da Lia Rodrigues Companhia de Danças. Nesse espaço a Companhia criou e estreou seus trabalhos ‘Pororoca’, ‘Piracema’ e ‘Pindorama’ e realizou em 2009, com o apoio da Fundação Prince Claus o projeto ‘Nova Holanda – Novos Horizontes : dança para todos’, com aulas de dança gratuitas para moradores da Maré.

Durante os 40 anos de atividade profissional, a coreógrafa Lia Rodrigues articula formação e criação artística ministrando aulas.

serviço
‘Fúria’
Onde: no Teatro da Reitoria
Quando: 4 e 5 de abril às 21 horas