Líderes do grupo das 20 maiores economias do globo (G20) fizeram uma espécie de mea culpa neste sábado (21) em relação à demora de coordenação para tentar combater a pandemia de novo coronavírus assim que as primeiras notícias da disseminação da doença começaram a surgir no mundo e, por isso, cresceu o tom de que é preciso atuar em conjunto para combater a covid-19. A avaliação feita à reportagem é de um participante do evento que ocorre neste fim de semana. Ele disse também que amanhã o grupo vai ratificar a decisão tomada no G20 financeiro anteriormente de manter a suspensão do pagamento do serviço da dívida aos países mais pobres até pelo menos junho de 2021.

“Houve muita importância sobre o tema das vacinas e cooperação. A percepção é a de que houve falhas porque cada país reagiu por si. Os 187 países agiram por si em vez de ter havido logo uma coordenação”, afirmou a fonte. Segundo ela, houve muitas autocongratulações pela troca de experiências sobre lidar com o surto, mas a verdade é que há um sentimento de que houve demora para que houvesse um “encaixe” de fato.

Como é comum ao G20, tudo passa pela linguagem diplomática e muita leitura das entrelinhas. “É tudo muito velado, mas houve esse sentimento”, reportou, confirmando a informação dada mais cedo, por exemplo, do pedido da União Europeia para que o grupo disponibilize cerca de US$ 5 bilhões para que os países mais pobres possam comprar e distribuir vacinas quando elas estiverem prontas. “Basicamente, a história é assim: quem puder pagar, paga. Quem não puder, vai ter que receber”, resumiu.

Outra preocupação do grupo também lida nas entrelinhas por essa fonte é em relação à segurança cibernética. Apesar da linguagem rebuscada e que, a princípio, poder parecer não querer dizer nada, alguns líderes mostraram-se muito preocupados com a insegurança na área da tecnologia da informação. Neste caso, segundo a fonte, um dos principais alvos seria a China, já que os discursos ressaltaram muitas vezes cobrança por mais transparência e confiança nas ações.

Ainda sobre a China, foi notada a ênfase dada pelo país exatamente de cooperação, assim como a liderança russa. “A China apresentou uma postura de cooperação, de `estamos juntos'”, descreveu a fonte. “Lembra muito a postura dos americanos antes do governo de Donald Trump. Visivelmente estão com um discurso assemelhado”, disse, em relação à ocupação do palco global em relação a questões internacionais.

Esta avaliação é muito semelhante à que foi dada pelo criador do acrônimo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), Jim O’Neill. Para o economista britânico, ironicamente, o afastamento de Trump das questões globais acabou ampliando o papel do país asiático no cenário global. “Parece que aproveitaram a distração de Trump para roubar o espaço americano, que aproveitaram a vacilada de Trump”, disse hoje a fonte.

O G20 foi criado há 12 anos, exatamente para tentar encontrar uma saída comum à crise financeira internacional, iniciada em 2008. A presidência atual do grupo está com a Arábia Saudita, que passa o bastão para a Itália no próximo dia 1º de dezembro.