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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Corregedoria da Polícia Militar do Paraná cumprem na manhã desta sexta-feira, 18 de janeiro, dez mandados de busca e apreensão em Curitiba, Campo Largo, Guaratuba e Piraquara. A ação resulta da investigação das mortes ocorridas em 6 e 7 de dezembro de 2018 na Vila Corbélia, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), em que um incêndio destruiu centenas de moradias.

Segundo o Ministério Público do Paraná (MPPR), oito mandados foram expedidos pela 1ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, a pedido do Gaeco, e outros dois pela Vara da Auditoria Militar, a pedido da Corregedoria da PM.

O coordenador estadual do Gaeco, procurador de Justiça Leonir Batisti, disse ainda que uma tentativa de homicídio também faz parte das investigações. “Nós estamos cumprindo esses mandados junto com a Corregedoria da Polícia Militar que tem um Inquérito Policial Militar para verificar as transgressões de caratér militar dos policiais. Na parte do Gaeco, as investigações são sobre os homicídios e sobre os incêndio que atingiu vários barracos”, comenta Batisti.

O caso

As inestigações apuram as circunstâncias de três assassinatos e de um incêndio que destruiu as casas da Vila Corbélia. Até o momento, não há qualquer confirmação sobre o motivo do incêndio e ninguém foi responsabilizado.

Segundo os depoimentos, o policial militar Erick Nório, do 23º Batalhão, foi atingido por tiros ao chegar na comunidade para atender uma ocorrência de perturbação de sossego. Na mesma noite, a vila foi incendiada. Moradores acusam a PM de represália. Por sua vez, a PM atribuiu o incêndio a uma ação do “crime organizado” e rebateu a acusação.

Dias depois, após a divulgação de vídeos, a PM confirmou que os homens que aparecem atirando horas antes do início do incêndio no local pertencem à corporação. As imagens divulgadas mostraram dois homens utilizando coletes à prova de bala da PM descendo de um carro branco e atirando à esmo, sem um alvo definido, em direção às casas da comunidade.

Já moradores relataram terem sido torturados e testemunharam policiais consumindo cocaína e espalhando gasolina sobre casas momentos antes do início do fogo. 

Reconstrução

As famílias seguem desabrigadas, parte está em organizações sociais ou foi para a casa de parentes e amigos. Ainda em dezembro, o prefeito Rafael Greca anunciou que as famílias receberiam aluguel social por seis meses.

Antes do Natal, no dia 22 e 23 de dezembro, a TETO reconstruiu 21 residências na comunidade com mão de obra voluntária. A meta é construir 150 casas, cada uma tem o custo aproximado de R$ 5 mil. Para dar continuidade ao processo, a organização lançou uma vaquinha online que já arrecadou pouco mais de R$ 110 mil mas que ainda está longe de atingir o necessário para garantir a reconstrução de todas as moradias. A meta é R$ 775 mil.

Segundo a organização, a ação na Vila Corbélia é a maior desde o início de sua atuação no Brasil, há mais de 10 anos.