Itamar Crispin/Fiocruz

A diretoria da Agência Nacional de Vigilância (Anvisa) iniciou às 10h10 deste domingo (17) a reunião que vai decidir sobre os pedidos de uso emergencial de vacinas contra a Covid-19 apresentados pelo Instituto Butantan e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).  Na primeira parte, foram expostos os dados sobre a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Biovac. O gerente-geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, afirmou na manhã deste domingo (17) que a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, teve o dado de imunogenicidade considerado não adequado, mas, tendo em vista a necessidade brasileira, recomendou a aprovação do imunizante com acompanhamento da Anvisa.

De acordo com apresentação elaborada pela equipe da Anvisa, com relação à CoronaVac, “não foram apresentados os resultados da avaliação de imunogenicidade ao longo do tempo para esse estudo, de acordo com o que era esperado e definido no protocolo” e que “o único resultado apresentado não foi considerado adequado para avaliação e conclusão”. A Anvisa afirmou que, por meio do resultado secundário de eficácia, as avaliações de anticorpos neutralizantes previstas não tiveram os resultados
previstos, assim como os anticorpos de ligação previstas e de soroconversão e da imunidade celular previstas. Gustavo Mendes afirmou que recomenda aos diretores a aprovação da CoronaVac. “A recomendação, como área técnica, é que, tendo em vista o cenário da pandemia, aumento do número de casos e ausência de alternativas terapêuticas, a gerência recomenda a aprovação do uso emergencial da CoronaVac, com acompanhamento das incertezas que ainda temos e reavaliação periódica.”

Por volta das 11 horas, começou a explanação sobre a vacina AstraZeneca, produzida pela Oxford em parceria com a Fiocruz.

Participam da reunião cinco diretores da Anvisa, um de cada diretoria da agência: Antonio Barra Torres, que é diretor-presidente da Anvisa, e a relatora dos pedidos, Meiruze Sousa Freitas, e os demais diretores Cristiane Rose Jourdan Gomes, Romison Rodrigues Mota e Alex Machado Campos. A reunião tem previsão de durar cerca de 5 horas. A Anvisa diz que a decisão sobre ambas as vacinas vai se basear em pareceres de áreas técnicas e que, se aprovadas, serão usadas preferencialmente em programas de saúde pública.

O foco da Anvisa na reunião de hoje é analisar a eficácia e a segurança das vacinas, de acordo com a própria agência reguladora, para o uso emergencial, ou seja, para uso destinado a imunização de grupos de risco, como indígenas, idosos e profissionais de saúde. Caso a Anvisa dê aval para o uso emergencial das vacinas, o Brasil já poderá, em tese, aplicar os imunizantes. A medida, no entanto, valerá a partir do momento em que a decisão for publicada no DOU (Diário Oficial da União), o que pode ocorrer ainda neste domingo.

O Instituto Butantan afirma ter à disposição 10,8 milhões de doses da vacina Coronavac em solo brasileiro. No final de março, a carga total de imunizantes disponibilizados pelo instituto está estimada em 46 milhões de doses.

Mudança de comportamento

O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse que é preciso mudar o comportamento social em razão da pandemia do novo coronavírus. “O inimigo é um só. A nossa chance, a nossa melhor chance nesta guerra passa, obrigatoriamente, por uma mudança de comportamento social, sem a qual, mesmo com vacinas, a vitória não será alcançada”, declarou.

A reunião em que a Anvisa vai definir os pedidos de uso emergencial de vacinas no Brasil começou à 10h. Dois pedidos estão sendo analisados. A TV Brasil transmite ao vivo a reunião, que deve durar cerca de cinco horas.