Dálie Felberg/Alep – Goura: “A gente está estagnado”

Reconhecida como referência em urbanismo a partir dos anos 70, as administrações públicas de Curitiba “pararam no tempo”, vivendo dos “louros” do passado, sem conseguir avançar, e sem capacidade de inovação para enfrentar os desafios do presente e do futuro. A avaliação é do deputado estadual e pré-candidato a prefeito Goura (PDT), para quem a cidade precisa retomar a formulação de políticas criativas que façam frente às necessidades atuais da população, ainda mais em um cenário de pandemia e aprofundamento das desigualdades sociais.

Goura garante que mantém sua pré-candidatura à prefeitura pelo PDT, assim como o ex-prefeito e deputado federal Gustavo Fruet, mas não descarta a possibilidade do partido lançar uma “chapa pura” para a disputa pela sucessão do prefeito Rafael Greca (DEM). Focado, no momento, no trabalho de enfrentamento aos efeitos do coronavírus, ele segue com o desejo de apresentar um novo projeto político para a cidade onde nasceu. “Eu acho que a cidade está parada no tempo. A gente vive com contratos com direcionamentos com essas grandes empresas que dominam a cidade há décadas. Que têm vinculações políticas muito fortes”, aponta Goura. “E em termos de inovação, a gente está estagnado. Curitiba vive desse eco do que ela foi nos anos 70, 80. Da inovação que foi legítima em termos urbanísticos, mas que não foi acompanhada nas décadas seguintes”, considera.

“A gente é uma cidade que não tem uma política de compostagem de tratamento de resíduos sólidos. Nenhuma política para mobilidade ativa, não só para os ciclistas, mas os pedestres, as pessoas com deficiência”, afirma. “Uma cidade que reforçou suas desigualdades sociais nos últimos anos. A gente não só tem que ter um projeto de uma Curitiba menos desigual, que seja verdadeira nas suas propostas ecológicas, de sustentabilidade, sob pena de provocarmos um esgarçamento ainda maior das relações sociais”, diz o deputado.

Alinhamento
Exemplo disso, afirma o parlamentar, é o comportamento da gestão Greca, que em meio à pandemia — com aumento do desemprego e quebradeira de pequenas e médias empresas — reservou R$ 200 milhões para socorrer as empresas de ônibus da cidade. “É todo um histórico da gestão Greca. Desde o aumento da passagem abusivo no início da sua gestão. Há um alinhamento dos interesses por parte do prefeito com os empresários. A prioridade não é a função social do transporte”, critica. “O que a gente vê é uma gestão que não aceita, de forma alguma, que os empresários percam o seu lucro”, afirma ele.