O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta quarta-feira, 22, que o Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂstica (IBGE) se manifeste, em atĂ© dez dias, sobre o valor necessĂ¡rio para a realizaĂ§Ă£o do Censo 2022. O Ă³rgĂ£o deverĂ¡ ainda apresentar a documentos sobre a solicitaĂ§Ă£o de crĂ©ditos orçamentĂ¡rios suficientes para tal finalidade, registra ainda o despacho.
A decisĂ£o foi proferida apĂ³s Estado do MaranhĂ£o alegar que a UniĂ£o descumpriu a decisĂ£o da corte mĂ¡xima que determinou ao governo que garantisse recursos para a pesquisa aguardada desde o ano passado ir a campo em 2022. O Estado chefiado por FlĂ¡vio Dino argumentou que a proposta orçamentĂ¡ria de R$ 2 bilhões enviada pela UniĂ£o ao Congresso Ă© insuficiente para concluir a pesquisa.
O valor Ă© menor que o esperado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e EstatĂstica (IBGE), responsĂ¡vel pela coleta de dados, que informou necessitar de cerca de R$ 2,3 bilhões para o estudo democrĂ¡tico.
Nesta segunda-feira, 20, o governo federal – instado por Gilmar a responder as alegações – sustentou que o montante reservado Ă© ‘expressivo’ e que, alĂ©m dele, hĂ¡ outros R$ 626 mil entre valores jĂ¡ previstos e executados com a pesquisa desde 2019.
Outro argumento apresentado pelo governo Bolsonaro, representado no processo pela Advocacia-Geral da UniĂ£o, foi o de que o orçamento ainda pode sofrer alterações enquanto tramita no Congresso. O Ă³rgĂ£o disse ainda que a nota tĂ©cnica do IBGE nĂ£o Ă© suficiente para comprovar que Ă© necessĂ¡rio mais verba para garantir a realizaĂ§Ă£o do levantamento.
Os pesquisadores do Censo visitam a casa de todos os brasileiros para traçar uma radiografia da situaĂ§Ă£o de vida da populaĂ§Ă£o nos municĂpios e seus recortes internos, como distritos, bairros e outras realidades. Esse nĂvel de minĂºcia nĂ£o Ă© alcançado em outras pesquisas do IBGE feitas por amostragem, que entrevistam apenas parcela da populaĂ§Ă£o. Hoje, o que se sabe Ă© com base em estimativa do Censo de 2010. Quanto mais se afasta da base do Censo, mais impreciso fica o dado para a definiĂ§Ă£o de polĂticas pĂºblicas, inclusive distribuiĂ§Ă£o de recursos para Estados e municĂpios.
O atraso na realizaĂ§Ă£o da pesquisa chegou ao STF em abril deste ano, depois que o governo federal anunciou um novo adiamento por falta de verbas. Durante a tramitaĂ§Ă£o do Orçamento de 2021, o relator, senador Marcio Bittar (MDB-AC), retirou a verba prevista para a execuĂ§Ă£o do levantamento e redistribuiu a emendas parlamentares.
O governador do MaranhĂ£o, FlĂ¡vio Dino (PCdoB), entrou entĂ£o com uma aĂ§Ă£o no Supremo para obrigar a gestĂ£o Jair Bolsonaro a manter o Censo em 2021. Ao analisar o caso, o plenĂ¡rio do tribunal decidiu esticar o prazo atĂ© 2022, decisĂ£o recebida como uma vitĂ³ria pela equipe econĂ´mica. O IBGE tambĂ©m chegou a apontar que os atrasos na fase de preparaĂ§Ă£o jĂ¡ nĂ£o permitiriam iniciar a coleta de dados nos meses subsequentes.