Considerado um dos autores de cinema mais influentes do mundo, Jean-Luc Godard completa 89 anos nesta terça-feira, 3 – nasceu no 7º ème arrondissement de Paris, em 1930. A data merece uma comemoração especial do Telecine Cult, que programou sete filmes do diretor, a partir das 15h15. O primeiro estreia no canal de cults – Uma Mulher Casada. Será seguido, pela ordem, por – Tudo Vai Bem, às 17h; Eu Vos Saúdo, Maria, às 18h45; A Chinesa, às 20h10; O Bando à Parte, às 22h; Salve-se Quem Puder (a Vida), às 23h45; e Week-End à Francesa, à 1h25.

De origem suíça, o jovem Godard foi estudar em Paris, mas, como informa Jean Tulard no Dicionário de Cinema, frequentou mais a Cinemateca que a Sorbonne. Crítico em Cahiers du Cinéma e Arts – com o pseudônimo de Hans Lucas -, realizou, a partir de uma história de François Truffaut, o filme manifesto da nouvelle vague – Acossado, há 60 anos. Construiu a própria lenda e, desde então, é celebrado como arauto de um novo cinema – independente, autoral e político.

A Mulher Casada provocou escândalo em 1964 e Godard foi forçado a mudar o título – em vez de generalizar, A Mulher Casada, particularizou – Uma Mulher. O filme propõe as 24 horas na vida de uma mulher, interpretada por Macha Méril. Charlotte é casada, mas tem um amante. Godard filma fragmentos de sua vida, alternando grandes planos do seu rosto e de partes mais íntimas do seu corpo.

Por que desconstruir essa mulher? Para denunciar a moral burguesa e a sociedade de consumo. Apresentados de forma um tanto aleatória, acronológica, os filmes viajam no tempo, mostrando a radicalização de Godard. Ao contrário do título, Tudo Vai Bem, com Jane Fonda, Yves Montand e codireção de Jean-Pierre Gorin – um de seus raros filmes comerciais -, sugere que nada estava bem no mundo de 1973. O filme denuncia a alienação da classe trabalhadora. Os sindicatos detestaram e Godard foi chamado de irresponsável.

Je Vous Salue, Marie foi o filme que o então prefeito Jânio Quadros tentou de todas as formas proibir em São Paulo, em 1985. O mistério da encarnação é transposto para o mundo moderno, onde uma jogadora de basquete, Myriam Roussel, fica grávida. Será o filho de Deus? Salve-se Quem Puder (a Vida) é um etudo de personagens – um produtor, a ex-namorada e colaboradora e a prostituta de quem ele já foi cliente. Week-End à Francesa, com Mireille Darc, denuncia a sociedade do automóvel e transforma um congestionamento gigante em derrocada do capitalismo – o ano era 1968, do célebre Maio, e Godard pregava/acreditava na revolução. Mas duvidava que fosse ocorrer – em A Chinesa, os revolucionários são intelectuais isolados num apartamento, distanciados das massas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.