O procurador-geral do Líbano ordenou a soltura de 34 manifestantes que foram presos nos violentos protestos que ocorreram em Beirute, capital do país, no último sábado. Com exceção de presos que já possuem ficha criminal, que continuarão detidos, os outros serão liberados após serem presos na manifestação mais violenta desde que os protestos contra a elite política do país começou, há três meses.

No último sábado, a polícia de choque do Líbano utilizou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar manifestantes que protestavam contra a elite política libanesa nos arredores do parlamento na capital.

A confusão teve início quando alguns manifestantes começaram a atirar pedras contra policiais perto do prédio do Parlamento, enquanto outros manifestantes removiam placas de rua e barras de metal para arremessá-las contra as forças de segurança. Os manifestantes também atiraram fogos de artifício contra os policiais.

O tumulto ocorreu na região central de Beirute, e centenas de manifestantes começaram a chegar de três partes diferentes da cidade para se unir ao grupo. A Cruz Vermelha libanesa disse ter levado 30 pessoas para hospitais, enquanto outros 45 foram tratados no local.

O Líbano tem testemunhado protestos contra a elite política libanesa que tem governado o país desde o final da guerra civil (que ocorreu entre 1975-1990). Os manifestantes culpam os políticos pela corrupção generalizada e má gestão do país. Os manifestantes chamaram por novos protestos na tarde deste sábado sob o lema “nós não vamos pagar por isso” em referência a dívida do país, que está em aproximadamente US$ 87 bilhões, ou mais de 150% do PIB.

A agitação social tem crescido nos últimos tempos, com a moeda local, atrelada ao dólar por mais de duas décadas, perder mais de 60% de seu valor nas últimas semanas. A economia segue estagnada e a entrada de capital estrangeiro secou no país já endividado e dependente das importações.

Ao mesmo tempo, os bancos começaram a impor controles informais de capital, limitando a retirada de dólares e transferências para o exterior. No início desta semana, manifestações já resultaram em atos de vandalismo em uma das principais áreas comerciais de Beirute, tendo como alvo os bancos privados.

Além disso, o Líbano está sem governo desde que o primeiro-ministro Saad Hariri renunciou em 29 de outubro, atendendo a uma demanda importante dos manifestantes. A expectativa era de que o primeiro-ministro Hassan Diab anunciasse os membros do novo gabinete na sexta-feira, mas sua iniciativa fracassou em meio à disputas entre facções políticas.