Luiz Costa/SMCS – Novas restrições devem atingir a Grande Curitiba

O governo do Paraná vai anunciar, hoje, novas medidas de restrição para as regiões do Paraná que mais sofrem devido ao avanço da pandemia de Covid-19. O decreto ainda está sendo feito pela equipe do governo, mas vai começar a valer já amanhã.
Na noite de ontem, o governo divulgou uma nota confirmando que “está elaborando uma série de medidas para conter o avanço da Covid-19. As medidas estão sendo discutidas em diversas instâncias do Executivo e serão apresentadas aos demais poderes do Estado. A previsão é de que haja ampla divulgação das decisões hoje”, diz a nota. “O Governo do Estado antecipa que não se trata de impor um ‘lockdown’ em todo o Paraná”, termina.
Segundo fontes consultadas pelo Bem Paraná, as novas medidas restritivas, que “se aproximam do lockdown” são para as macrorregiões Leste e Oeste do Estado, que englobam Curitiba e Região, Campos Gerais e a Região Oeste do Paraná.
A movimentação do governo coincide com a pressão do Ministério Público do Paraná (MPPR), que entrou com ação pedindo “lockdown” e revisão da flexibilização no comércio.
O governador Carlos Massa Ratinho Junior já teria marcado, inclusive, uma reunião online às 9h30 de hoje com o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), desembargador Adalberto Jorge Xisto Pereira, e o presidente da Assembleia Legislativa, Ademar Traiano.
Oficialmente, o governo do Estado confirma que as medidas mais restritivas serão anunciadas, mas nega o “lockdown” para todo o Estado.
Macrorregiões
As duas macrorregiões são as que registram os maiores índices de ocupação de leitos de UTI e enfermarias tanto nos leitos exclusivos para Covid-19, quanto nos leitos gerais para o SUS. Além da sobrecarga visível no hospitais, a preocupação das autoridades de saúde do Estado é que a curva do novo coronavírus não dá sinais de redução e os índices de isolamento também não melhoraram com as últimas medidas de restrição.
As macrorregionais Leste e Oeste estão com taxa de ocupação de 77% para leitos SUS para Covid-19, de acordo com boletim desta segunda (29). Somente na Região Metropolitana de Curitiba, há cinco hospitais sem vagas em UTI para pacientes de Covid 19 e um sem vagas na enfermaria.

Novas medidas podem voltar a fechar shoppings e decretar o toque de recolher
Entre as medidas já dadas como certas no novo decreto, estão o fechamento das igrejas, shoppings e de praticamente tudo nos fins de semana e toque de recolher às 22 horas. Até o fechamento da matéria, ainda não havia definição sobre os horários do comércio.
Estas medidas se assemelham ao que já acontece na Região Metropolitana de Curitiba desde a semana passada, quando decretos municipais de cidades da região, incentivadas por uma sugestão da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba (Assomec) e por um decreto estadual que unificava as ações para a região, também fecharam serviços não essenciais nos fins de semana.
Mas, mesmo com estas restrições, o presidente da Assomec, Márcio Wozniak, prefeito de Fazenda Rio Grande, não descartava um lockdown nos municípios, caso o número de infectados não parasse de subir na Região Metropolitana.
De acordo com fontes consultadas pela reportagem do ‘Bem Paraná’, o reforço das restrições também daria tempo para o governo e as prefeituras ativarem mais leitos para a demanda causada pela pandemia. Em Curitiba, por exemplo, a Prefeitura de Curitiba corre contra o tempo para contratar equipe de médicos e enfermeiras para colocar em funcionamento o Instituto de Medicina e Cirurgia, no Alto da XV, que será reaberto em meados de julho com 110 leitos, sendo 50 de UTI e 60 clínicos (para casos menos graves).

Justiça dá 72 horas para que governo se manifeste sobre petição do MPPR
O juiz substituto da 4ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, Eduardo Lourenço Bana, concedeu três dias de prazo para o governo do Paraná se manifestar sobre a petição protocolada ontem pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) pedindo a invalidação dos decretos que autorizaram o funcionamento das atividades comerciais não essenciais durante o periodo de emergência por conta da pandemia de Covid-19.
A ação ainda pede que, em função do agravamento do quadro de contaminação e do número de mortes decorrentes da Covid-19, o Estado do Paraná adote medidas restritivas compatíveis com a gravidade do atual cenário, entre elas o lockdown, sobretudo nas regiões que apresentam quadros mais preocupantes, como Curitiba, Litoral, Campos Gerais e municípios da Região Oeste do Paraná.
Na ação, os promotores lembram que até meados de abril o Paraná vinha adotando regras que o colocavam como referência nacional em prevenção.