PRF/Divulgação – No segundo dia de greve geral

Quem trafegou entre segunda-feira e ontem pelo Contorno Sul de Curitiba se deparou com uma situação inusitada. Geralmente abarrotada de caminhões de carga, a estrada vive dias de tranquilidade por conta da greve dos caminhoneiros autônomos, iniciada na última segunda-feira. O cenário, inclusive, serve de alerta. Se a greve persistir por mais tempo, a Capital irá sofrer com o desabastecimento.
De acordo com Marcos Battistella, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), por conta das manifestações e bloqueios parciais, em rodovias federais, e também pela adesão da categoria à greve, Curitiba está hoje ilhada. “Os bloqueios são mais afastados da Região Metropolitana, mas como vai abastecer Curitiba? Estrada para São Paulo está fechada. Paranaguá, Ponta Grossa, também. Estamos ilhados aqui em Curitiba”, afirma o sindicalista.
Ainda segundo Battistella, a Capital deve “durar um pouco mais” do que outras regiões do Paraná, uma vez que aqui estão os grandes depósitos e armazéns de diversas empresas. “Mas já começamos a ver problema de desabastecimento em algumas indústrias por falta de matéria-prima, provavelmente vamos ter problemas em mercados, postos de combustível. Acredito que a partir de amanhã a coisa comece a ficar mais pesada em todo o país”, destaca.

Movimento começa a afetar o abastecimento 
A greve geral dos caminhoneiros autônomos começa a afetar o abastecimento, especialmente no interior do Estado.  Ontem, já havia registro de alguns produtores de leite no Oeste do Paraná que tiveram de descartar seu produto por falta de caminhões para o transporte. Municípios também do interior também estariam começando a sofrer com a falta de combustível.
Ontem, a Cooperativa Central Aurora Alimentos emitiu um comunicado i nformando que, em consequência da greve que atinge o setor de transportes nas regiões onde estão instaladas as suas unidades produtivas, paralisará totalmente as atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul (inicialmente) amanhã e na sexta-feira.
Cide zerado
Ontem, os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciaram que o governo vai zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) cobrada sobre os combustíveis. Os parlamentares informaram que os recursos que poderão ser obtidos com o projeto que reonera setores da economia, ainda em tramitação no Congresso, serão usados para reduzir o impacto sobre o aumento do preço do diesel.
O anúncio de ambos ocorreu de forma surpreendente, já que, até o fim da manhã de ontem, o ministro fa Fazenda considerava “reduzido” o espaço para diminuir os tributos dos combustíveis. A equipe econômica do governo não se manifestou sobre o assunto.

Polícias contaram 97 pontos de protesto
Até o final da tarde de ontem, as polícias rodoviárias federal e estadual contavam 97 pontos de manifestações de caminhoneiros em rodovias e estradas federais  e estaduais. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) tinha até as 17h30, contado 47 pontos de manifestações, com bloqueios parciais ou apenas com os caminhões parados no acostamento. O Batalhão de Polícia Rodoviária contabilizou 50 pontos de protesto em rodovias estaduais até o final da manhã de ontem. Os caminhoneiros realizam, em pontos localizados, bloqueios parciais. Ontem, isso aconteceu em um trecho da BR-376, em São José dos Pinhais e na BR-277, entre o Litoral e Curitiba. Os atos duravam pouco tempo. Na BR-116, entre Curitiba e Santa Catarina, também houve lentidão por causa dos protestos, assim como no trecho entre Curitiba e São Paulo.