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Há dois anos, as esquinas da Coronel Dulcídio e da Avenida do Batel se tornaram ponto de encontro para diversos perfis de curitibanos. É no Hauer Shopping, onde se concentram 17 estabelecimentos de gastronomia, que muitas pessoas usam para fazer o seu happy hour, com um mix de operações capaz de agradar a qualquer tipo de paladar. Boa parte desses espaços não conta com garçons, e o próprio cliente é responsável por fazer os seus pedidos e pagá-los, não ficando restrito a consumir em apenas um estabelecimento, modelo típico do comércio de rua mais recente.

 

“Na verdade, esse movimento de rua é antigo, veio lá do Torto, da própria Vicente Machado. Foi algo que demorou a engrenar em Curitiba. Hoje em dia, há outros locais com esse perfil. Nosso diferencial está no número e na oferta de produtos. Há bares com perfis muito distintos, do inglês para japonês, passando pelo americano. Por isso, somos procurados por causa dessa nossa diversidade e pelo fato de oferecermos boa comida a preços justos”, relata Raphael Medeiros Adada, presidente da Associação dos Lojistas do Hauer Shopping (ALHS).

 

As especificidades desse tipo de comércio levam os empresários – em sua maioria, jovens empreendedores na casa dos 30 anos – a defenderem uma regulamentação própria. “Estamos abertos a fazer um diálogo com todas as autoridades e legisladores para transformar o Hauer Shopping em um modelo deste comércio de rua. Precisamos regulamentar nossa situação e dependemos desse entendimento do poder público. Como estamos dispostos a startar, é uma oportunidade de fazer uma parceria com todos os envolvidos e que funcione de modelo para outras praças da cidade que venham a aparecer no mesmo formato”, explica Adada.

 

Para Daniel Mocellin, sócio proprietário da rede WhataFuck Hamburgueria, que conta com uma unidade no Hauer Shopping, uma regulamentação específica daria mais segurança jurídica aos empresários e ferramentas de controle e fiscalização por parte da prefeitura. “Nós temos obrigações e deveres a serem cumpridos, é claro, assim como o poder público também precisa oferecer certas condições. Mas o que mais desejamos é a criação de uma lei que nos categorize para que possamos trabalhar em cima dela”, opina.

 

Assim como outros pontos da cidade, o Hauer Shopping recebe reclamações, sendo que a maioria não está relacionada à operação dos comércios, mas a casos de violência e uso dos recuos dos pontos comerciais após o seu fechamento às 2 horas. “Nos preocupamos muito com os nossos vizinhos. Garanto que toda nossa atuação leva em consideração os moradores da região. Mas infelizmente acabamos sofrendo com problemas que estão fora do nosso alcance. Por esse motivo o diálogo com o poder público é fundamental. Juntos, podemos trabalhar por uma cidade ainda melhor”, ressalta Adada.

 

Movimentação da economia

 

Esses novos espaços democráticos voltados à gastronomia são responsáveis por movimentar a economia local, visto que têm apreço por valorizar os produtos regionais. As 17 operações do Hauer Shopping pagam mais de R$ 100 mil ao mês em tributos e geram pelo menos 100 empregos diretos – se forem considerados os postos de trabalho indiretos, são mais de mil pessoas diretamente envolvidas em atendimento, logística, limpeza, segurança, entre outras áreas.

 

“Para você ter uma ideia, contamos com uma cooperativa de 32 famílias que fazem o recolhimento de lixo, que conseguem reaproveitar 85% do que geramos”, conta o presidente da ALHS. Por mês, todos os estabelecimentos vendem aproximadamente 50 mil litros de chope. “Quase a totalidade deles, em torno de 95%, são oriundos de cervejarias regionais e locais, sendo que a maioria delas até mesmo integra um roteiro de cerveja proposto pela própria prefeitura de Curitiba. Além disso, nossa estimativa é de que vendemos, aproximadamente, 2 toneladas de comida por semana, movimentando toda a cadeia produtora da cidade”, completa Adada.