O ex-cirurgião plástico Hosmany Ramos quer continuar na Islândia para terminar a autobiografia. Hosmany foi preso na semana passada ao tentar entrar no país usando o passaporte do irmão. Ele está foragido da Justiça brasileira desde o fim de 2008, quando deixou a cadeia no interior de São Paulo com o benefício da saída temporária para o Natal. Condenado a 15 dias (isso mesmo, 15 dias), ele classifica a prisão islandesa como um “hotel 4 estrelas” e espera permanecer na Europa.

O Brasil não tem acordo de extradição com a Islândia, mas pode usar um pacto de reciprocidade – tratamentos iguais para presos nos dois países – para trazer Hosmany de volta. Para tanto, aguarda-se uma decisão da Justiça brasileira.

Na prisão, ele tem acesso à internet, iPod, televisão e atende ao telefone. Hosmany deve ficar preso até a semana que vem e diz que não há como comparar as prisões brasileiras com as do país europeu. “As brasileiras são verdadeiros infernos”, diz. O médico se diz perseguido no Brasil e conta que procurou um lugar “onde pudesse ser aceito”.

Hosmany nega que estava indo para o Canadá. Ele embarcou de Oslo, na Noruega, em um voo que iria para o país da América do Norte, com uma escala na Islândia. No entanto, diz que sempre quis ir para a Islândia. “Aqui tem uma energia fantástica”, afirma.

Para chegar até a Islândia, Hosmany passou por vários países da Europa. Ele conta que comprou um Euroline pass, um bilhete que custa cerca de 230 euros e dá direito a viagens ilimitadas entre países europeus durante 15 dias. Antes de ir para a Europa, passou pela Guiana Francesa, onde visitou a Ilha do Diabo, antiga colônia penal francesa retratada pelo escritor Henri Charrière no livro Papillon.

O ex-cirurgião conta que não quer voltar ao Brasil. “Se o Brasil quiser me levar, me considere como um médico. Então me deixem ficar do mesmo jeito que o Lalau, que daí eu volto para São Paulo. Se tiver segurança, para mim não tem problema. Mas eu não pretendo isso”, afirmou, fazendo referência ao juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto. Lalau foi condenado pela Justiça por desviar quase R$ 170 milhões da construção do Fórum Trabalhista de São Paulo e está preso em regime domiciliar.

SEM DEFESA – Marco Antônio Arantes de Paiva, advogado do ex-cirurgião, voltou a afirmar à reportagem que vai abandonar a defesa do caso. Paiva contou que a última vez que falou com seu cliente foi em dezembro, quando Hosmany Ramos demonstrou interesse em sair do País. Segundo ele, não foi informado sobre a saída de Hosmany do Brasil nem sobre sua prisão na Islândia.