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Hospitais filantrópicos do Paraná podem aderir nesta terça (19) ao movimento Chega de Silêncio, promovido pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CBM), que quer chamar atenção para crise financeira que atinge o setor. Segundo dados da confederação, desde o início do plano real, em 1994, a tabela SUS e seus incentivos foram reajustados, em média, em 93,77%, enquanto o INPC (Índice de Preços no Consumidor) foi em 636,07%, o salário-mínimo em 1.597,79% e o gás de cozinha em 2.415,94%. “Este descompasso brutal representa R$ 10,9 bilhões por ano de desequilíbrio econômico e financeiro na prestação de serviço ao SUS, de todo o segmento”, diz postagem da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) no Instagram. A ideia da confederação é que os hospitais mantenham apenas os atendimentos emergenciais, mas aqueles que decidirem pela não paralisação dos serviços também participarão do protesto de forma simbólica, com o uso de camisetas pretas pelos funcionários e panfletagens. No Paraná, a Femipa reúne 71 Santas Casas e hospitais filantrópicos. Juntos ofertam ao SUS 11.899 leitos, sendo 1178 de UTI. Para se ter ideia da representatividade desse número, no estado, estão disponíveis ao SUS 13.725 leitos de internação e 2.205 leitos de UTI. Não se sabe quantos e quais hospitais vão paralisar os serviços. O Hospital Pequeno Príncipe, especializado em pediatria, em Curitiba, por exemplo, não vai paralisar nenhum atendimento, mas vai apoiar o movimento Chega de Silêncio.

“A confederação convocou para o o dia 19 um dia de movimentação, de alerta, pela grave situação que que passam os hospitais filantrópicos. Queremos convocar as autoridades sobre algumas demandas no Congresso e sobre a defesagem de repesses para os hospitais filantrópicos e Santas Casas. Em algumas cidades do Paraná, são as únicas instituições de saúde. Queremos encontrar soluções”, disse o presidente da Femipa, Charles London,  m vídeo no Instagram, convocando as instituições do Paraná. Em outra postagem, a Femipa diz que é necessária a alocação imediata de R$ 17,2 bilhões anuais para o equilíbrio econômico e financeiro no relacionamento dos hospitais filantrópícos com o SUS.

Outro ponto levantando pela CBM é uma projeto quye tramita na Câmara Federal, com votação prevista para os próximos dias, o projeto de lei 2564/20, originário e aprovado no Senado, e que institui o piso salarial da enfermagem. A confederação alega que o impacto da proposta para os hospitais filantrópicos que prestam serviços ao SUS é estimado em R$ 6,3 bilhões.

Dados

-No Brasil, Santas Casas e Hospitais filantrópicos disponibilizam 195 mil leitos, sendo 26 mil de UTI.

– Para mais de 800 municípios, esse é o único serviço de saúde disponível.

– Os filantrópicos são responsáveis por 70% dos procedimentos de alta complexidade por meio do SUS.

– Santas Casas e Hospitais filantrópicos fazem 5 milhões de internações, 1,7 milhões de cirurgias e 280 milhões de atendimentos ao ano.

– Desde 1994, a tabela teve, em média, 93,77% de reajuste, enquanto o gás de cozinha foi reajustado em 2.415,94%, o INPC foi 636,07% e o salário mínimo foi 1.597,79%.

– O déficit financeiro decorrente dos atendimentos ao SUS é de R$ 10,9 bilhões por ano.

– Nos últimos 6 anos, 315 hospitais filantrópicos fecharam as portas, reduzindo 7 mil leitos do SUS. Na pediatria, foram mais de 9 mil leitos fechados.

– Entre 2010 e 2019, foram fechados 15.944 leitos pediátricos, sendo 13.800 deles disponibilizados ao SUS.

– Mais de 3 milhões de pessoas, com vínculo direto e/ou indireto dependem economicamente dos filantrópicos.