Além de todos os ensinamentos que deixou, Jesus Cristo deixou também uma importante lição de técnica de comunicação. Muitos autores já apontaram as características de Jesus como líder, como administrador e até como psicólogo, resgatando as atitudes do Mestre narradas na Bíblia e que podem – e devem – ser adotadas para sermos pessoas melhores. Mas, além da conduta irreparável de companheiro, líder e servidor, Jesus também nos deu boas diretrizes para melhorarmos a nossa aproximação com as pessoas, a nossa comunicação. A técnica que Ele utilizava para anunciar a Boa Nova é, ainda hoje, uma das mais eficientes em termos de didática: as parábolas.

Contar histórias, fazer comparações e usar metáforas ajudam no processo de identificação do público com o assunto abordado. É uma forma de as pessoas terem sua sensibilidade aguçada ao se imaginarem no papel de cada personagem da história fictícia narrada. Além disso, como Jesus muitas vezes falava para plateias heterogêneas, atingindo desde as classes mais baixas e marginalizadas até os doutores da Lei e líderes religiosos. Por isso, as parábolas também eram uma maneira de ‘traduzir’ em linguagem simples os assuntos mais diversos, tornando a mensagem clara e compreensível para todos.

Nós também, hoje em dia, quase sempre falamos para as mais diferentes pessoas, mesmo quando estamos em grupos pequenos. Por exemplo: entre trabalhadores de um departamento da empresa, encontramos interesses diversos, diferentes graus de instrução e estilos plurais. Por isso, é preciso encontrar uma forma de comunicar que seja clara e inteligível para todos. Contar histórias, como as parábolas, é uma boa alternativa.

No meio corporativo, virou moda usar fábulas – histórias em que animais ou seres inanimados têm inteligência e linguagem semelhantes às humanas – com mensagens educativas ou motivadoras. É o caso da fábula do sapinho surdo – que diz que não devemos dar ouvido aos derrotistas; do escorpião que pica o sábio – que diz que devemos respeitar a natureza de cada um; da formiga e da cigarra – hoje em diferentes versões, a tradicional, que lembra a importância do trabalho incansável e a moderna, que fala que devemos perseguir os nossos sonhos; e de tantas outras, que nos ajudam a transmitir mensagens importantes para o dia-a-dia do ambiente de trabalho.

Mas é claro que temos que ter alguns cuidados ao utilizar fábulas ou parábolas. O primeiro e mais importante é certificar-se de que a mensagem central é mesmo condizente com o assunto principal de nossa reunião ou apresentação. Segundo: que a ‘moral da história’ seja, de fato, compreendida pelo grupo. Por fim, é preciso cuidar para não perder a credibilidade, o que pode acontecer se escolhermos histórias demasiadamente infantis. Imagine, por exemplo, começar uma reunião de executivos dizendo: Era uma vez um macaquinho que sabia falar…

Quando bem utilizadas, como tantas vezes fez Jesus, elas vão direto ao foco, chegando ao coração e colocando a cabeça para pensar. Parafraseando o Mestre: quem tiver olhos para ler, que leia…

(baseado em trecho do livro Etiqueta Social e Empresarial, de Adriane Werner – Editora Intersaberes)

Adriane Werner. Jornalista, especialista em Planejamento e Qualidade em Comunicação e Mestre em Administração. Ministra treinamentos em comunicação com temas ligados a Oratória, Media Training (Relacionamento com a Imprensa) e Etiqueta Corporativa.