Reprodução / TV Globo – Juliette comemora a conquista do ‘BBB’ 21: 90

O ‘Big Brother Brasil 21’ terminou nesta terça-feira (4) e coroou a advogada e maquiadora paraibana Juliette como a vencedora do prêmio máximo, de R$ 1,5 milhão. Ela recebeu 90,15% dos votos do público na decisão do programa, que ainda tinha a influenciadora digital carioca Camilla de Lucas, que somou 5,23% dos votos, e o cantor/ator paulista Fiuk, que obteve 4,62%. A paraibana, com isso, levou o prêmio de R$ 1,5 milhão e foi a campeã de um programa que foi chamado de “Big dos Bigs”, graças aos números impressionantes, às pautas relevantes e a alguns participantes que marcaram história.

Pesou a favor de Juliette a sinceridade e o carisma que ela mostrou em todo o programa, ainda que espectadores a taxassem de egocêntrica e tagarela – características que ela mesmo admitia. Ela conseguiu vencer apenas uma prova de liderança em todo o programa, exatamente a última. Mas sempre foi apontada como uma das favoritas, ao lado do economista pernambucano Gilberto, eliminado no último domingo (2) e que era outra personalidade marcante no programa. Nas redes sociais, a paraibana tinha menos de 4 mil seguidores quando começou o programa. Mas foi crescendo e, até esta terça-feira, somava 24 milhões de seguidores. 

No programa, os finalistas lamentaram a morte do ator Paulo Gustavo, ocorrida na noite de terça-feira, às 21h12. Nas redes sociais, muitos internautas criticaram a Globo por não ter cancelado o programa diante da morte do artista.

Por outro lado, a festa rolou solta, inclusive com ex-BBBs se apresentando no show final. O sertanejo goiano Rodolffo cantou com seu parceiro, Israel. A rapper curitibana Karol Coká cantou uma música inédita. A funkiera carioca Pocah também cantou. E o rapper paulista Projota cantou ao lado do ator pauolista Lucas Penteado. Todos era brothers dessa edição do programa. 

Juliette era parte da “Pipoca”, composta por 10 participantes anônimos, em comparação com o “Camarote”, que tinha 10 pessoas com fama no mundo real ou no virtual, como Fiuk (ator que já esteve em novelas da Globo) ou Camilla de Lucas (influenciadora digital). Em 2020, primeira vez em que houve essa divisão, quem ganhou também foi uma anônima: a médica paulista Thelma derrotou a ativista mineira Rafa Kalimann e a cantora paulista Manu Gavassi, ambas do “Camarote”. 

Números

Até mesmo Boninho, o diretor da Globo responsável pelo ‘BBB’, chamou essa edição de “Big dos Bigs”. Os números são superlativos. Eram 20 participantes (um recorde) e 100 dias de confinamento (outro recorde). Antes da estreia, a previsão era de um faturamento de R$ 550 milhões para a TV Globo, 50% a mais que a edição anterior. Nos últimos episódios, o intervalo comercial do programa custava mais de R$ 500 mil. Em alguns paredões, a Globo chegou a fazer intervalos comerciais entre a eliminação propriamente dita e o bate-papo do eliminado com o apresentador Tiago Leifert, apenas para encaixar anunciantes (e faturar mais com isso).

Além disso, o ‘BBB 21’ bateu com folga todos os recordes de rejeição de participantes. Até então o recorde era de Aline – eliminada com 95% dos votos em um paredão contra a então desconhecida paranaense Grazi Massafera, em 2005. Esse recorde foi pulverizado logo na terceira semana do ‘BBB 21’, quando o comediante gaúcho Nego Di somou 98,76% num paredão contra Fiuk e a analista de marketing brasiliense Sarah. Analistas acharam que seria impossível bater essa marca, mas na semana seguinte foi a vez de Karol Conká ir ao paredão. A rapper curitibana obteve 99,17%, recorde absoluto, numa berlinda contra Gil e o crossfiteiro capixaba Arthur. Já na reta final do programa, a youtuber paulista Viih Tube foi eliminada com 96,69% dos votos numa berlinda contra Gil e Arthur. Com isso, ela entrou no pódio de maiores rejeições da história – todas registradas nesta edição.

Karol Conká, por sinal, foi uma das pessoas que mais se envolveu em tretas. Antes do programa, a curitibana dizia que não pretendia “ficar” com ninguém. Na segunda semana na casa, enroscou-se com o modelo capixaba Arcrebiano, ou Bill. O romance não apenas não engatou como gerou atritos e constrangimentos (dentro e fora da casa). Alegando que a atriz paulista Carla Diaz estava de olho no “crush”, Karol quebrou o pau com ela. Também brigou diretamente com Sarah e com Camilla de Lucas. Mas nada superou ela mandando o ator paulista Lucas Penteado sair da mesa para poder “comer na paz do Senhor”. Certa noite, em um jogo ao vivo, ela o chamou de “m*”. Esses momentos contribuíram para a eliminação recorde da rapper.

Carla Diaz, por sua vez, protagonizou dois momentos de destaque. Ela foi eliminada num paredão falso para voltar dois dias depois. Reapareceu vestida de “dummy” e gerou impacto entre os demais participantes. No mesmo dia, ela fez uma declaração de amor a Arthur, com quem vivia um romance aos trancos e barrancos. O crossfiteiro respondeu com um frio “partiu”, fazendo o telespectador sofrer de vergonha alheia. Carla deixou o programa dois paredões depois.

Pautas

Se por um lado o programa teve poucos romances, por outro lado registrou o primeiro registro de beijo gay da história. Foi entre Gilberto, homossexual assumido, e Lucas, que se declarou bissexual em pleno programa. Mas os brothers puseram em dúvida as intenções e a bissexualidade de Lucas. Isso foi a gota d’água para o ator pedir para sair do programa, após dias de desentendimentos com os brothers.

Além de Gil e Lucas, a casa tinha o professor mineiro João Luiz, também gay, e a psicóloga baiana Lumena, lésbica. Karol Conká e a cantora carioca Pocah afirmaram ser bissexuais em entrevistas antes de entrar na casa. Kerline se declarou bissexual depois de sair. A primeira grande confusão na casa começou quando alguns dos homens se maquiaram e desfilaram. O fazendeiro goiano Caio fez trejeitos afeminados, o que desagradou Lumena, que alegou desrespeito à comunidade transexual.

Apesar disso, quando Lucas Penteado beijou Gil, sua bissexualidade foi colocada em dúvida até mesmo por participantes LBTQIA+. Lumena acusou o ator de usar o episódio para “se promover” em torno da pauta da diversidade. Juliette disse que o brother “não se decidia”. Mas João deu uma aula sobre bissexualidade.

A discussão sobre o racismo permeou toda a edição. Foi a edição com o maior número de participantes negros – 9, ao todo – e muitas polêmicas. Lucas propôs aos brothers negros uma união para eliminar os brancos primeiro. O colorismo entrou em pauta quando Nego Di disse que Gil não podia se considerar negro, pois tinha a pele clara. O rapper paulista Projota concordou. Lumena levantou a discussão sobre privilégio branco.

Na segunda metade do programa, o sertanejo goiano Rodolffo comparou o cabelo de João à peruca do castigo do Monstro, que era de um homem das cavernas. João acabou desabafando sobre o episódio durante o Jogo da Discórdia, e Camilla de Lucas passou horas explicando ao sertanejo porque aquele tipo de comparação era racista e não poderia ser feita. Rodolffo não pareceu entender muito bem, e Tiago Leifert voltou a explicar o significado do Black Power na cultura negra depois do encerramento da votação. Rodolffo foi eliminado no paredão daquele dia. No dia seguinte, em café da manha com a apresentadora Ana Maria Braga – que virou tradição – o sertanejo prometeu melhorar e se atentar. Um indicativo de que o ‘Big Brother’ pode mudar comportamentos.