Franklin de Freitas – Tito de Paula

A Justiça Eleitoral enfrenta o desafio inédito de organizar a disputa por prefeituras e câmaras municipais em meio a uma pandemia que já matou mais de 100 mil brasileiros. Com a experiência de quem acompanha de perto o processo eleitoral desde 1989, ou há mais de 30 anos, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), desembargador Tito Campos de Paula, admite que o órgão vive uma situação totalmente nova, que obriga a instituição a se reinventar e se adaptar a uma realidade nunca vista no País.
E não se trata de um desafio pequeno, afinal, em meio à emergência sanitária, a eleição no Paraná envolve mais de 8 milhões de eleitores, 120 mil pessoas trabalhando no pleito como mesários e outras funções, e cerca de 30 mil candidatos a vereador e prefeito.
“Na verdade, nenhum de nós vivenciamos uma situação semelhante a essa”, reconhece o magistrado. “O TRE do Paraná historicamente quando terminava uma eleição, quinze dias depois marcava uma reunião chamada ‘prepara’ que reunia todos os servidores da Justiça Eleitoral paranaense, para discutir o que deu certo, o que teve uma falha para se corrigir. E foi feito essa reunião em novembro de 2018, logo após às últimas eleições. Ocorre que todo aquele preparo nosso, nesse ano surge a pandemia, e a gente teve que se readequar totalmente. Tudo é uma experiência nova”, relata ele.
Além da suspensão do uso da biometria para a identificação dos eleitores já determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral, o TRE paranaense já definiu algumas medidas para garantir a segurança da votação, como como a organização de filas com distanciamento de pelo menos um metro e meio entre os eleitores, e a distribuição de máscaras, luvas e álcool gel para os mesários.
O tribunal aguarda ainda a edição de uma cartilha pelo TSE com os protocolos que devem ser adotados nos dias de votação. “Como é uma eleição municipal tem muito da realidade local. Cada juiz das 186 zonas. Felizmente, boa parte dos nossos servidores, fizeram concursos regionalizados. Isso ajudou bastante”, explica o desembargador.
O cuidado chega a detalhes aparentemente pequenos, como a orientação para que os eleitores, preferencialmente, levem suas próprias canetas no dia da votação. “Isso ajuda. Tem coisas que a gente vai deixar para a última semana, últimos 15 dias antes da eleição. Porque se começa a divulgar agora o eleitor acaba esquecendo. Essa é um dos casos. Incentivar os eleitores a cada um levar a sua caneta. Mas, de qualquer forma, vai ter o álcool gel. A logística está sendo montada”, afirma.
Simulação – Para garantir que tudo esteja planejado antecipadamente, o TRE já promoveu, por exemplo, uma simulação da votação. “Nós levamos em consideração cada segundo que consegue-se economizar para que o eleitor permaneça o menor tempo possível na sala de votação”, diz Tito de Paula. “A cada dez segundos que você consegue ganhar de tempo por eleitor, quando se multiplica por 400 eleitores, você tem uma hora de ganho para agilizar a votação”, detalha ele.

Campanha pelas mídias sociais ganha força

Diante das restrições provocadas pela pandemia do Covid-19, os candidatos às eleições municipais deste ano terão também que se adaptar, e concentrar esforços de campanha nas mídias sociais. O chamado “corpo a corpo”, afirma o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), vai depender da situação sanitária de cada município, e das medidas de contenção determinadas pelas autoridades da saúde pública estadual.
Para o desembargador, esse novo cenário não significa, necessariamente, um prejuízo para o debate eleitoral. “Nas eleições de 2018, pela análise que fizemos das prestações de contas, os candidatos que souberam usar bem as mídias sociais, gastaram bem menos, e uma boa parte tiveram mais suces so do que os que fizeram a campanha no modo tradicional, que gastaram muito mais e uma boa parte sequer conseguiu se eleger”, explica.
Uma das preocupações da Justiça Eleitoral é evitar que prefeitos restrinjam atividades de campanha por interesse próprio. “Se chegar a ter alguma restrição, só se tiver uma decisão por uma autoridade estadual. Para evitar que alguém com interesse político restrinja a campanha”, afirma Tito de Paula.
Fake news – Como forma de combater às chamadas “fake news”, o TRE lançou o projeto “Gralha Confere”, pelo qual eleitores podem checar informações relativas à eleição através do Whatsapp e das mídias sociais. “Nós pensamos nesse projeto principalmente para lidar com as fake news que digam respeito ao processo eleitoral em si”, afirma o presidente do tribunal. “Agora aquelas fake news que digam respeito entre candidatos, falando mal, inventando mentiras, isso como nós vamos ter mais de 30 mil candidatos, é óbvio que cada candidato vai ter que resolver, ir à Justiça, Ministério Público. O ‘Gralha Confere’ não teria a menor condição de fazer essa checagem”, aponta.
Mesários – Outro projeto lançado pelo tribunal nesta eleição é o “Universidade Amiga” para estimular a participação dos estudantes no processo. O projeto visa aumentar, por meio de parcerias com instituições de ensino superior, o número de mesários voluntários nas eleições deste ano, oferecendo de 30 a 60 horas extracurriculares aos estudantes das universidades conveniadas que se inscreverem para trabalhar no próximo pleito.
“A gente quer tentar trocar aquela ideia de convocação, forçada, pela ideia de convicção mesmo. Que a pessoa venha conhecer o processo eleitoral e quem sabe no futuro até mesmo direcionar para a vida política, para melhorar os quadros da própria política”, diz Tito de Paula.

Portal de tribunal atinge mais de 1 milhão de acessos
O Portal do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) na internet, acessado por eleitores, imprensa, candidatos e advogados, contou com 212 matérias que atingiram mais de 1 milhão visualizações de janeiro e julho deste ano. Já nas redes sociais, com o intuito informar o eleitor sobre o processo eleitoral e fomentar a cidadania, estimulando a participação da mulher na política e a adesão de mesários voluntários, várias campanhas foram realizadas no primeiro semestre de 2020 nos perfis oficiais do TRE-PR no Facebook, Instagram e Twitter, totalizando 814 postagens e um alcance de 387 mil pessoas no período, além de centenas de atendimentos de eleitores nos comentários, chats e mensagens diretas.
No Facebook, cujo perfil criado em 20 de abril de 2017 possui mais de 7.300 curtidas, um dos destaques das 267 postagens foram os vídeos gravados com servidoras e eleitoras em homenagem à Semana da Mulher. O post de encerramento da campanha teve um alcance de 88 mil pessoas. Na média de todas as postagens do perfil, foram alcançadas em média 25.872 pessoas por mês.
Para esclarecer dúvidas dos eleitores relacionadas ao processo eleitoral enviadas pelas redes sociais, outra campanha de sucesso é a série “Diz aí TRE”, veiculada sempre às quartas-feiras. A campanha compartilha com todos os internautas respostas que até então eram enviadas apenas para os eleitores que formulam as dúvidas nos chats.
O Instagram, uma das principais redes sociais do TRE-PR, criada em 02 de maio de 2017, conta com a marca de 5 mil seguidores. Devido ao forte apelo visual da mídia, desde o início de 2020 o perfil do Tribunal passou a veicular apenas conteúdos com design próprio nas 260 postagens do período, que tiveram um alcance médio, cada uma, de 2.815 pessoas.
O Twitter, criado em março de 2010, conta, atualmente, com 2.015 seguidores. No primeiro semestre de 2020, foram publicadas 314 postagens que alcançaram 161,3 de impressões.
Já o canal no Youtube, utilizado principalmente para a divulgação de vídeos institucionais e transmissão de sessões de julgamento da Corte e de eventos, atualmente há 3,71 mil inscritos.