Fotos: Pinterest/Reprodução – Referência étnica em coleção de Kenzo dos anos 1990

Esse novo coronavírus, sem nenhum pingo de bom humor, matou neste fim de semana o estilista Kenzo Takada, de 81 anos. Foi o primeiro designer asiático a sacudir a moda francesa. Para Kenzo, a criação era uma forma de rebater o excesso de realidade, a elegância podia ser revelada em meio aos excessos e nenhuma festa tinha hora para acabar.

Contemporâneo de Yves Saint Laurent e Karl Lagerfeld, ele, que saiu do Japão nos anos 1960 e veio a França a bordo de um navio, começou logo usando referências de indumentárias clássicas japonesas, como o quimono, para corromper a obviedade de formas e estruturas, sem contar o jeito de usar cores e estampas. Mergulhou na cultura latina, na russa, sem nenhum pudor, e globalizou a moda antes disso virar tendência.

E é pensando nele e nesse espírito transgressor da moda e da arte, que me recuso a acreditar que o tal do novo normal vire uma coisa chata, monótona, insossa. Até entendo que muita gente corra atrás de padrões para aquietar um pouco a insegurança com o próprio estilo e corpo, mas viver é mais. E para viver em sociedade ainda é preciso se vestir. Numa de suas últimas entrevistas, Kenzo – que estava afastado das passarelas desde 1999, quando vendeu a marca para o grupo LVMH – disse que queria que as pessoas continuassem a sonhar e a se divertir. Conselho válido e pronto para ser colocado em prática.

Olha lá ele e as modelos em kimonos desconstruídos

Coleção da H&M feita em parceria com Kenzo: cores, formas e a moda que vem das ruas inspirando o fashion

Alfaiataria by Kenzo também é mais transgressora

A roupa da passarela mistura referências cotidianas com a linguagem contemporânea de cores fortes e volumes sobrepostos