Tanto o Gaeco quanto a Polícia Federal afirmam que a deflagração 53ª fase da Lava Jato e da Operação “Rádio Patrulha”, no mesmo dia, foi “coincidência”. O procurador estadual Leonir Batisti, coordenador do Gaeco, disse que a operação que prendeu Beto Richa foi independente da Lava Jato. “Foi coincidência, insisto, embora ninguém vá acreditar”, declarou. O delegado federal Felipe Eduardo Hideo Hayashi também negou qualquer relação entre as duas ações. “Foi uma mera coincidência, não houve nenhum tipo de ação conjunta com o Ministério Público Estadual”, afirmou.

Assinada pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato, a “Operação Piloto”, cumpriu 36 mandados judiciais em Salvador (BA), São Paulo (SP), Lupionópolis (PR) Colombo (PR) e Curitiba (PR). O codinome “Piloto”, de acordo com a força-tarefa da Lava Jato, se refere a Beto Richa na planilha da Odebrecht. A investigação apura pagamento de vantagem indevida em 2014 pelo setor de propinas da Odebrecht em favor de agentes públicos e privados no Paraná, em contrapartida ao possível direcionamento do processo licitatório para investimento na duplicação, manutenção e operação da PR-323.

Segundo o MPF, empresários da Odebrecht realizaram um acerto de subornos com Deonilson Roldo, para que ele limitasse a concorrência da licitação para duplicação da PR-323, entre os municípios de Francisco Alves e Maringá. Em contrapartida, a Odebrecht pagaria R$ 4 milhões a Roldo e ao seu grupo. Perícia da PF nos sistemas Drousys e MyWebDay do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht verificou que foram pagos R$ 3,5 milhões em cinco pagamentos entre setembro e outubro de 2014. Os valores teriam sido entregues em São Paulo, em um condomínio relacionado à sogra de Jorge Atherino.