Franklin de Freitas

 Com  44  anos, o deputado estadual Ney Leprevost (PSD) foi vereador, secretário de Estado, deputado estadual e chegou ao segundo turno da eleição de 2016 para prefeito de Curitiba. Fez 405.315 votos, mas perdeu para Rafael Greca (PMN) por uma diferença de 56.421 votos. Ney admite que seu partido o pressionou por uma pré-candidatura ao Senado e que ainda não é um caminho concreto. De qualquer forma, afirma que vai deixar   o mandato atual de deputado estadual para disputar uma eleição federal.  “É um desejo muito grande do partido (a candidatura ao Senado). Evidente que não está batido o martelo ainda”, pondera.
Na Assembleia Legislativa era antes da base do então governador Beto Richa (PSDB), migrou para a “postura independente”, votando contra o governo em algumas frentes, em especial depois do “29 de abril”, quando policiais agiram contra professores contrários à mudanças na previdência. Leprevost é do grupo do deputado estadual Ratinho Junior (PSD), pré-candidato ao governo. Nos últimos anos  tem levantado a bandeira “anti-PT” e “a favor da Lava Jato”. 

Bem Paraná — Por que o senhor é pré-candidato ao Senado? 
Leprevost —
Há uma verdadeira pressão do partido para que eu seja candidato ao Senado. Evidente que não está batido o martelo ainda. Estou avaliando. E estou informando as lideranças que me apoiam, os líderes comunitários, os vereadores da Região Metropolitana, do Litoral, que devo ser candidato a deputado federal ou senador. Tenho uma legítima impressão de que nos próximos anos acontecerão grandes mudanças e essas mudanças passarão pelo Congresso Nacional. Da minha parte, mais a Câmara Federal, da parte do partido, mais o Senado. A decisão será tomada na convenção do partido, que acontece na última semana de julho. Tem muitas variáveis que podem acontecer até lá. Amanhã ou depois o nosso partido pode fazer uma coligação com o Podemos ou PDT. Se fizer essa coligação vem dois candidatos ao Senado. Vem Osmar Dias e vem Oriovisto. Aí é evidente que nós não vamos atrapalhar a candidatura majoritária mantendo uma candidatura ao Senado.

BP — O senhor apoia uma reforma na previdência?
Leprevost —
Reforma na previdência é um mal necessário. Mas não do jeito que está posto. Uma reforma para todos. Ou você tira o benefício para todo mundo ou não tira. Acabar com aposentadoria de político, de governador, de senador, de deputado federal. Deputado estadual aqui no Paraná já não tem aposentadoria. 

BP — É a favor de reforma tributária?
Leprevost —
Sou a favor. Sou inclusive simpático à ideia de Imposto Único. Naqueles moldes que eram defendidos por Flavio Rocha. A reforma mais importante e mais urgente hoje, no entanto,  é a reforma política. O sistema atual é hipócrita. A proibição de doação de empresas para campanhas políticas é extremamente anti-democrático, que vai na contramão da história, é hipócrita, porque muitos políticos continuam pegando dinheiro de empresas por meio da caixa 2, que dificilmente é descoberto pelas autoridades. Não considero justo que o eleitor tenha que pagar campanha política. 

BP — Por que as pessoa deveriam votar no senhor como senador?
Leprevost —
Eu servi a minha cidade como vereador. Sem falsa modéstia, servi muito bem. Servi meu Estado como secretário com apenas 25 anos de idade e como deputado estadual, e sem falsa modéstia, servi muito bem. Apesar de ainda novo, tenho 44 anos de idade, já tenho experiência na vida pública, uma carreira com uma ficha limpíssima.

BP — O que o senhor pensa do foro priviliegiado?
Leprevost —
Sou a favor do fim do foro privilegiado, acho uma excrescência. A Constituição diz que todos são iguais perante a lei, então não pode haver foro privilegiado, que se justificaria se não se tivesse as instituições democráticas funcionando perfeitamente. Aí você teria esse foro para resguardar o parlamentar de perseguições políticas daqueles que são os mandatários, daqueles que estão no poder, mas sou contra o foro privilegiado. 

BP — O senhor e o prefeito Rafael Graca (PMN) mantém vivas  animosidades entre ambos levantadas na eleição para a prefeitura em 2016. Sua pré-candidatura ao Senado é uma forma de se manter em evidência para que volte a concorrer à prefeitura em 2020?
Leprevost —
Eu nem sabia que o prefeito andava tão preocupado assim comigo. A cidade tem problemas importantes para ele resolver, principalmente na área de saúde. Penso que ser candidato a prefeito ou não daqui a dois anos vai depender muito mais do Greca do que de mim. Se o Greca melhorar a forma de gestão, se tornar mais democrático, conseguir administrar melhor, reduzir a máquina pública, cortar cargos em comissão, cortar as mordomias, combater as pequenas e grandes corrupções que acontecem nas administrações  do país, ele pode se credenciar para ser um candidato à reeleição, com grande chance de vitória. Não tenho uma obsessão de ser candidato a prefeito a qualquer custo. Se a minha cidade precisar de mim, se o prefeito estiver indo mal, se os curitibanos não quiserem mais o Greca eu posso vir a ser candidato. 

BP — Quem o senhor apoia para presidência da República?
Leprevost —
Torço muito por Alvaro Dias, que é do Paraná, uma pessoa com quem tenho ótimo relacionamento, é ficha limpa, tem mantido sua coerência e, assim como eu, apoiou desde o início a Operação Lava Jato, o trabalho do juiz Sérgio Moro, o trabalho da Polícia Federal, é um crítico do PT, como eu. 

BP — Ele vai apoiar o irmão dele, Osmar Dias, aqui no Paraná, em uma aliança natural e provavelmente oficial, com acordo entre os partidos. Se o seu partido, o PSD, oficializar aliança no Paraná com Jair Bolsonaro (PSL-RJ), o senhor também o apoiaria?
Leprevost —
Não. Meu candidato, a princípio, é Alvaro Dias. O partido sempre respeitou muito essas diferenças de opinião internas que ocorrem. Ficou claro desde o início que o PSD vinha para libertar as lideranças jovens da ditadura das cúpulas partidárias. O Paraná tem três ótimos candidatos a governador. Cida Borghetti é uma pessoa que tem carisma. Osmar Dias é um homem respeitado. . Ratinho Junior, que é nosso candidato a governador, representa o novo.

BP — O senhor se considera o “novo” também?
Leprevost —
O novo para deputado federal ou senador. Se eu fosse candidato a deputado estadual eu já não seria “o novo”. Para prefeito eu era o novo. 
BP — O que o senhor pensa da Operação Lava Jato? Acha que ela pode ter cometido algum erro possível de apontar?
Leprevost — Fui o primeiro político do Paraná a defender a Operação Lava Jato. Continuo defendendo. Uma das maiores honras na minha vida foi ter recebido a Medalha Gralha Azul da Polícia Federal. Acredito que hoje a instituição mais respeitada do País seja a Polícia Federal. Considero Sérgio Moro um homem íntegro, que está prestando serviços inestimáveis a esta nação. O trabalho dos procuradores da República chefiados por Deltan Dalagnol é muito bom. Acho que a Lava Jato tem que ser transformada em uma operação permanente de combate ao crime em nosso País. Assim como nós temos que fortalecer, dar mais estrutura, mais condições de trabalho para os Gaecos poderem fazer esse combate ao crime no âmbito regional, principalmente agora que os processos dos políticos vêm para a primeira instância.    

BP — A Lava Jato cometeu algum erro?
Leprevost —
Acho que ela em alguns momentos teve que ser ousada, teve que andar no fio da navalha, como naquele momento em que Sérgio Moro divulgou o grampo do presidente Lula convernando com a presidente Dilma. Aquilo, juridicamente e tecnicamente foi contestado por alguns criminalistas experientes, mas me parece que era a única alternativa que ele tinha naquele momento para que não sepultassem a Operação Lava Jato.