O Litercultura – Festival Literário de Curitiba chega à sua 4.a edição entre os dias 26 e 28 de agosto, na Sociedade Garibaldi, Largo da Ordem. Para se ajustar ao cenário atual, excepcionalmente o evento será concentrado em um único final de semana e não em capítulos como nos dois últimos anos. Em 2016, a organização preparou uma programação intensiva para os três dias, estabelecendo mais uma vez o caráter multiartístico com conferências, mesas-redondas, leituras e shows.

No primeiro dia, sexta, 26 de agosto, o festival volta-se exclusivamente para a produção literária paranaense com o Panorama Paranístico, que terá exposição e venda de mais de 50 autores residentes no estado, apresentação do poeta Ivan Justen Santana sobre o cenário atual da literatura e leituras de trechos de obras com improvisação musical de Marcelo Torrone e Gabriel Schwartz. Nossa intenção é mostrar a produção contemporânea paranaense. Não se tem notícia de uma iniciativa desta proporção voltada para os autores daqui, diz Manoela Leão, idealizadora e produtora do Litercultura.

Estão escalados para esta edição autores de peso como Lourenço Mutarelli, Jacques Fux, Fernando Bonassi, Luiz Ruffato, Fausto Fawcett, Eduardo Spohr, Luci Collin e Alice Ruiz. Conhecido por sua influência na música dos anos 80, Fausto Fawcett abre o sábado, 27, com seu recente trabalho dramatúrgico com a Cia. do Urubu. Também no sábado, uma mesa sobre censura e gênero reunirá o escritor  Jacques Fux com Anna P, pseudônimo da escritora cuja identidade não será revelada ao público. A ideia de manter o anonimato faz o desafio ainda mais interessante para o festival. Criamos uma forma de contar com a presença da Anna P. e preservar sua identidade. O tema vai pra mesa de debate com o Jacques Fux, autor do livro Brochadas. Além desse jogo de revelar e esconder, irão conversar sobre censura, erotismo, questões de gênero e padrões de comportamento. conta Manoela.

Na noite do dia 27, no TUC, o evento abre espaço para a sexta edição do Sex Libris – Sarau Erótico com os já confirmados Jacques Fux, Estrela Leminski, Otavio Linhares e Manoela Leão.

Também deve chamar a atenção do público o encontro com o escritor haitiano residente em Curitiba Rei Selly, que dividirá a mesa com Fernando Bonassi sob mediação do jornalista José Carlos Fernandes. Como ponto de contato, a crônica da sociedade particular de cada um. Podcaster, blogueiro e escritor sensação entre o público jovem, o carioca Eduardo Spohr também fará conferência neste Litercultura – às 11 horas do domingo. Spohr é representante de uma nova geração de escritores que têm na internet seu ponto de contato com o público. A sua obra de estreia A Batalha do Apocalipse vendeu 4 mil exemplares na Nerdstore sem amparo de editora. O livro continuou sua trajetória de sucesso sob o selo da Verus com mais de 50 mil cópias vendidas. É a primeira vez que o Litercultura abre espaço para a literatura juvenil.

No dia 28, à noite, encerrando a edição, sobe ao palco o músico e escritor gaúcho Vitor Ramil para um bate-papo com show.

Esta edição do Litercultura será a segunda completa sob curadoria do crítico e jornalista Manuel da Costa Pinto. Ex-editor da Revista Cult, atual colunista do Caderno Ilustrada, da Folha de São Paulo, Costa Pinto já foi curador da Flip e da programação literária da Feira de Frankfurt, na Alemanha, entre outros projetos curatoriais.

O Litercultura nasceu em Curitiba e é uma realização da Gusto Produção Cultural. Nesta edição conta com patrocínio do Banco Itaú e apoio da ELEJOR.

Para facilitar o acesso ao público, este ano o Litercultura irá disponibilizar três pontos de entrega de ingressos, que poderão ser retirados gratuitamente 15 dias antes do evento. São eles: Shopping Palladium, Universidade Positivo Câmpus Osório (Praça General Osório, 125 – Centro), Câmpus Ecoville (Bloco Amarelo). Nos dias do evento a bilheteria estará aberta mediante à lotação da casa.

 

Sobre Manoela Leão

Nasceu no Recife e mora em Curitiba há 10 anos. É formada em Artes Visuais e trabalhou com direção de arte e editorial até conhecer a sua verdadeira vocação: os eventos culturais. Em 2012 idealizou e passou a produzir anualmente em Curitiba o Litercultura, festival literário que já colocou o público em contato com dezenas de autores nacionais e estrangeiros. A experiência rendeu convites para curadoria de outros eventos como Emil, Festival Paulicéia Literária e ações do Sesi Cultural. Também na terra que adotou como sua casa lançou em 2015 o Sex Libris – Sarau Erótico, um encontro periódico com escritores, poetas e performers em torno da produção literária erótica.

 

Sobre o Litercultura

O Litercultura aconteceu pela primeira vez em 2013, em Curitiba. Trata-se deumfestival de literatura com ênfase na leitura, não se limitando a ser uma festa ou uma feira. Pelos palcos do Litercultura passaram escritores, atores, músicos, tradutores, jornalistas e pessoas interessadas no ato de ler. Alberto Manguel, Ana Maria Machado, Chico César, Cristóvão Tezza, Gonçalo M. Tavares, Miguel Sanches Neto, Sílio Boccanera, Valter Hugo Mae, Tim Vickery, Antonio Skármeta, Alan Pauls e vários outros estiveram celebrando com os melhores leitores, o público. Site: www.litercultura.com.brI Facebook: www.facebook.com/litercultura

 

Litercultura 2015

Festival com shows, conferências, oficinas e mesas-redondas

De 26 a 28 de julho (sexta a domingo) de 2016

Sociedade Garibaldi – Praça Garibaldi, 12, Largo da Ordem

Patrocínio: Banco Itaú

Apoio: ELEJOR

Apoio institucional: Itaú cultural, Programa Rumos, Prêmio Oceanos, Colégio Positivo, Escola de Escrita, Palácio Garibaldi, Slaviero Hotel, Fundação Cultural de Curitiba.

Realização: Gusto Produção Cultural

Ingressos gratuitos antecipados devem ser retirados com antecedência: Espaço UP (Shopping Palladium – piso L2), Universidade Positivo Câmpus Osório (Praça General Osório, 125 – Centro), Câmpus Ecoville (Bloco Amarelo).

Ingressos na bilheteria conforme lotação

 

LITERCULTURA 2016 – 26 a 28 de agosto

Dia 26 de agosto

Abertura – 19h30

Panorama Paranístico: encontro com escritores e conferência de Ivan Justen Santana

Para dar a dimensão da produção literária paranaense e sua importância na cena editorial brasileira, o Litercultura promove o encontro de mais de 50 autores do Estado – com exposição e venda de livros seguidas de sessões de autógrafos, conferência do poeta Ivan Justen Santana sobre a literatura paranaense e sarau com leituras acompanhadas pelos músicos Marcelo Torrone e Gabriel Schwartz.

 

Dia 27 de agosto

Mesa 1 – 11h

Salomé em cena: Fausto Fawcett e Cia. do Urubu

O mito bíblico de Salomé e sua versão teatral pelo escritor irlandês Oscar Wilde são o ponto de partida de mais um trabalho de pesquisa da Companhia de Teatro do Urubu, com adaptação do dramaturgo, escritor e compositor Fausto Fawcett e parceria de direção de Nadja Naira (da Companhia Brasileira de Teatro) – que falam da adaptação e fazem leitura dramática do espetáculo. Criada em 2015, a Cia de Teatro do Urubu é formada por Carolina Meinerz, Michelle Pucci, Anderson Caetano, Gustavo Gusmão, Muhammed Chab e Igor Kierke. Nasceu com a intenção de pintar a singeleza das almas arremessadas pela arte, com a honestidade do sarcasmo e o sobrevoo de um urubu.

 

 

Mesa 2 –14h30

Paraísos perdidos: Beatriz Bracher e Lourenço Mutarelli

A romancista e contista Beatriz Bracher – que em livros como Azul e Dura, Antonio, Meu Amor e Anatomia do Paraíso confronta subjetividades angustiadas com a aflitiva realidade brasileira – encontra o universo infernal do prosador, dramaturgo e artista gráfico Lourenço Mutarelli – autor de O Cheiro do Ralo, O Natimorto e O Grifo de Abdera.

 

Mesa 3 – 16h

Totalidade fragmentada: Luiz Ruffato e Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira

Em mesa promovida pelo Itaú Cultural e pelo prêmio Oceanos, o encontro entre Luiz Ruffato – finalista do Oceanos 2015 – e Antonio Geraldo Figueiredo Ferreira – contemplado pelo projeto Rumos – marca a confluência de romances que representam a totalidade a partir do fragmento. Da metrópole estilhaçada de Eles eram muitos cavalos e do multifacetado painel de Inferno provisório, de Ruffato, ao coro de vozes interioranas de As visitas que hoje estamos, de Figueiredo Ferreira, o rural e o urbano, o público e o provado, o arcaico e o moderno expressam, pela mescla de gêneros, os grandes malogros e as pequenas utopias da precária experiência brasileira.

 

Mesa 4 – 17h30

O visitante do vazio: Juliano Garcia Pessanha

Em Sabedoria do nunca, Ignorância do sempre e Certeza do agora, Juliano Garcia Pessanha compôs um universo em que ficção, ensaio, poesia em prosa e fragmento se apresentam como diferentes formas (para além de qualquer formalismo linguístico) de abordar as fraturas existenciais. Com Instabilidade perpétua, essa trilogia integra agora Testemunho transiente – obra incompleta (pois a incompletude é o motor da escrita incandescente de Pessanha) desse escritor que também poderia ser descrito como filósofo, não fosse sua recusa da nomeação e de qualquer forma de enclausuramento do ser numa identidade fixa.

 

Mesa 5 – 19h30

Ficção explícita, identidades ocultas: Jacques Fux e Anna P.

Depois de Antiterapias, romance vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura de 2013, Jacques Fux enveredou, em Brochadas, pela história das frustrações sexuais de filósofos, escritores e artistas. Se o humor judaico de Fux satiriza com irônica erudição as próprias experiências (reais ou ficcionais), dando voz a ex-namoradas, no palco do Litercultura ele dialoga com a voz da obscena Anna P. – autora do mais do que explícito Tudo que eu pensei mas não falei na noite passada, que permanecerá fora de cena para ocultar sua identidade.

 

SEX LIBRIS – 21h15

 

O sarau Sex Libris – com leitura de textos que violam os limites entre o erótico e o pornográfico – entra na programação do Litercultura, promovendo encontro entre Jacques Fux, o escritor Otávio Linhares, a atriz Iria Braga (que recita textos de Anna P.), a poeta e compositora Estrela Leminski, o escritor e compositor Fausto Fawcett e a mediadora Manoela Leão.

 

Dia 28 de agosto

 

Mesa 6 – 11h

Entre Éden e Apocalipse: Eduardo Spohr

Maior fenômeno brasileiro do gênero fantasia, Spohr é o criador das séries A Batalha do Apocalipse e Filhos do Éden. Por trás do caráter fantasioso dessas sagas, está um estudioso da jornada do herói no cinema e na literatura, um escritor cujas referências na mitologia, na história das religiões e na ficção de autores como Tolkien e Stephen King se associam a uma atmosfera de perpétua batalha entre forças arquetípicas e antagônicas – projetando fantasmas históricos num Rio de Janeiro futurista e em espaços celestiais habitados por guerreiros e arcanjos, feiticeiros e demônios.

 

Mesa 7 – 15h

Universos em miniatura: Alice Ruiz e Luci Collin

A partir de referências e dicções diferentes – a poesia oriental e a música popular brasileira, em Alice Ruiz; um trânsito entre prosa e poesia que inclui fluxos de consciência e colagens textuais, em Luci Collin –, duas autoras curitibanas que se tangenciam na busca da máxima expressividade da linguagem e da experiência a partir da forma mínima do haikai ou do fragmento, desmontando clichês linguísticos e formas coaguladas para criar universos em miniatura.

 

Mesa 8 – 16h30

O Haiti é aqui: Rei Seely e Fernando Bonassi

Mediação: José Carlos Fernandes

Autor de Subúrbio, romance de 1994 que inaugurou nova fase da ficção urbana brasileira, Fernando Bonassi percorreu diversas formas literárias (romance, conto, ficção infantojuvenil, teatro, roteiro) até sintetizar, com Luxúria (2015), sua visão do naufrágio de nossos sonhos de emancipação social. Aos exílios internos de Bonassi se alternam as vivências do haitiano Rei Seely, que se exilou no Brasil para encontrar outras formas de exclusão, das quais se refugia pela literatura, lançando seu primeiro livro no Litercultura.

 

Mesa 9 – 18h

Escritas da despossessão: Vladimir Safatle

Mediação: Manuel da Costa Pinto

Filósofo que utiliza as ferramentas do pensamento de esquerda, da arte e da psicanálise para analisar a formação do corpo político contemporâneo e para compreender como ocorre hoje a intervenção política sobre os corpos, Vladimir Safatle fala – a partir de seu mais novo livro de ensaios, O circuito dos afetos – sobre as formas de possessão (e despossessão) que atravessam desde as experiências amorosa e estética até os assujeitamentos dos sujeitos biopolíticos.

 

 

Mesa 10 – Encerramento – 19h30

Rumo ao sul: Vitor Ramil

Mediação: Manuel da Costa Pinto

O escritor, compositor e cantor Vitor Ramil, autor da novela Pequod e do romance A primavera da pontuação, fala de sua literatura, da cidade imaginária de Satolep (que dá título a um de seus romances e é um palíndromo de sua Pelotas natal) e da proposta de criar uma estética do frio –  presente tanto em seus livros quanto nas milongas (ou ramilongas) que Ramil compôs a partir da leitura de autores como o argentino Jorge Luis Borges e o gaúcho João da Cunha Vargas e que ele canta e comenta ao final do Litercultura.