Franklin de Freitas – Hamilton Kirchner começou a produção 23 anos atrás

Quem for curtir o verão nas praias do Paraná tem uma parada obrigatória na viagem. Descendo a serra em direção à Guaratuba e passando o ferry-boat, a estrada do Cabaraquara revela uma das preciosidades da gastronomia paranaense. Ali fica o Caminho das Ostras, uma rota que reúne cinco restaurantes especializados em ostras. E não é qualquer ostra que eles comercializam ali, mas sim uma das melhores ostras do mundo.
De acordo com Hamilton de Moura Kirchner, proprietário do restaurante Ostra Viva, tudo começou há 23 anos, quando ele e o pai, Hamilton Kirchner Filho, começaram a tocar o projeto que empresta nome ao estabelecimento. “No início a gente ia para manguezal para ficar tirando a ostra, extrativismo mesmo. Era sofrido. Depois tivemos a ideia de criar as ostras, amigos ajudaram e acabou virando tudo isso”, conta.
Quando tudo começou, porém, Hamilton e seu pai não imaginavam as proporções que o negócio acabaria tomando. “Começamos o negócio para incrementar renda”, diz Hamilton, explicando ainda que no princípio o negócio sequer funcionava como um restaurante.
“Produzíamos para vender pro comércio mesmo, restaurantes. Mas daí o pessoal vinha aqui e pedia para gente abir a ostra e preparar para que eles experimentassem. Outros clientes viam o pessoal fazendo isso e também pediam. Então comprei três mesas para o pessoal vir aqui e ficar, aproveitar o ambiente.”
Aos poucos o negócio foi crescendo e a vila de pescadores de Cabaraquara, se transformando. A partir de 2005, com o apoio do projeto Cultimar, da Universidade Federal do Paraná, a localidade deu início às “fazendas” de cultivo de ostras. O cultivo acontece também no Salto Parati e no Rio Barigui. E o Ostra Viva ganhou a companhia de outros quatro restaurantes especializados no molusco mais requintado do mundo, fazendo nascer o Caminho das Ostras.
“Nasceu do nada e hoje é isso. Acabou virando um polo gastronômico e hoje recebemos gente do mundo todo, comercializando 10 mil dúzias de ostras anualmente. Não era nossa pretensão atingir esse nível de requinte, mas nossos clientes são exigentes e atualmente trabalhamos com vários produtos importados”, comenta Hamilton, que possui no cardápio 14 sabores diferentes de ostras, vendidas por R$ 58 a dúzia, em média.

Especialistas japoneses avaliaram produto
As ostras do mangue do Cabaraquara, da espécie Crassostera brasiliana, possuem o título de melhor ostra do país e uma das três melhores do mundo. O ostentoso título foi dado por especialistas japoneses que viajaram pelo brasil e também avaliaram ostras produzidas em várias regiões do mundo. Segundo eles, a ostra nativa de Guaratuba, na parte sensorial, é uma das melhores do mundo.
“Já provei ostras praticamente do mundo inteiro, mas seguramente posso dizer que as ostras de Guaratuba estão entre as 3 mais saborosas do mundo”, teria dito o historiador japonês Kikuo Yamamoto.
O que contribui para o título de melhores ostras do mundo são as características da região, com águas quentes e de estuário, que fornecem as condições ideais para o cultivo do fruto do mar, que tem grande valor nutricional.

Como é feito o cultivo
As ‘sementes’ (óvulo já fecundado) das ostras podem ser obtidas naturalmente em coletores artificiais e também produzidas em laboratório, com desova induzida. A obtenção da semente em laboratório permite a seleção das melhores e maiores ostras para reprodução. O método de cultivo utilizado pelos produtores é chamado long line, caracterizado por bóias e lanternas. As “sementes” são colocadas em estruturas submersas na água para se desenvolverem. Depois que atingem um tamanho maior, as ostras são transferidas para as chamadas lanternas, que são como gaiolas feitas de tela de nylon, com vários andares.