Franklin de Freitas – Lula: ex-presidente teria participado de acerto

O juiz Vallisney de Oliveira da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, aceitou nesta quinta-feira (6) denúncia por corrupção apresentada contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o empresário Marcelo Odebrecht e os ex-ministros Antonio Palocci e Paulo Bernardo. Lula e Palocci são acusados de terem acertado o recebimento de R$ 64 milhões em troca do aumento do limite da linha de crédito para exportação de bens e serviços entre Brasil e Angola, em benefício da Construtora Odebrecht. Segundo os autos, a autorização pelo governo brasileiro teria sido de US$ 1 bilhão.

O inquérito tem como base a delação do ex-presidente da Odebrecht Marcelo Odebrecht. “No caso específico dessa negociação, em 2009, início de 2010, até porque eu acho que estava se aproximando da eleição, veio o pedido solicitado para mim por Paulo Bernardo, na época, que veio por indicação do presidente Lula, para que a gente desse uma contribuição de US$ 40 milhões e eles estariam fazendo a aprovação da linha de US$ 1 bilhão para exportação de bens e serviços”, declarou Odebrecht, em depoimento.

“Em 2009, 2010, teve uma negociação de uma linha de crédito envolvendo Angola que se dava entre os dois país”, explicou Odebrecht. O delator revelou que o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda, governo Lula, e Casa Civil, governo Dilma Rousseff) era o principal interlocutor das propinas acertadas pela Odebrecht com o PT. “Todos pagamentos eram autorizados por Palocci.”

A denúncia aceita também inclui Marcelo Odebrecht por suposta prática de corrupção e os executivos Ernesto os executivos Ernesto Sá Vieira Baiardi e Luiz Antônio Mameri, ex-diretores da construtora. A defesa de Palocci disse que o ex-ministro “irá colaborar com a Justiça para o amplo esclarecimento dos fatos que são objeto da denúncia”. A reportagem também entrou em contato com as defesas.

DESAFETO
Bolsonaro diz esperar que Lula fique preso
Ao deixar o hotel Alvear, em Buenos Aires, para um compromisso na embaixada brasileira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou a apoiadores que espera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fique “muito tempo” preso em Curitiba. Na terça-feira, o Ministério Público Federal afirmou que Lula já pode ir para regime semiaberto no caso do triplex do Guarujá. Bolsonaro foi abordado para tirar fotos por brasileiros no hall do hotel, o mais luxuoso da capital argentina, equivalente ao Copacabana Palace, no Rio. O grupo destacou que era de Curitiba, ao que o presidente respondeu: “espero que Lula fique lá por muito tempo”. Apesar de alguns brasileiros terem demonstrado apoio a Bolsonaro, uma manifestação contra o presidente, convocada por 64 movimentos sociais, estava programada para o fim da tarde de ontem, diante da Casa Rosada.