As crianças brasileiras acessam smartphones desde a mais tenra idade. Em famílias de pais internautas que possuem esse aparelho, 85% das crianças de 0 a 12 anos têm acesso a um smartphone, seja próprio ou emprestado dos pais. O percentual é praticamente o mesmo independentemente da classe social. O que muda é se o acesso à tecnologia acontece com um aparelho próprio ou não. 
Nas famílias das classes A e B, 53% das crianças têm smartphone e 33% usam aquele dos responsáveis. E nas classes C, D e E, é mais comum usar emprestado o terminal dos pais (45%) do que ter o seu (40%). Como se pode imaginar, a proporção de crianças expostas a smartphones cresce conforme a idade. 
No grupo de 0 a 3 anos, 65% têm acesso a essa tecnologia. A proporção sobe gradativamente até alcançar 95% no grupo entre 10 a 12 anos. Até 9 anos de idade é mais comum os pais emprestarem seus smartphones do que a criança ter um aparelho próprio. Mas na faixa entre 10 e 12 anos isso muda. É nessa idade que a maioria das crianças ganha o seu primeiro celular: 72% já têm um smartphone próprio, enquanto 23% seguem usando aquele dos pais. 
Um recente estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil de Eastern Ontario, do Canadá, publicado na revista científica The Lancet Child & Adolescent Health, recomenda que crianças até 13 anos sejam expostas a telas de dispositivos eletrônicos por no máximo duas horas por dia. 
De acordo com os pais entrevistados por Mobile Time/Opinion Box, esse limite, no caso específico do smartphone, é respeitado pela maioria das crianças brasileiras de 0 a 9 anos. No grupo de 10 a 12 anos, porém, mais da metade, ou 52% para ser exato, usam o aparelho por mais de duas horas por dia.
O estabelecimento de um limite de uso diário do aparelho é uma preocupação dos pais brasileiros. 68% deles declaram que restringem o tempo que seus filhos podem usar o smartphone por dia, enquanto 32% não restringem. Quando perguntados se acham que seus filhos usam o smartphone mais do que deveriam, os pais estão divididos meio a meio. 50% acham que sim e 50%, não.
 A pressão das crianças para ganharem um smartphone próprio é grande e cresce conforme a idade. Mesmo aquelas que mal começaram a falar já pedem o produto de presente. É o caso de 33% daquelas até 3 anos de idade. O percentual chega a 96% na faixa entre 10 a 12 anos.
Os amigos são o maior fator de influência para que os filhos queiram um smartphone, apontam 55% dos responsáveis entrevistados. A TV aparece distante em segundo lugar, mencionada por 18%.

Controle
O controle que os pais fazem sobre o conteúdo acessado pelos filhos em smartphones cai conforme a idade. Enquanto 52% dos pais de crianças de 0 a 3 anos declaram que sempre verificam o que eles estão vendo na telinha, o percentual diminui para 18% no caso de filhos entre 10 e 12 anos. 
Na média, 28% dizem que sempre controlam. Apenas 27% dos pais utilizam alguma ferramenta de filtro de conteúdo no smartphone dos filhos. A maior proporção aparece no grupo com crianças entre 4 e 6 anos (34%) e a menor, entre as mais velhas, de 10 a 12 anos (18%). É sabido que algumas das maiores ameaças às crianças estão nas redes sociais e em aplicativos de mensageria, pelo risco de receberem conteúdo inapropriado ou serem abordados por estranhos. 
Na média, 49% dos pais permitem que seus filhos de 0 a 12 anos acessem tais serviços. Essa proporção sobe de 17% para 80% quando comparados os grupos de 0 a 3 anos e de 10 a 12 anos, respectivamente.
Embora praticamente metade permita o uso de redes sociais e apps de mensageria, a esmagadora maioria dos pais (89%) afirma que verifica com quem os filhos falam nesses serviços e o teor das conversas (gráfico 10). Há uma preocupação maior nas faixas de 4 a 6 anos (93%) e de 7 a 9 anos (95%).
Apenas 15% dos pais permitem que seus filhos realizem compras nas lojas de aplicativos. A proporção chega a 22% na faixa entre 10 a 12 anos. A pesquisa constatou que as mães costumam ser mais atentas enquanto os pais são mais permissivos quanto ao uso de smartphones pelos filhos. Enquanto 45% das mães permitem o uso de apps de redes sociais e de mensageria, a proporção sobe para 54% entre pais. 95% das mães verificam com quem e o quê os filhos conversam nesses apps. A proporção cai para 84% entre os pais. 70% das mães e 67% dos pais estipulam limite de tempo diário de uso de smartphone. 
E 14% das mães contra 16% dos pais permitem que os filhos façam compras em lojas de aplicativos. Talvez a diferença esteja no fato de que os homens, mais do que as mulheres, acreditam que o smartphone mais ajuda do que atrapalha no desenvolvimento das crianças. É o que dizem 55% dos pais ante 49% das mães. Por outro lado, embora mais permissivos, 54% dos pais acham que seus filhos usam o smartphone mais do que deveriam, contra 46% das mulheres.