Apesar de os homens serem a maioria dos fumantes no Brasil,ultrapassando em 7,2% as representantes do sexo feminino, as mulheresda capital paranaense ocupam o 3º lugar na média das que mais fumam noPaís. Segundo o estudo Vigitel 2008 (Vigilância de Fatores de Risco eProteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgadoeste ano pelo Ministério da Saúde, 15,4% das curitibanas são fumantes.

O que muitas delas não sabem – e outros fumantes espalhados pelo mundotambém – é que o hábito de fumar pode resultar em diversas complicaçõesrespiratórias, dentre elas a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica),manifestação conjunta da bronquite crônica e do enfisema pulmonar –inflamação dos brônquios e destruição dos alvéolos, respectivamente. Emmais de 90% dos casos, a causa é o tabagismo. A DPOC afeta 7,3 milhõesde brasileiros, sendo que 580 mil são residentes em Curitiba.

A DPOC não tem cura e é responsável por 37 mil óbitos por ano, oequivalente a quatro mortes por hora. A maioria dos doentes é fumante ouex-fumante e tem mais de 40 anos, daí a importância do tratamento com afinalidade de controlar a doença e melhorar a qualidade de vida dopaciente.

De acordo com o Dr. Rodney Frare e Silva, pneumologista e professor daUniversidade Federal do Paraná, a doença, que requer cuidadosespecíficos, ainda é subdiagnosticada por falta de informação. “Faltadivulgação a respeito da DPOC, não só no Paraná, mas no Brasil todo. Osprofissionais de saúde dos diversos postos, por exemplo, têm de estarcom as informações corretas na hora de triar o paciente e encaminhá-loa um tratamento especializado”, explica.

Apesar de se tratar de uma doença crônica, há tratamentos específicoscapazes de controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dopaciente. Dentre os recomendados pelo Consenso Brasileiro de DPOC,estão os broncodilatadores inaláveis de longa duração, como o brometode tiotrópio, que contribui para a diminuição das crises e melhora dafalta de ar e da resistência a exercícios. “Quem fuma há mais de 10anos, tem pigarro, tosse e, muitas vezes, falta de ar deve procurar umpneumologista e fazer a espirometria, exame que detecta a DPOC. Quantoantes for diagnosticada a doença, melhor será a resposta aosmedicamentos”, afirma o Dr. Rodney.

As medidas indicadas são parar de fumar, iniciar o tratamentomedicamentoso, reabilitação pulmonar e, quando necessário,oxigenoterapia, em que é acompanhado por uma equipe multidisciplinar,que além do pneumologista inclui fisioterapeuta e outros profissionaisespecializados. Praticar exercícios físicos regularmente e manter umaalimentação equilibrada também são iniciativas que contribuem para amelhora da condição do doente. Recomenda-se a vacinação contra a gripecomo forma de prevenção das crises, já que estes pacientes podemapresentar complicações com mais frequência do que as pessoas que nãotem DPOC.

Além dos cuidados médicos, o portador de DPOC precisa do apoio dafamília, que deve não só auxiliar nas atividades do dia a dia, comotambém ajudar a melhorar a auto-estima do doente, que, na maioria dasvezes, sente-se deprimido por não conseguir realizar ações básicas,como pentear os cabelos ou tomar banho sozinho.  “O cuidador tem papelfundamental durante todo o tratamento do paciente, que dependerá deassistência física e emocional todo o tempo”, finaliza o doutor.

DPOC

– A DPOC afeta 7,3 milhões de brasileiros; 580 mil são residentes em Curitiba.

–  É a sétima causa de morte no País, responsável por mais de 37 mil óbitos por ano, o equivalente a 4 mortes a cada hora.

– Em 2008, mais de 128 mil pessoas foram hospitalizadas pelo SUS devido à doença, a um custo de 76 milhões de reais.