Manifestantes e policiais se enfrentaram nesta terça-feira, 26, perto da sede da presidência do Equador, em Quito, no âmbito de um protesto liderado por indígenas contra a política econômica do governo de Guillermo Lasso. Os protestos, que também bloquearam algumas estradas pelo país, ocorreram depois de o governo aumentar os preços da gasolina.

Os incidentes foram registrados após uma marcha que terminou a poucas quadras do Palácio de Carondelet, sede do Executivo, que está fortemente resguardado por policiais e militares. No local, manifestantes ouviram os discursos das principais lideranças dos sindicatos organizadores da marcha.

Nas últimas filas, começaram a atirar paus e pedras nos agentes que estavam atrás das barreiras de controle nas ruas que dão acesso à Praça Grande, onde fica a sede da presidência da república. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo no centro da praça, provocando uma correria para as ruas vizinhas e fazendo com que muitos manifestantes voltassem a atirar pedras e outros objetos. Não informações sobre vítimas.

O deputado Marlon Ruiz disse que os manifestantes estão “lutando contra as medidas injustas que estão sendo impostas pelo governo nacional” e, sobretudo, contra o aumento progressivo, até a última sexta-feira, do preço do combustível, que o presidente teve de congelar para tentar apaziguar a indignação do público.

Leonidas Iza, presidente da poderosa e maior organização indígena equatoriana (Conaie), liderou as manifestações registradas no centro andino, de onde é originário. Cercado por companheiros na localidade de Panzaleo, Iza – um engenheiro de 39 anos – ameaçou com um protesto escalonado e por prazo indeterminado até que Lasso mostre “vontade” de atender às reivindicações.

O gatilho foi a alta de até 12% no preço do combustível, elevando o preço do galão americano de diesel de US$ 1,69 para US$ 1,90 e de gasolina comum, de US$ 2,50 a US$ 2,55.

Iza foi um dos líderes de 12 dias de protestos violentos em outubro de 2019 contra a eliminação de subsídios milionários aos combustíveis, que deixaram 11 mortos e mais de 1,3 mil feridos e obrigaram o então presidente, Lenín Moreno (2017-2021), a voltar atrás.

Na manifestação surgiram vários argumentos incluindo as recriminações contra o presidente por sua participação no escândalo dos Pandora Papers, pelo qual está sendo submetido a duas investigações. (Com agências internacionais)