Henry Milleo

Centenas de pessoas realizaram uma passeata na tarde deste domingo (31) pelo Centro de Curitiba, como parte do ato “Ditadura Nunca Mais”, marcado após o presidente Jair Bolsonaro determinar ao Ministério da Defesa que fizesse “comemorações devidas” pelos 55 anos do golpe militar de 1964 no Brasil.

O golpe que depôs o então presidente João Goulart ocorreu a partir de mobilização militar em 31 de março daquele ano, embora tenha ocorrido no dia seguinte, 1º de abril, em sessão plenária no Congresso que declarou vacância da presidência, conforme registros no site do Senado Federal. A ditadura militar durou 21 anos.

Organizada pelo movimento CWB Resite, que reúne coletivos de estudantes, artistas e integrantes de partidos políticos de esquerda, a manifestação em Curitiba se concentrou no início da tarde na Praça 19 de Dezembro. Por volta das 15 horas, os manifestantes saíram em passeata por pontos considerados de “resistência”, como o Colégio Estadual do Paraná, a Casa do Estudante Universitário e o prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, onde ocorreu uma aula pública sobre a ditadura na escadaria da Praça Santos Andrade. 

Os manifestantes também se dirigiram ao “antigo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) e Antigo Quartel do 15º Batalhão do Exército”, onde ocorreram performaces e debates. O ponto final da manifestação é a Boca Maldita, no centro, onde o grupo encerrou o ato às 18 horas. O trajeto e os pontos citados como “lugares de resistência e tortura da cidade” estão disponíveis no link: https://bit.ly/RotaDaDitaduraEmCuritiba

De acordo com integrantes da passeata, o objetivo do ato é reforçar a memória e estimular os estudos de documentos e fatos que comprovam o arbítrio da ditadura no Brasil. No período de 21 anos, não houve eleição direta para presidente e o Congresso Nacional chegou a ser fechado; mandatos parlamentares foram cassados, houve censura à imprensa, prisões, torturas, mortes, desaparecimentos e exílios. Entre as marcas esteve também a intervenção em Estados e municípios, suspensão a direitos políticos de cidadãos, como a garantia do habeas corpus, e imposição da ideologia do Estado por meio de violência.   

A Polícia Militar (PM), que acompanha o protesto à distância, ainda não divulgou estimativa do número de manifestantes.