SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Foi de aproximadamente quatro minutos o tempo passado entre o menino Luan Silva Oliveira, 3 anos, desembarcar de um trem do metrô e ser atropelado dentro de um túnel da linha 1-azul, em 23 de dezembro de 2018. A criança morreu.


A informação consta em um ofício, respondido pelo Metrô à polícia, no qual constam questões que ajudam a esclarecer a dinâmica da morte da criança.


Luan Silva Oliveira viajava com familiares no sentido Jabaquara. Na estação Santa Cruz, pouco antes de a porta se fechar, correu para fora do trem e acabou sozinho na plataforma.


Ele só foi encontrado tempos depois nos trilhos, ainda com vida, a 200 metros da plataforma, no túnel em direção à estação Praça da Árvore. A Polícia Civil ainda analisa imagens de câmeras de segurança e investiga como a criança foi parar nos trilhos.


Segundo relatório que a Folha teve acesso e foi produzido pelo Metrô e apresentado em reuniões internas, a companhia levou 61 minutos para autorizar as buscas ao menino.


O Metrô foi informado sobre a perda de Luan de seus familiares às 11h07, por meio de uma mensagem de SMS no serviço de atendimento ao usuário da companhia.


A autorização para procurá-lo no túnel da linha, porém, só ocorreu às 12h08, uma hora e 1 minuto após o aviso e 43 minutos após funcionários do Metrô terem pedido autorização superior para essa busca.


Ao longo de todo esse intervalo, sempre de acordo com o documento interno do Metrô, diferentes funcionários atuaram nas buscas. Um minuto após o SMS, por exemplo, é lançado um alerta de buscas.


Funcionários iniciam a procura pela plataforma e depois seguem para o mezanino da estação. A procura segue também em um shopping, e nas instalações da linha 5-lilás, que faz conexão com a 1-azul.


Às 11h20, ainda sem saber o paradeiro da criança, funcionários passam a considerar que Luan possa estar no túnel da linha. Cinco minutos depois, funcionários do Metrô solicitam aos seus superiores o início dessa busca específica. A autorização chega apenas às 12h08.


Às 12h22, Luan é avistado nos trilhos por um metroviário e às 12h46 equipes conseguem chegar ao local. O menino é levado de volta à plataforma e, às 12h58, é encaminhado ao Hospital São Paulo, onde morre em seguida.


O Metrô informou nesta quinta (17) por telefone que não iria se manifestar “para não prejudicar as investigações”.


Segundo o delegado Marcelo Teixeira Lima, que assumiu a Delpom (Delegacia de Polícia do Metropolitano) no último dia 10, o relatório oficial sobre o acidente será encaminhado ao distrito entre hoje e segunda-feira. Porém, ele revelou que já há um ofício, que antecipa algumas informações.


“Pelo que consta no ofício, o menino desembarcou e foi atrás do trem onde a família estava. Ele passou [o portão que separa a estação Santa Cruz do túnel, sentido Jabaquara] e andou, por cerca de quatro minutos, até cair nos trilhos, provavelmente por conta da escuridão”, disse.


Acrescentou que “ninguém teve culpa” pela morte da criança. “Foi uma fatalidade”, lamentou Lima.