Valquir Aureliano/Arquivo BP – Setor de eventos foi um dos mais afetados na pandemia

Para se fazer uma boa receita é necessário encontrar ingredientes que, uma vez misturados, se equilibrem e agreguem sabor, textura e aroma ao resultado final. Por isso, após um ano e meio de pandemia, o setor de eventos começa a mexer a mistura que promete, finalmente, trazer de volta as convenções, palestras, espetáculos, congressos e comemorações.

No final deste mês acontece o ‘Ingredientes da Retomada’, que reunirá alguns dos principais players desse mercado (clientes, agentes/agências e fornecedores) na tentativa de criar uma espécie de ‘menu’ para o retorno dessas atividades. Marcado para o dia 29 de setembro, das 8 às 12 horas, no Opera Concept Hall, o evento promete ser um marco para o setor, tendo o intuito de apontar um norte para esse mercado, que foi um dos primeiros a parar por conta da crise sanitária e está sendo um dos últimos a retomar as atividades.

“Queremos criar uma agenta positiva, mostrar que dá para retomar seguindo todos os protocolos sanitários. O principal ponto é tirar um pouco da angústia de nós todos na cadeia. Não sabemos muito bem o que fazer, como se contratar, se preparar para a retomada mesmo. Pensamos em reunir todo mundo dos eventos corporativos e dividir em três pilares: clientes, agências ou agentes e fornecedores, e aí vamos perguntar para eles o que estão imaginando pra retomada para termos uma visão e ter um mínimo de perspectiva”, explica Alex Cardoso, fundador da LEX Design de Experiências e um dos organizadores do encontro.

O evento presencial é limitado a 120 pessoas para que seja mantido o distanciamento entre os convidados, mas os debates, que terão a participação de três clientes, três agências e três fornecedores, também serão transmitidos ao vivo de forma on-line. A partir desses debates, então, será elaborado uma espécie de menu, um manual mesmo, compilando tudo o que foi debatido e trazendo orientações e dicas para a retomada do setor.

“O objetivo final é trazer esse panorama para o setor se preparar, trazer esse cenário que nem digo mais otimista, mas tornar algo palpável. Queremos que as empresas olhem e vejam que dá para voltar a fazer [eventos]. Vamos nos preparar, nos cuidar. Estamos num cenário positivo, com todos os número no Paraná e no país melhorando”, ressalta.

Retomada ainda é lenta na Capital

Presidente da Abeoc-PR (seccional paranaense da Associação Brasileira de Empresas de Eventos, Fabio Skraba comenta que, mesmo com Curitiba há mais de dois meses em bandeira amarela, a retomada do setor de eventos tem sido lenta, especialmente por conta do limite de 300 pessoas em eventos. Por isso, o setor pede pela flexibilização das restrições e, também, por um melhor planejamento por parte do Poder Público para a retomada, tornando mais palpável o horizonte para que agências e clientes possam se preparar.

Recentemente, inclusive, o setor esteve reunido com o Governo do Estado e apresentou uma série de solicitações, como a revogação do toque de recolher e o fim da proibição da venda de bebidas alcoólicas na madrugada, medidas que foram acatadas.

“Eu acredito, sendo bem otimista, que a prefeitura, se for sensível ao que solicitamos para eles, as liberações, tendo paridade com o governo do estado, final de outubro conseguimos ter novas perspectivas”, comenta Skraba, citando que o mercado de eventos, apenas no Paraná, perdeu cerca de R$ 25 bilhões com a pandemia e que Curitiba agora corre o risco de ter prejuízos imateriais.

Tendência

Como já citado, o ‘Ingredientes da Retomada’ acontecerá de forma híbrida, sendo o evento presencial limitado a 120 pessoas, com obrigatoriedade no uso de máscara, distanciamento indicado, higienização das mãos e comprovação de ter tomado a segunda dose da vacina. Para quem ainda não foi vacinado com as duas doses, equipes estarão no local para realizar testes rápidos de Covid-19 e garantir a segurança.

Os eventos híbridos, inclusive, despontam neste momento como a principal tendência do setor. “Devemos ficar com os eventos híbridos nos próximos anos, presencial com virtual. Devemos ter um período de transição, mas vai ser assim por um período, por isso já estamos fazendo esse evento ‘figital’, híbrido. É uma fase de transição até chegar mais perto de um novo normal”, comenta Alex Cardoso.

Fabio Skraba reforça também essa impressão, destacando como o setor tem avançado na questão online, com transmissão de congressos e eventos como um todo. “Para agora, os eventos terão demanda reprimida, mas existem pessoas que ainda não se sentem seguras para estar presentes num evento”.