BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – Com um déficit orçamentário oficial de R$ 11,4 bilhões (que o novo governo diz passar dos R$ 30 bilhões), Romeu Zema (Novo) enfrenta, no início de mandato em Minas Gerais, pressão de sindicatos pelo pagamento do 13º do ano passado e pelo fim do parcelamento dos salários, que acontece há exatos três anos.
Ainda não existe previsão para o pagamento do benefício deixado em aberto pelo ex-governador Fernando Pimentel (PT), e os sindicatos dos servidores da segurança e da educação entraram na Justiça cobrando o acerto com o funcionalismo.
Os policiais civis ameaçam até mesmo uma paralisação. “Como policiais não podemos fazer greve, mas podemos nos manifestar e fazer paralisações de 24 horas ou até 48 horas. A situação é muito grave. Muitos pegaram empréstimos com bancos e a primeira parcela do salário deste mês já estará comprometida”, disse o presidente do Sindpol, José Maria de Paula Cachimbinho.
Na semana passada, Zema anunciou em vídeo no Facebook a escala de pagamento do salário de dezembro para os servidores estaduais. A primeira parcela foi paga na segunda-feira (14).
Os servidores das áreas de segurança pública e saúde receberam R$ 3.000, e o restante do funcionalismo, R$ 2.000. A última parcela do pagamento está prevista para o dia 28.
Sem divulgar oficialmente suas agendas, Zema aposta nas redes sociais para divulgar as ações de sua gestão -foram mais de 30 postagens em suas contas nas duas semanas de governo.
O novo governo teve início marcado pelo grande número de exonerações dos servidores comissionados.
A “limpeza dos funcionários sem concurso público” prometida por Zema durante a campanha resultou na demissão de 6.000 servidores. A dispensa recebeu o apoio de seguidores do governador.
Duas semanas depois das exonerações, mais de 800 funcionários retornaram aos cargos, e o governo admite que pode renomear mais servidores nas próximas semanas. O objetivo é garantir o funcionamento dos órgãos, mesmo que em escala mínima.
Equipamentos culturais foram afetados no corte de comissionados. O Museu Mineiro fechou as portas entre os dias 1º e 4, e passou a abrir só após o meio-dia, o que não ocorria em anos anteriores. A Biblioteca Estadual cancelou os empréstimos de livros.
No Arquivo Público, houve desligamento de pessoas que há décadas atuavam na conservação e restauro do acervo, segundo Denis Soares da Silva -ele mesmo foi exonerado no primeiro dia do ano e reconduzido sete dias depois ao cargo de diretor de Acervos Permanentes do órgão.
“Sem esses técnicos treinados o acervo vai se deteriorando e corremos risco de perder patrimônios com mais de 300 anos de história”, diz Silva.
Segundo a assessoria do governo, os equipamentos culturais estão funcionando com capacidade de, no mínimo, 20% dos servidores. “Aos poucos e, na medida das urgências, o governo está reconduzindo servidores para suprir as necessidades.”
A administração de Zema é considerada a principal vitrine do Novo no Brasil, e a proposta de enxugar a máquina pública é apontada por membros do partido como fundamental para a legenda.
“Eram 6.000 pessoas ocupando funções no estado. Estamos praticando um compromisso de campanha que é de reduzir em 80% as nomeações sem concurso público”, afirma Guilherme da Cunha, deputado estadual do partido.
Mas o compromisso é também, diz o deputado, fazer o estado funcionar. “Vamos nomear ou renomear os funcionários necessários para atender bem a população.”