Jefferson Rudy/Agência Senado – Paulo Guedes: “Insanidade”

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou ontem a provocar polêmica e reações do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), ao afirmar, em visita a Washington, na possibilidade de um novo “AI-5” para reprimir manifestações e protestos no País. Na declaração, feita na segunda-feira, Guedes afirmou ser “uma insanidade” que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva peça a presença do povo nas ruas contra o governo Bolsonaro.
“Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo pra quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5”, disse. Guedes falava que o presidente Jair Bolsonaro se preocupou com o “timing político” do envio das reformas administrativa e tributária ao Congresso, levando em conta as manifestações de rua em outros países da América Latina, como o Chile. Questionado se a preocupação era gerada por algum medo de Lula, o ministro começou a falar sobre o ex-presidente e criticou manifestações feitas após sua soltura.
“Chamar povo para rua é de uma irresponsabilidade… Chamar o povo para rua pra dizer que tem o poder, para tomar. Tomar como? Aí o filho do presidente fala em AI-5, aí todo mundo assusta, fala ‘o que que é?’ (…) Aí bate mais no outro. É isso o jogo? É isso o que a gente quer? Eu acho uma insanidade chamar o povo pra rua pra fazer bagunça”, alegou Guedes.
Há pouco menos de um mês, o deputado Eduardo Bolsonaro, um dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, defendeu medidas como “um novo AI-5” para conter manifestações de rua caso “a esquerda radicalizasse”.
Guedes afirmou que “assim que ele (Lula) chamou para a confusão, veio logo o outro lado e disse ‘é, saia para a rua, vamos botar um excludente de ilicitude, vamos botar o AI-5, vamos fazer isso vamos fazer aquilo. Que coisa boa, né? Que clima bom”, criticou o ministro.
Repercussão — Depois de afirmar que não deveria surpreender caso alguém peça um novo AI-5, o ministro Paulo Guedes defendeu ontem que se pratique uma “democracia responsável” no País.
Ordem – O ministro também sugeriu que o projeto de lei que prevê o excludente de ilicitude para militares e agentes de segurança pública em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) é uma resposta ao discurso de Lula.
“Aparentemente digo que não (Bolsonaro não está com medo do Lula). Ele só pediu o excludente de ilicitude. Não está com medo nenhum, coloca um excludente de ilicitude. Vambora”, disse o ministro.

Câmara
Para Maia, fala de Guedes gera insegurança
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), criticou as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou para “não se assustarem” se alguém defender o AI-5 em caso de radicalização de futuras manifestações no País. Guedes ainda sugeriu que o projeto de lei do excludente de ilicitude seria uma resposta do presidente Bolsonaro ao discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele (Guedes) gera uma segurança na sociedade e, principalmente, nos investidores. Usar dessa forma, mesmo que sendo para explicar o radicalismo do outro lado, não faz sentido. Por que alguém vai propor o AI-5 se o ex-presidente Lula, que acho que está errado também porque está muito radical estimula manifestação de rua? O que uma coisa tem a ver com a outra? Nós vamos estimular o fechamento do parlamento? Dos direitos constitucionais dos cidadãos como o habeas corpus como fez o AI-5? É isso que estamos querendo estimular?”, disse.