No último dia 20, uma inesperada ocorrência abalou o Brasil. Um dos maiores nomes da televisão brasileira, o apresentador Gugu Liberato sofreu uma queda de uma altura de cerca de quatro metros no sótão de sua casa em Orlando, na Flórida (EUA), e acabou morrendo após bater a cabeça. O que você talvez não saiba, porém, é que ocorrências assim estão se tornando cada vez mais comuns.

Segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, entre os anos 2000 e 2017 foi registrado um aumento de 258% nas mortes decorrentes de queda no Paraná. No último ano do milênio passado haviam sido notificadas 355 mortes nesse tipo de situação. Já em 2017, último ano com dados públicos, foram 1.271 óbitos, sendo que desde 2005 o número de mortes tem aumentado.

Para se ter noção do que esse aumento representa, hoje as quedas fatais já são o terceiro maior fator de mortes por causas externas no estado. Em 2000 as mortes relacionadas a quedas representavam 5,2% do total de óbitos por causas externas, que foram 6.812 naquele ano. A título de esclarecimento, as mortes por causas externas são aquelas em que o falecimento independe do que acontece ao organismo humano. Já em 2017, quando foram registradas 8.603 mortes por causas externas, as ocorrências envolvendo quedas responderam por 14,8% dos falecimentos.

Além das mortes por queda, estão inclusos na categoria de mortes por causas externas os óbitos em acidentes de trânsito (que tiveram variação de -0,2% no Paraná entre 2000 e 2017), os casos de suicídios (que cresceram 32,1% no período) e as mortes decorrentes de agressões (os homicídios, que tiveram alta de 49,7%).

Mas, afinal, quais os fatores que explicam tão expressivo crescimento para as ocorrências de quedas fatais?

Um deles é o aumento da expectativa de vida. Segundo dados do IBGE, apenas entre 2014 e 2018 os paranaenses ‘ganharam’ mais um ano e dois meses de vida, com a esperança de vida ao nascer crescendo de 76,5 anos para 77,7 anos.

Outro ponto a ser destacado é que cada vez mais pessoas chegam à terceira idade com alta porcentagem de comorbidade, o queacaba por fragilizar os idosos e também por alterar o sistema de controle postural (que inclui os sistemas visual, neurológico e muscular). E como esses idosos são frágeis, as consequências de uma queda também acabam sendo mais graves.

Escorregões e tropeços são os que mais matam

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) também nos permite descobrir quais os tipos de quedas que mais provocam mortes no Paraná. E no período analisado, curiosamente, foram as quedas de mesmo nível (escorregões, tropeços e passo em falso) que mais provocaram fatalidades: 3.082, o equivalente a 22,62% do total. Na segunda colocação aparecem as ocorrênmcias de queda de ou para fora de edifícios (937, ou 6,88%), seguido ainda pelas quedas de leito (302, ou 2,22%).

Já com relação à faixa etária, são justamente os idosos os que mais sofrem com esse tipo de situação. Dentre todas as mortes por queda registradas entre 2000 e 2017, 41,66% dos casos a vítima tinha 80 anos ou mais, em 19,02% entre 70 e 79 anos, eem 10,57% tinham de 60 a 69 anos. Ou seja, dos 13.624 casos registrados no período, em 9.707 a vítima tinha 60 anos ou mais. Os dados ainda mostram que, quanto mais idade a pessoa tiver, maior é o risco de vir a sofrer uma queda fatal.

Mortes decorrentes de quedas no PR

2017 1.271
2016 1.215
2015 1.076
2014 1.022
2013 917
2012 873
2011 823
2010 797
2009 703
2008 715
2007 713
2006 605
2005 576
2004 596
2003 499
2002 461
2001 407
2000 355
TOTAL 13.624