Franklin de Freitas – Dados dos cartórios mostram 18.824 mortes naturais na pandemia

Uma novidade no Portal da Transparência do Registro Civil possibilita conhecer a distribuição de mortes por raça no País, estados e municípios. Em termos gerais, os óbitos por causas naturais cairam 1,8% no Paraná durante a pandemia do novo coronavírus. Mas, quando o estudo separa as raças, negros e pardos apresentam alta no Estado. As informações são do Instituto do Registro Civil das Pessoas Naturais do Estado do Paraná (Irpen-PR).

Entre 16 de março e 30 de junho deste ano, o Estado registrou uma queda de -1,8% no total geral de mortes, mas a distribuição foi desigual entre sua população em comparação com 2019. Enquanto a população branca, registrou uma queda de -4,3% no número de mortes, os pardos viram o número crescer 7,7%; para os negros o crescimento foi de 3,3%. Os óbitos entre a população indígena registraram uma queda expressiva de -38,7%, enquanto o de amarelos aumentou 2,5%.

Em números absolutos, as mortes registradas em Cartórios paranaenses neste período totalizaram 18.824, sendo 12.410 óbitos de pessoas declaradas brancas, 2.653 de pardos e 593 de negros. Os indígenas representaram 19 falecimentos e a população declarada amarela 124. Constam, ainda, 3.025 óbitos cuja raça/cor não foi declarada pelo médico e/ou o declarante no momento do registro de óbito.

As informações estão no novo módulo do Portal da Transparência, plataforma desenvolvida pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), que reúne os registros de óbitos feitos pelos Cartórios brasileiros, e disponível a toda sociedade a partir desta segunda-feira (13.07) dentro da página Especial COVID (http://transparencia.registrocivil.org.br/especial-covid).

Os dados utilizam como base as informações contidas nas Declarações de Óbitos (DOs), emitidas pelos médicos no ato de falecimento, e que são a base da certidão de óbito.

Doenças cardíacas
Os dados de óbitos por doenças cardíacas disponíveis no Portal — AVC, Infarto, Demais Doenças Cardiológicas (que correspondem a morte súbita, parada cardiorrespiratória e choque cardiogênico) — também registraram uma queda no mesmo período analisado: -1,2%. Nos falecimentos por estas doenças, as populações que novamente registraram maior aumento foram os negros (19,2%) e os pardos (7,6%). Já as populações branca, amarela e indígena registraram diminuição no período: -4,1%, -3,3% e -42,9%, respectivamente.

Óbitos pelo coronavírus no Estado atingem mais os brancos, seguidos pelos pardos
Os óbitos apenas por Covid-19 atingiram os paranaenses, basicamente, na mesma proporção de sua distribuição. Foram 52,5% óbitos de pessoas declaradas brancas, 13,6% de pessoas declaradas pardas e 3,2% da população negra.

Os declarados amarelos representaram 0,8% dos mortos pelo novo coronavírus, enquanto que a população indígena não teve nenhum registro de óbito por Covid-19. Os que constam como raça/cor ignorada representam 29,8% dos óbitos causados pela doença.
Em contrapartida, os números nacionais mostram uma porcentagem menor no registro de óbitos de pessoas brancas e mais mortes de pessoas pardas e negras, quando comparados com o Paraná. No Brasil, 44,4% de óbitos por Covid-19 foram de pessoas declaradas brancas, já as pessoas pardas correspondem a 38,4% desses óbitos e 8,2% representam os declarados negros. Os indígenas foram um total de 0,24% e os amarelos 1,5%; constam com raça/cor ignorada 7,2% dos óbitos causados pela doença.

Doenças respiratórias
Considerando-se apenas as doenças respiratórias disponíveis no Portal — Covid, Insuficiência Respiratória, Pneumonia, Septicemia e Síndrome Respiratória Grave (SRAG) — registrou-se queda de -0,3% no número de óbitos no período de 16 de março a 30 de junho de 2020 em relação a 2019 no Paraná.

Dessa vez, a população mais atingida foi a amarela, representando um aumento de 17,1% de óbitos por estes tipos de doença, seguidos dos pardos, que tiveram aumento de 9,6%. Já o crescimento de óbitos por estas doenças entre os negros ficou em 4,8%. Os brancos registraram uma queda de -5,4% e os indígenas de -45,5%.

Curitiba passa de 10 mil infectados
A Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba confirmou ontem mais 14 óbitos de moradores da cidade infectados pelo novo coronavírus. Com isso, são 267 mortes causadas pela Covid-19 até agora. O boletim mostra ainda 591 novos casos de coronavírus em moradores da cidade. Com isso já são 10.440 casos confirmados desde o início da pandemia, em 11 de março.

Paraná — O Paraná acumula 43.095 casos confirmados da Covid-19 e 1.072 mortos em decorrência da doença. Ontem, a Secretaria de Estado da Saúde divulgou mais 1.040 diagnósticos positivos e 44 óbitos. Atualmente, 379 cidades paranaenses têm ao menos um caso confirmado pela Covid-19. Em 192 municípios há óbitos pela doença.

Brasil — Com 733 novas mortes por covid-19 registradas nas últimas 24 horas, o Brasil chegou ao total de 72.833 óbitos em função do novo coronavírus. O número de casos confirmados desde o início da pandemia chegou a 1.884.967. O sistema do Ministério da Saúde contabilizou 20.286 novos casos desde domingo.

Hospital exclusivo para Covid-19 inicia atendimento
Curitiba inaugurou o segundo hospital exclusivo para tratamento de Covid-19 e abriu 250 novos leitos para tratamento de pacientes do SUS na capital. O Instituto de Medicina, no Alto da XV, foi reformado e reativado numa parceria com a Santa Casa de Misericórdia. A nova estrutura hospitalar estará totalmente ativada amanhã. Serão 110 leitos, 50 UTI e 60 de enfermaria, dos quais 40 (20 UTI e 20 enfermarias) já funcionando e recebendo pacientes desde sexta-feira.

O primeiro hospital exclusivo para covid-19 em Curitiba é o Vitória, na CIC. Somados ao Instituto de Medicina e a outros leitos na rede hospitalar da capital, Curitiba passará a contar, até o fim de julho, com 782 leitos SUS exclusivos covid-19: 352 UTI e 430 enfermarias.
A cidade pode dispor de um total de 1.088 leitos de UTI (privado, SUS, covid e não covid), ativados conforme a necessidade.

Capital tem quatro hospitais com UTIs lotadas
Conforme dados divulgados ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), quatro dos 13 dos hospitais da Grande Curitiba com leitos de UTI para casos confirmados ou suspeitos de Covid pelo SUS estavam lotados. Localizados em Curitiba, o Hospital da Cruz Vermelha, o Hospital São Vicente Centro, o Hospital Evangélico e o Hospital do Idoso estão com todas as vagas de UTI ocupadas, ou seja, com 100% de ocupação. O Hospital Cruz Vermelha e o Hospítal do Idoso, inclusive, também não têm vagas na enfermaria também para paciente de coronavírus pelo SUS.

Segundo a secretaria municipal de Saúde de Curitiba, a taxa de ocupação das 303 UTIs do SUS exclusivas para covid-19 nesta segunda é de 91% – todos aqueles que deram entrada no internamento com sintomas suspeitos de síndromes respiratórias agudas graves vão para leitos exclusivos covid-19 e não apenas os com casos confirmados. Há 30 leitos livres.