Franklin de Freitas – Beto Richa

O Ministério Público Federal (MPF) pediu nesta sexta-feira (25) a transferência do ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB) para o Complexo Médico Penal, em Pinhais (região metropolitana de Curitiba) ou a Superintendência da Polícia Federal, no bairro Santa Cândida, em Curitiba. Richa foi preso nesta sexta-feira e encaminhado ao regimento de Polícia Montada, no bairro Tarumã. Segundo o MPF, a prisão de Richa nesse local não se justifica, já que o lugar não é uma carceragem, e poderia até colocar em risco a medida que levou o tucano preso.

Richa (PSDB) foi preso na manhã desta sexta-feira em sua casa, em Curitiba. Ele foi alvo de um mandado de prisão preventiva (sem prazo) determinada pelo juiz Paulo Sérgio Ribeiro, da 23ª Vara Federal de Curitiba. O pedido foi feito pelo MPF em um desdobramento da Operação Integração – uma fase da Operação Lava Jato que investigou irregularidade em concessões de rodovias no Paraná. O ex-governador é investigado pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.

De acordo com um advogados do ex-governador, Pedro Ribeiro Giamberardino, o ex-governador declara-se inocente das acusações. Além disso, a defesa diz que que a prisão é ilegal por se basear em fatos que já haviam sido rejeitados como fundamento para prisão, pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nesta sexta-feira, o MPF cancelou uma entrevista coletiva em que trataria do assunto – o cancelamento ocorreu como repercussão do acidente ambiental em Brumadinho (MG). Mais tarde, o Ministério Público emitiu uma nota em que considerava as alegações da defesa como infundadas. Segundo o MPF, os fatos que levaram a nova prisão do ex-governador são inéditos De acordo com o juiz federal Paulo Sergio Ribeiro, “o fato concreto apresentado pelo MPF é extremamente grave, evidenciando a tentativa de embaraçar a investigação, o que justifica a decretação da preventiva”.

De acordo com as investigações, Richa teria sido beneficiário de pelo menos R$ 2,7 milhões em propinas pagas em espécie pelas concessionárias de pedágio do Paraná e por outras empresas que mantinham interesses no governo. As provas colhidas pelo MPF indicam que Richa – governador do Paraná entre 2011 e 2018 – teria desenvolvido uma parceria ilícita com as concessionárias para beneficá-las em troca de dinheiro.

Beto Richa deixou o governo do Paraná em abril do ano passado e perdeu a eleição para o Senado – ficou em 6º lugar numa disputa por duas vagas. Ele já havia sido preso no ano passado, em meio à campanha eleitoral, numa investigação do Ministério Público estadual sobre supostos desvios em um programa do governo. Além disso, era alvo de outra operação, da Polícia Federal (PF), em uma etapa da Lava Jato. Fernanda Richa, Deonilson Roldo, ex-chefe de gabinete do ex-governador, e mais 12 investigados foram detidos suspeitos de envolvimento em um esquema de superfaturamento de contratos para manutenção de estradas rurais para o pagamento de propina para agentes públicos. Na época, ele foi solto graças a um habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).