Zig Koch

Representantes de dez municípios dos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo assinaram, em novembro de 2021, uma carta em que se comprometem a promover e incentivar ações e políticas públicas em favor da conservação e proteção da Mata Atlântica no Brasil.

O compromisso ocorre por meio da adesão dessas cidades à iniciativa da Grande Reserva Mata Atlântica, um contínuo de 2.2 milhões de hectares do bioma, que se concentra em territórios públicos e privados desses estados. Essa porção de vegetação é o maior remanescente contínuo do Brasil e do mundo de um ambiente que foi vítima de intensa supressão e destruição ao longo da história do país.

A criação da iniciativa da Grande Reserva busca envolver cidadãos e agentes públicos e privados na defesa e proteção desse território. Por meio da assinatura da carta, prefeituras e secretarias de estado se comprometem a buscar constantemente oportunidades para somar forças e compartilhar projetos exitosos que visem o fortalecimento de toda a região.

Assinaram a carta até o momento os municípios de Antonina, Morretes, Guaraqueçaba e Piraquara – no Paraná –, e Barra do Turvo, Piedade, Iporanga, Cananéia, Ilha Comprida e Peruíbe, em São Paulo. No total, 5o municípios brasileiros dos três estados estão sendo convidados a aderir ao termo.

Ricardo Borges, coordenador de comunicação e relacionamento da Grande Reserva Mata Atlântica pela SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), lembra que a adesão ao documento também formaliza o compromisso dos municípios participarem ativamente da chamada “Rede de Portais da Grande Reserva”. A Rede é composta por grupo que reúne cidades, pessoas, entidades e organizações que compartilham da disposição de encontrar estratégias e planejar ações focadas no desenvolvimento da qualidade de vida da população, com base na valorização do aproveitamento de atrativos naturais, culturais e históricos. “Acreditamos em uma visão de futuro compartilhada, por isso, a Grande Reserva Mata Atlântica tem feito o convite às prefeituras dos municípios que fazem parte deste extenso e importante remanescente do bioma a aderir oficialmente à iniciativa, de modo voluntário e sem custos”, diz.

Município modelo e perspectivas de mais adesões

Com o tempo, a expectativa é que a maior parte dos 50 municípios convidados façam a assinatura da carta. Por hora, merece destaque pela pró-atividade o município de Antonina, por exemplo, que, desde o início da iniciativa – lançada em 2018 – abraçou a proposta com intenso compromisso e responsabilidade. “Por meio dessa parceria, promovemos eventos, encontros e conversas para que a iniciativa pudesse se estender aos outros 50 municípios do país com qualidade, o que agora já vem acontecendo. Além de aderir à proposta em prol do desenvolvimento regional sustentável e da conservação da biodiversidade no território, representantes de Antonina sempre tiveram participação ativa nas discussões sobre o assunto”, valoriza Ricardo.

Zé Paulo, prefeito de Antonina, lembra que a cidade está no coração da Grande Reserva Mata Atlântica, o maior remanescente contínuo do bioma no planeta e com potencial de se sagrar, nacional e internacionalmente, como destino turístico pautado na conservação da natureza e na valorização cultural e histórica, totalmente alinhado às principais tendências mundiais pós-pandemia. “A possibilidade de obter recursos com a natureza conservada vai além da atividade turística. A estimativa de repasse governamental do ICMS Ecológico para Antonina para 2021 é de aproximadamente R$ 6 milhões, sendo as áreas públicas de três parques estaduais e uma área de proteção ambiental responsáveis por um terço desse montante. A maior parte, correspondente às áreas de quatro Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) presentes em nosso território”, destaca.

Morretes e Guaraqueçaba são outros territórios que vêm estreitando, cada dia mais, os vínculos com a Grande Reserva também. Júnior Brindarolli, prefeito de Morretes, lembra que a faixa contínua de Mata Atlântica que também passa pelo município é um ativo ambiental de valor incalculável. “Esse bem ambiental é a força motriz para o desenvolvimento sustentável. Todos podem ganhar com a floresta de pé, pois ela é um grande atrativo natural que gera emprego, renda e movimenta uma cadeia produtiva sustentável por meio do turismo de natureza, ecoturismo ou a produção de alimentos e produtos regionais. A adesão à iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica, atuando em rede de forma conjunta e coesa, garantindo a conservação deste amplo corredor ecológico, só fortalece e consolida Morretes como um destino de natureza e mostra nosso comprometimento com as boas práticas de gestão”, pontua.

Para Tatiana Perim, secretária de Turismo, Meio Ambiente, Cultura e Urbanismo De Morretes, “aderir à iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica é garantir que os municípios se desenvolvam a partir da conservação da biodiversidade, promovendo oportunidades de emprego e renda por meio da produção de natureza, gerando, com isso, riqueza com cadeia produtiva sustentável”.

Cassiano Ricardo Soares Lopes, secretário de Turismo de Guaraqueçaba, também aponta as vantagens da oportunidade. “Vemos como uma grande chance de unirmos dois diferenciais em nosso município: a conservação de nossas matas e o desenvolvimento do turismo em nossa região. Nosso município conta com belezas naturais ainda intocadas. Com a Grande Reserva nos ajudando a fomentar o turismo surgem novos empregos no município, o que contribui com a geração de renda e o bem estar da população”.

Antonina, Morretes e Guaraqueçaba ficam localizados no litoral paranaense onde, alinhadas com as bases do Programa Nacional de Regionalização do Turismo, as ações foram realizadas em parceria com a Agência de Desenvolvimento Cultural e do Turismo Sustentável (ADETUR) Litoral do Paraná.

Patrícia Assis, diretora-executiva da ADETUR, reforça que a adesão dos municípios à iniciativa da Grande Reserva é fundamental aos que enxergam o potencial do turismo sustentável para a construção de um novo posicionamento do destino Litoral. “Quando falamos em ‘gestão descentralizada do turismo’ estamos abordando, justamente, a busca por alternativas de desenvolvimento de acordo com as realidades específicas de cada município. Estar de acordo com um projeto de macro objetivos como este é, sem dúvidas, a melhor forma de atrelar desenvolvimento à busca pelo posicionamento de mercado enquanto polos turísticos de qualidade”, conclui.

Sobre a Grande Reserva Mata Atlântica
A iniciativa Grande Reserva Mata Atlântica abrange um contínuo de dois milhões entre os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Incorpora o conceito de “Produção de Natureza” como estratégia, na qual a manutenção de grandes áreas naturais bem conservadas e a presença de espécies emblemáticas, cultura regional e paisagens únicas, são os vetores para ações de desenvolvimento regional, com a geração de empregos e renda a partir de atividades de turismo de natureza aliado ao turismo cultural e histórico.