O Museu Casa Alfredo Andersen (MCAA) foi reativado recentemente após período de revitalização do espaço. A memória da obra e antiga morada e ateliê do artista agora contrasta com o contemporâneo. Além do acervo do museu, de outras instituições e de colecionadores, a nova expografia também abre espaço para artistas convidados que, assim como Andersen, investigam a paisagem em suas produções. A artista que dá boas-vindas ao programa da sala rotativa A Razão da Paisagem é Geórgia Kyriakakis.

Para Adolfo Montejo Navas, curador do programa, o  sutil  jogo  de equilíbrios presente no trabalho de Geórgia expressa uma instabilidade contemporânea de paisagem humana. “É  possível  hoje  em  dia  mapear  uma  razão da paisagem como investigação espiritual, perceptiva e cultural? A  cartografia  artística  de  Geórgia  Kyriakakis responde  que  sim  e  mexe  nessas  coordenadas flutuantes em que  a  própria  matéria-prima  da  imagem  faz  duvidar  de  sua  natureza  definitiva  e  cria  outras  relações  conosco”, explica o curador.

Há também outra característica em comum ao trabalho de Geórgia e de Andersen, que é a linha do horizonte. “É como se essa linha estivesse presente na maneira como eu também observo a paisagem. Esse olhar é sempre distante, mas não no sentido metafórico, e sim físico, como se a paisagem fosse vista de longe. Então esses dois olhares sobre a obra do Andersen são algo que eu vejo presente em nossos trabalhos”, explica Geórgia.

Além da mostra inaugural do MCAA, “Alfredo Andersen: in situ/em trânsito”, o programa A Razão da Paisagem compõe a nova proposta curatorial do museu. Para a sala rotativa localizada no segundo andar do museu, Geórgia apresenta dois trabalhos: Coordenadas (2011/2018) e Longe Daqui [Oeste] (2014). Trata-se de uma  instalação  com  mesas  suspensas  que  desnorteiam  seu  centro  de gravidade  e  um  conjunto  de  fotografias  que,  com  sinergia  visual,  demarcam  a  ação  do  vento  em  árvores.

Geórgia  Kyriakakis  é  professora  e  artista  formada  pela  Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), mestre e doutora pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.  Leciona  na  FAAP  desde  1997, onde atua também na  pós-graduação. Expõe desde os anos 90 em  importantes  instituições, tais como: Instituto Tomie Ohtake/SP; Museo Patio  Herreriano/Espanha; Stedelijk Museum/Holanda; Galerie Sycamore/Paris; De  Witte  van  de  Huid  Dame/Holanda;  MAC/Niterói;  MAM/SP,  Bienal  Internacional  de  São  Paulo.  Entre  os  prêmios,  estão:  Prêmio  Iguatemi/SPArte;  ProAC/SP;  Prêmio Funarte de Arte Contemporânea; Bolsa Vitae; O Artista  Pesquisador/MAC/Niterói, Prêmio  Brasília  de  Artes  Plásticas.  Participou  de  residências  no  European  Ceramic  Work  Centre/Holanda  e  Faxinal  das  Artes/Brasil.  Possui  obras  no  acervo  do  MAC/São  Paulo;  MAB/FAAP;  Museu  de  Arte  de  Ribeirão  Preto;  Museu  de  Arte  de  Brasília;  MAC/Niterói,  Museu  Nacional/Brasília,  entre  outros. 

“O projeto de revitalização do Museu Casa Alfredo Andersen é necessário porque Andersen é um artista importante e que merece seu reconhecimento. Também acho muito bacana o cuidado da curadoria em procurar estabelecer uma relação da produção do artista com a produção contemporânea. Então eu fico muito feliz de ser a primeira artista a participar desta sala rotativa e de estar junto na reinauguração do Museu, que foi revitalizado com tanto capricho e esmero”, diz a artista. A exposição de Geórgia Kyriakakis permanece no MCAA até 31 de março.

Com uma nova expografia, identidade visual e proposta curatorial, a remodelação do MCAA leva a assinatura da Ato1Lab, coordenado por Biba Bettega e Richard Romanini. O escritório convidou Rafaela Tasca e os curadores Adolfo Montejo Navas e Eliane Prolik para compor a equipe do projeto, que contou com recursos da Renault do Brasil por meio do programa Paraná Competitivo.

O Museu Casa Alfredo Andersen funciona com entrada gratuita de terça-feira a sexta-feira das 9h às 18h e sábados, domingos e feriados das 10h às  16h. A construção centenária, localizada na Rua Mateus Leme nº 336, foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Paraná em 1971, tornando-se uma instituição administrada pelo poder público estadual, vinculada à Coordenação do Sistema Estadual de Museus (COSEM) da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná (SEEC-PR).

 

Mais informações:

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