O presidente do conselho de ministros da Itália, Mario Draghi, afirmou nesta quinta-feira, 23, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) que o combate às mudanças climáticas necessita de cooperação internacional pragmática, e que leve em conta as realidades de cada país. Na presidência do G20 em 2021, o premiê indicou a expectativa por um acordo global contra uso de usinas de carvão e o avanço na diminuição dos subsídios para energias fósseis como metas a serem buscadas na esfera internacional.

“Estamos enfrentando problemas que não podemos resolver sozinhos”, afirmou o italiano, apontando ainda para a pandemia, as variantes do vírus, a recuperação econômica, e o terrorismo. “Sem ação rápida, vamos falhar em atingir metas para clima”, indicou o premiê, lembrando ainda que a Itália copreside a COP26, que será realizada em Glasgow. Draghi indicou que o número de mortes pelos efeitos das mudanças climáticas tende a aumentar, e que “mitigação, adaptação e financiamento” são necessários.

“Precisamos adaptar nossa infraestrutura para os choques climáticos”, afirmou Draghi, defendendo as metas de redução nas emissões de carbono da União Europeia para as próximas décadas, e lembrando a importância que o plano de recuperação do bloco aponta para a transição ecológica. O premiê lembrou que o clima extremo, aliado a problemas nas cadeias de fornecimento, levaram recentemente os preços de alimentos a aumentarem. “Vamos ajudar no desenvolvimento de segurança alimentar, especialmente na África”, afirmou o italiano, que anunciou uma série de medidas de cooperação no tema, e indicou o quanto a falta de alimentos está relacionada muitas das vezes com os fluxos migratórios.

Sobre a pandemia, o italiano afirmou que as desigualdades na vacinação entre países são “moralmente inaceitáveis”, e que com o vírus circulando, a possibilidade de variantes coloca todas as campanhas em risco. Neste sentido, Draghi defendeu a iniciativa Covax, e anunciou que a Itália irá triplicar o número de doses doadas de vacinas em 2021, passando de 15 milhões para 45 milhões. Além disso, reafirmou que é necessário deixar os materiais para a produção de imunizantes circularem pelo mundo.

Draghi fez uma série de defesas da ONU e dos valores do organismo, e afirmou que apoia uma reforma do Conselho Segurança, para que haja uma “melhor representação regional”, adicionando mais membros, e “sendo mais democrático”.