Voltamos ontem das férias em Recife. As meninas costumam passar janeiros e julhos com a avó e os primos desde muito pequenininhas. E como se pode imaginar, as despedidas tendem a ficar cada vez mais doídas. Ontem, especialmente, vi no rostinho de meu sobrinho mais novo um esforço danado para conter o choro quando fechamos a porta do apartamento.

A caminho do aeroporto, durante o voo, e quando estávamos já de volta, aqui em São Paulo, lembrei da expressão do menino de 12 anos que sofria com o fim do período de convivência. E cada vez que pensava, dizia em silêncio, como se ele pudesse ouvir de longe, não chore não, Benjamim.

Hoje, quando acordei, me peguei com essa frase. Por que não chorar? Ele sente saudades. Saudade é sinal de vida bem vivida, de um gostar que nos acompanha mesmo na distância, de um querer mais do tempo. É, portanto, boa notícia.

Quando a gente aconselha um filho, um amigo, alguém que sofre ao nosso lado que não chore, estamos mesmo tentando impedir o sofrimento de quem está a nossa frente? Ou é a nós que teimamos proteger? Chore Benjamin, pode chorar. Choramos também daqui. Que bom que temos uns aos outros para acolher inclusive as lágrimas. Boa semana queridos.

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